Esta semana fiquei de boca aberta a olhar para uma revista. Espantem-se, não era uma revista masculina e não foi por um grande feito noutra publicação. De facto deveria ter ficado assim, espantado, há um ano pois a publicação é de Abril de 2012. Ao folhear a revista científica deparo-me com um título que me parecia prometer algum riso mas deu-me para sorrir sarcasticamente e pensar neste post.
O texto tem algumas coisas interessantes, de tal forma que irei tecer algumas considerações sobre alguns excertos:
A coluna chama-me a atenção logo de início com uma novidade estrondosa. A autora salienta que pouca gente conhece a utilização da homeopatia em animais, plantas, solos e águas. Aqui comecei a ficar espantado com a qualidade da medicina natural curar calhaus e água. Talvez a água milagrosa que serve para curar pessoas precise, primeiro, de ser ela mesma curada por homeopatia de homeo-patógenos. Eu iria mais longe e criava a micro-homeopatia para curar os microorganismos que seriam usados na cura da água para curar uma pessoa. E a memória dos medicamentos que ficam na água seriam passados também do pulgão para o solo, do solo para a água e da água para nós, numa espécie de homeo-internet de informação molecular yotta-diluida.
Fico mais descansado quando, umas linhas abaixo leio que uma das técnicas da “homeopatetice” “diz respeito ao efeito placebo que não contém nenhum traço da matéria-prima utilizada na sua confecção”. Ufa, uma verdade! De seguida mais um avanço: esclarece que “a homeopatia não se relaciona com a química” …. mas “com a física quântica, pois trabalha com energia, não com elementos quânticos que podem ser quantificados”. Ora daqui podemos concluir – atenção físicos – que há uma coisa chamada química, que é um mistério e que há a física que estuda elementos quantificáveis. E é a física quântica que promove a homeopatia. Ainda tenho esperança de, um dia, poder tomar um frasco de extrato de bosão para a ciática.
No parágrafo seguinte a autora refere que “não é preciso ser especialista em saúde […] para perceber que o método convencional [de produtos de controlo de pragas] gera desequilíbrio” e que “os patógenos vão adquirindo resistência aos agrotóxicos”. Tudo isto gera uma sequência dramática em que “o solo fica mais pobre e diminui a sua produção [e] os trabalhadores ficam gravemente doentes com o manuseio desses produtos […] as águas são contaminadas, os seres que dependem dos produtos da terra recebem [o] veneno”. Eu acho que não é preciso ser especialista em saúde. É preciso, sim, não ser especialista em nada para ver o que é mencionado neste parágrafo. Podemos constatar que há muitos agricultores, com longas vidas a tratar de terrenos, gravemente doentes.
A terminar está a causa da técnica de cura de tudo o que mexe e que não mexe resultar: A homeopatia “como técnica sustentável, economicamente viável e ecologicamente correcta, torna-se imprescindível ao equilíbrio do planeta e à saúde[…]”. Vender uma colher de farinha por um extrato caro é economicamente viàvel. É um homeoal que não faz bem nem faz mal. Quanto ao equilíbrio, espero que uma técnica tão viável para a ecologia não equilibre tanto o meio ambiente nem o nosso organismo. Não acharia piada a um ano sem muito calor para além da chatice que é ter todos os gradientes do nosso organismo equilibradinhos. Além disso não concordo que seja viável para cada um de nós como indivíduo um tratamento que equilibre. Já vimos o que custa a cada um equilibrar as contas de um Estado. Estou farto de medicamentos homeopatéticos que prometem equilibrar organismo, calhaus, águas, orçamentos e que são viáveis, mas que são caros.
Para terminar deixo o link do artigo: Aqui
3 comentários
O que eu me ri com o teu texto! Sim, porque só mesmo rindo para não chorar… seguindo o link, e lendo os comments, fica no ar a hipótese de estarmos perante uma partida de primeiro de Abril. Não que não haja gente que acredite pia e cegamente na homeopatia. Não me choca que alguém toma um copinho de água ou uma colher de farinha esperando que lhe passe uma dor de garganta (entrando o tal efeito placebo em cena). Até ai é inofensivo. O problema é quando tudo isto se começa a misturar com doenças a sério! Felizmente começam a aparecer blogues/sites como o vosso que contribuem para informar tanto desinformado… queiram eles!
Quanta significa quantidade mínima de energia medida, exigida para se verificar trabalho. Tanto a Física de Partículas como a a mecânica quântica negam logo desde a definição básica de quanta desta vigarice da homeopatia.
Parabéns pela postagem, mais pessoas precisam ter contato discussões acerca destes assuntos para que não se iludam com falsas “curas”.