Fóssil tem a marca de uma supernova
Restos da supernova Cassiopeia A, que tem somente 300 anos. Crédito: NASA/JPL-Caltech/STScI/CXC/SAO
Foram recolhidos sedimentos do fundo do Oceano Pacífico. Esses sedimentos podem conter ferro radioactivo (isótopo ferro-60) que foi para aqui trazido pela explosão de uma supernova há 2,2 milhões de anos.
Esse ferro radioactivo poderá estar preservado em fósseis, nomeadamente em fósseis de bactérias que utilizam ferro para se orientarem no campo magnético terrestre – bactérias “magnetotacteis”. Numa primeira amostra, o sinal do ferro-60 foi encontrado. Esse sinal será o que resta das cadeias de magnetite (Fe3O4) formadas pelas bactérias no solo do oceano enquanto detritos radioactivos da supernova atravessavam os céus e choviam sobre nós.
Se isto se confirmar na segunda amostra, então os vestígios de ferro serão a primeira assinatura biológica de uma específica explosão estelar.
Leiam na Nature.
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Carlos Oliveira
Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.
Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica.
Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.
Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).
Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.
Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
3 comentários
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Porque é o Ferro-60 radioactivo?
Essencialmente porque esta forma (ou isótopo) de Ferro tem 60 nucleões, logo 30 electrões.
Esta configuração atómica faz com que o núcleo afaste, pela força nuclear (no núcleo tb se chama força forte, dependendo das distâncias a que se manifesta) os electrões para orbitais mais afastadas, tornando-os muito mais susceptíveis de interagirem com outros electrões,
A bitola é o núcleo ter um raio maior (ser mais largo) do que 2,5 diâmetros dum nucleão. É a esta distância que a força electromagnética (repulsiva) começa a dominar.
Diz-se então ser radioactivo pelo decaimento beta – (Beta minus) o que faz emitir um electrão (e um bosão W. virtual, que vai decair também num electrão e num anti-neutrino). E decai assim para Cobalto-60.
Pensava-se, até 2009, que o Fe-60 tinha uma meia vida de 1,5 milhões de anos, mas sabe-se hoje que tem uma meia-vida de 2,6 milhões de anos.
Fascinante Fe-60, é a arqueologia do nosso Sistema Solar. 🙂
Fonte: http://www.nndc.bnl.gov/chart/reCenter.jsp?z=26&n=34
Excelente explicação, Manel. 😀
Há um pequeno lapso, em vez de bosão w. é bosão W- (menos).
Pois é, à a Física até ao Ferro, a Física do Ferro e Física depois do Ferro, o Ferro é um elemento chave da Tabela Periódica,!
Abraço Sérgio, 🙂
[…] SGR 0526-66. GK Persei. Anel. SBW1. Puppis. T Pyxidis. Kathryn Aurora Gray e Nathan Gray. Kilonova. Fósseis com ferro radioactivo. Meteoritos com grãos de […]
[…] No post do Carlos Oliveira sobre o remanescente de supernova Cassiopeia A já foi anunciada a descoberta de Fe-60 (uma forma radioactiva de Ferro) no fundo dos oceanos originada nesse espantoso remanescente de Supernova. […]