No passado dia 24 de Abril o telescópio de raios X (XRT) do observatório espacial SWIFT detectou uma forte erupção desse tipo de radiação proveniente da região central da Via Láctea. Uma análise preliminar apontava para que a fonte da erupção pudesse coincidir com o objecto Sagittarius A*, o buraco negro central da nossa galáxia. Observações subsequentes do espectro da fonte de raios X demonstraram que esta tinha características mais próximas de um Soft Gamma-Ray Repeater (SGR), um objecto astronómico que ocasionalmente emite grandes quantidades de raios gama e X com uma distribuição energética muito característica. Crê-se que a maioria, senão a totalidade, dos SGR são “magnetars” – estrelas de neutrões com campos magnéticos anormalmente energéticos, e.g., mil vezes mas intensos do que numa estrela de neutrões normal e mil milhões de milhões de vezes mais intenso do que o campo magnético terrestre. De facto, no dia 27 de Abril, o telescópio espacial NuSTAR identificou a fonte como um novo pulsar de raios-X na proximidade do centro galáctico, com uma periodicidade de 3.76 segundos. A confirmação desta descoberta veio no dia 30 de Abril com observações independentes realizadas com o telescópio Chandra. As observações continuam em vários comprimentos de onda, desde as ondas de rádio até aos raios X e gama, numa tentativa de melhor caracterizar este novo “magnetar”.
Nas “magnetars” o campo magnético intenso está ancorado junto à crosta da estrela de neutrões e provoca a acumulação de tensão na crosta. Eventualmente a crosta cede à tensão e dissipa a energia acumulada através do equivalente a “tremores de terra”. Nestes eventos a crosta ajusta a sua forma quase instantaneamente para uma esfera quase perfeita sob a acção do campo gravitacional intenso. O campo magnético é também obrigado a reajustar-se e passar a um estado menos energético. A energia libertada neste ajuste é colossal dando origem à intensa erupção de raios gama e X que observamos. Com o tempo os “magnetars” perdem os seus campos magnéticos intensos e tornam-se em estrelas de neutrões normais.
Podem seguir os desenvolvimentos desta descoberta aqui e ler mais sobre os “magnetars” aqui.
1 comentário
Poxa vida, a pouco estávamos conversando sobre oq poderia acontecer se um Buraco Negro já grande tivesse um acréscimo muito grande de massa.
Este novo Magnestar deve uma hora ou outra acabar caíndo no SatitáriosA.
Se alguém poder me dizer qual seria a previsão disto acontecer, estou interessado nesta informação.