O Futuro das Estrelas: As Quatro Fases Passadas das Nossas Mães

2009-09-14-planet-red-dwarf

No zoológico cosmológico aparecem, durante o tempo que ele dura, novos elementos e novos eventos. O auge da formação estelar já passou. O mais interessante é que, com a decadência da geração estrelar podemos ver um aumento das condições cósmicas favoráveis à vida.

As estrelas formam-se a partir de nuvens de gás interestelares, vivem e explodem – dependendo do tipo de estrela. Essas explosões libertam novo material, já transformado no núcleo dessa estrela, para a próxima geração. Contudo, “a matéria-prima para novas estrelas está a ser consumida”, “o material novo não pode repor todo o gás que as estrelas perderam”, tanto é que o gás na Via Lactea é 1/10 da massa estrelar o que promove uma formação estrelar menor – uma razão de 1 massa solar/ano enquanto que no auge era de 10 ms/ano – e diminuirá mais, disso ninguém tem dúvidas.

Daqui a poucos milhares de milhões de anos vamos verificar um aumento abrupto da taxa de formação estrelar, já que nos vamos fundir com a nossa companheira Andrómeda, mas será um aumento temporário.

Não é por acaso que lemos e ouvimos que somos produto das estrelas. O evento do Big Bang produziu hidrogénio, hélio e lítio. O resto dos elementos mais pesados foram produzidos pelas estrelas.

Muito para trás no tempo ocorreram quatro fases importantes – mas só vou explanar as primeiras 3 – na origem das condições favoráveis à vida.

1 – Fase Cósmica

Antes do primeiro segundo o universo é um plasma quente, muito quente. É um puré escaldante formado por protões, electrões, fotões, neutrões e neutrinos. A temperatura cai 10 mil milhões de graus após um segundo e, aqui, já é possível a formação de núcleos leves como o deutério, hélio-3 e lítio-7.

2 – Fase Estelar

Nesta fase, após um hiato de tempo de algumas ocorrências, a gravidade começa a actuar e a formar conjuntos de partículas. Com cada vez mais partículas juntas o calor dos conjuntos aumenta. As condensações de massa vão aquecer e brilhar, temos estrelas. Esta primeira geração estelar é composta por estrelas com pouca diferenciação de partículas. Esta primeira geração transforma hidrogénio e hélio.

Quando o hidrogénio falta a estrela contrai. O seu coração está a 100 milhões de graus e o hélio que ele contém começa a produzir carbono ao juntar hélios em tripletos. A estrela incha e torna-se vermelha. Agora os núcleos de hélio e carbono unem-se e formam oxigénio.

Quando o hélio esgota a temperatura da estrela aumenta mais uma vez, para os mil milhões de graus e é nesta fase que o carbono, agora o combustível da estrela, e o calor promovem a formação de néon, sódio, magnésio, alumínio, silício, fósforo e enxofre.

Um evento crucial para a vida, por estranho que pareça, é o momento da explosão da estrela. Nenhuma molécula se pode unir no interior de uma estrela. É no frio do espaço que se vão unir. Um núcleo de carbono liga-se a quatro protões: catálise. A catálise permite acelerar uma reacção entre duas outras partículas: A evolução nuclear auto-acelera-se. Este efeito catalisador forma azoto, que aparece como subproduto da fusão catalisada do hidrogénio em hélio. A catálise é a primeira forma de reprodução, reprodução no sentido em que o sistema gerado é idêntico ao primeiro.

3 – Fase Interestelar

O espaço interestelar atinge as dezenas de graus absolutos. O hidrogénio vai dar novas moléculas: água, amoníaco, metano e outros hidrocarbonetos. Partículas formadas por electrões, protões e núcleos complexos atingem os planetas recém formados: são raios cósmicos. Estes raios têm energias superiores ao necessário para quebrar as ligações nucleares. Núcleos interestelares quebram-se em núcleos mais pequenos formando novos átomos: lítio, berílio e boro, que não são formados nas estrelas por serem frágeis ao calor.

4 – Fase Planetária

Eu disse que só explanava as primeiras 3… a 4ª ficará para outro post futuro….

Continuando,

“Gerações futuras de estrelas serão ainda mais enriquecidas e isso irá alterar o seu funcionamento interno e aparência externa“.

Fontes:

SCIAM Abril 2012

Um Pouco Mais de Azul – Hubert Reeves

 

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