Uma empresa holandesa, a Mars One, pretende enviar algumas pessoas para uma viagem incrível. Não me refiro ao “melhor emprego do mundo” mas sim a uma viagem de milhões de Kms até ao planeta vermelho.
Há já uma série de plataformas de envio de seres humanos ao espaço. Temos as viagens turísticas até à orbita lunar, pela Space Adventures, pela Virgin Galactic e outras, o passatempo AXE Apollo para levar um humano ao espaço e, agora, uma empresa que pretende ir mais longe do que a NASA e enviar um grupo para Marte.
A missão atraiu quase 80 mil candidatos em apenas 2 semanas. Em Marte a vida não será fácil, a temperatura média é de -50ºC. Outro perigo são os cuidados médicos que escasseiam.
O grupo que vai para Marte terá que estabelecer no planeta uma base com instalação de painéis solares. Terá, ainda, que reciclar ao máximo. “A produção de oxigênio e água começará assim que os astronautas [“amartarem”], pois os recursos armazenados não durarão muito tempo. Os astronautas trabalharão na extração de água do solo e poderão produzir oxigênio separando a água em hidrogênio e oxigênio (…) e (…) uma estufa portátil será utilizada para o cultivo de alimentos.”.
Com a chegada de quatro pessoas a cada dois anos, “os colonizadores de Marte terão de descobrir como produzir suprimentos por si mesmos”, terão, também, de construir uma máquina que produza plástico.
Trabalho não vai faltar. Eles terão de construir uma base confortável, cultivar, cozinhar e reciclar. As construções terão de ser feitas recorrendo a material marciano. Terão de “identificar os períodos húmidos e secos, bem como coletar dados para enviá-los a pesquisadores na Terra.”.
“Os astronautas terão tempo de lazer e pessoal. Durante este tempo, eles podem fazer atividades internas que lhes são comuns na Terra, como leitura, jogos e usar a internet. A missão planeia ter internet disponível, mas haverá desfasamento temporal, então, eles precisarão solicitar filmes e noticiários que queiram assistir com antecedência.”
“Acesso à internet [não será fácil]. Outros websites demorarão entre 6 e 45 minutos para aparecerem na tela – primeiro, 3-22 minutos para seu clique chegar à Terra e outros 3-22 minutos para os dados do website chegarem à Marte. Entrar em contato com amigos em casa é possível por meio de mensagens de vídeo, voz ou texto (e-mail, WhatsApp, SMS), mas o diálogo em tempo real não é possível, por causa do lapso temporal.” (Epochtimes)
Factos:
—Os astronautas terão 15 dias de água armazenada (que será reciclada); mas a água reciclada será suficiente para 150 dias se o uso for limitado.
—Máquinas de exercícios serão escolhidas após cerca de uma década de testes para verificarem que máquinas ajudarão a necessidade dos astronautas para movimento intenso no espaço e para prevenir a deterioração física por causa da gravidade zero.
—Os astronautas decidirão como organizar-se e se certificar que decisões sejam tomadas.
—Mars One incentiva a liberdade religiosa.
—Os primeiros colonos não deverão ter filhos no planeta, mas no futuro, haverá necessidade de crianças.
O grupo seleccionado terá 7 anos de testes. Haverá, e não é de espantar, um reality show para que sejam angariados fundos para a missão. Não me vou pronunciar quanto a isto, por enquanto. Até que ponto a ciência pode usar o que menos se aprecia para tirar proveito?
13 comentários
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O modo como isto se está a processar assusta-me bastante. A ideia de uma empresa de um sistema capitalista estar a “brincar” com o destino das pessoas, enviando-as para um planeta distante de onde poderão nunca voltar, caso desejem, não pode ser levada a cabo de ânimo leve.
Já pensei várias vezes (e desejo que aconteça) como se procederia a colonização do planeta vermelho, mas a forma como esta está a ser feita, sem qualquer preocupação com a qualidade e expectativa de vida dos colonos, pode e deve ser criticada.
Só gostaria de saber qual a percentagem de pessoas, por nacionalidade, que seria para lá enviada. Seria uma experiência interessante ver como seria governada uma colónia marciana (auto-governada, com eleições ou regime autoritário, governada por um governo terrestre ou por uma organização mundial como a ONU, ou será governada pela empresa que os enviou para lá). Qualquer que seja a forma, pois não me parece que uma sociedade anárquica funcione com esta comunidade que precisa de ordem para a sua sobrevivência, será interessante e poderá refletir a forma de governo dominante num único governo terrestre.
Outro aspeto, também de grande interesse, será a diversidade (de certa forma ligada à nacionalidade) étnica, religiosa, linguística e cultural da colónia. Para o seu sucesso, estas percentagens têm de ser equilibradas e os colonos não poderão ser atacados por sentimentos racistas, por sentimentos de discriminação religiosa (como serão os espaços adequados para a prática religiosa tão diferentes de religião para religião?) e deverão falar uma língua na qual todos sejam fluentes (que muito provavelmente será o inglês), pois qualquer falha na expressão na língua comunitária, poderá levar à marginalidade.
Continuo expectante para saber como estes aspetos, entre outros, serão ultrapassados, mas continuo um pouco cético quanto organização da missão.
Tem sido sempre assim nos grandes saltos da Humanidade 😉
Se pensar no Gagarin ou nos primeiros astronautas, e mesmo nos actuais… eles estão sentados em quilos e quilos de TNT que são explodidos (não é assim, mas é só uma imagem mental)… e os primeiros foram para o espaço com o equivalente computacional a uma disquete…
Se formos mais atrás, à época dos Descobrimentos, eles eram enviados para o alto mar…praticamente sem nada. E muitos morreram (as centenas de barcos que não ficaram na História).
Se formos ainda mais para trás na História vemos algo similar… 😉
Missões “suicida” são os grandes riscos que quando dão certo pagam grandes dividendos 😉
abraços
Muito interessante, mas pelo oq eu saiba, a MArs-One é Holandesa…
Leia com atenção logo ao principio do artigo. O que è que diz? Holandesa!!
Fui eu que corrigi Rita 🙂
abraços! 🙂
Que modo grosseiro com um leitor diario do blog… o texto foi corrigido… a principio estava errada a informação…
Calma, a Rita não sabia que a informação tinha sido corrigida 😉
Marte não tem gravidade zero, é 4 m/s se não me engano.
Onde diz que não tem?
Tudo que tem massa tem gravidade. Até o Ricardo 😉
Penso que a gravidade zero que se está a referir é à do espaço, enquanto os colonos estiverem em viagem. Lá, não sentirão os efeitos da gravidade planetária, mas uma vez em Marte, já sentirão. Não tão forte como na Terra, nem tão fraca como na lua.
Norte-americana? Pensei que a Mars One fosse holandesa.
Se ler com atenção è o que está escrito – Holandesa – logo ao principio 🙂
Fui eu que corrigi 🙂
abraços! 🙂