Os observatórios solares STEREO-A e STEREO-B orbitam o Sol sensivelmente à mesma distância da Terra. No entanto, estão posicionados um mais à frente e outro mais atrás na órbita por forma a, juntamente com os observatórios terrestres, conseguirem monitorizar todos os hemisférios solares. Acontece que o STEREO-B está posicionado de tal forma que no campo de visão de uma das suas câmaras se pode observar Mercúrio, a Terra e, desde o dia 9 de Março, o cometa Pan-STARRS.
(A posição da Terra, dos observatórios STEREO-A e -B e do cometa Pan-STARRS. As setas mostram o campo de visão da câmara da STEREO-B que observa o cometa Pan-STARRS. Crédito: NASA)
O vídeo no final deste artigo mostra o cometa a percorrer o campo de visão da câmara HI1 da STEREO-B, entre os dias 9 e 15 de Março. A actividade frenética do lado esquerdo da imagem é devida a actividade na coroa solar. Na realidade, a partir do dia 12 é possível ver a evolução de uma tempestade solar – um fluxo anormalmente intenso de vento solar (partículas energéticas carregadas electricamente, e.g., electrões, protões, partículas alfa, emitidas pelo Sol). Os planetas Mercúrio e Terra são também visíveis na imagem. Mercúrio desaparece da imagem no início do dia 13.
(Mercúrio, Terra e Pan-STARRS numa ‘frame’ do vídeo)
A cauda de poeiras é constituída por partículas de poeira emitidas pelo núcleo, que se encontra submetido à radiação solar e ao vento solar, e que passam a orbitar o Sol. Por esse motivo, e por questões relacionadas também com a geometria orbital do cometa e a linha de visão do observador, esta cauda é frequentemente curva. As bandas visíveis na cauda de poeiras do cometa são designadas de “síncronas”. Uma síncrona é uma região de maior densidade na cauda de poeiras povoada por partículas libertadas pelo núcleo num mesmo instante, por exemplo, quando um pedaço maior da superfície do cometa se liberta e desagrega lentamente no espaço. Este tipo bandas é normalmente visível apenas em cometas com núcleos activos e ricos em poeira como é o caso do Pan-STARRS. A cauda de gás do cometa aparece bem mais pequena na imagem. Esta cauda é formada por moléculas de gases libertados pelo cometa e ionizados pelo vento solar. Por este motivo a cauda de gás aponta sempre na direcção contrária à do Sol. As linhas verticais e a região negra na cauda do cometa são artefactos. Mas vejam o vídeo, é espectacular.
1 comentário
muito maneiro, muito mesmo 😀