No seguimento deste post, e de uma discussão bastante inteligente e conhecedora com uma das nossas leitoras no Facebook sobre as teorias científicas, lembrei-me de escrever um pouco mais sobre um dos aspectos da literacia científica.
Devemos pensar por nós próprios.
E devemos questionar tudo e todos.
Este é o pensamento científico, que é contrário à falácia da autoridade.
É por isso que quem mais questiona o status quo, e quem mais inova fazendo progredir o mundo, são os cientistas.
Não se deve simplesmente acreditar nas coisas nem se deve confundir desejos pessoais com factos comprovados.
Mais uma vez, estas são características do pensamento científico: na medida do possível deve-se ser o mais objectivo possível, independentemente de quem são as pessoas (incluindo, se formos nós).
Há pelo menos dois aspectos importantes em questionar, de modo a podermos avaliar convenientemente as informações:
Um deles é que temos que ter conhecimento de causa daquilo que estamos a questionar/avaliar.
Questionar não pode nem deve ser “no ar”. A pessoa tem que ter bastante conhecimento do assunto.
Se a pessoa não tem conhecimento do assunto, então o questionamento é fútil, é só para fazer de troll, porque obviamente a pessoa não tem qualquer interesse em aprender nada.
Por exemplo, eu não tenho habilitações para questionar artigos de investigação médica. Porquê? Porque não sou médico nem percebo de medicina. Por isso, o pensamento crítico diz-me que devo confiar nos especialistas – naqueles que realmente sabem do que estão a falar.
No entanto, e apesar de não ser cosmólogo, tenho formação profissional para conseguir, por exemplo, questionar a ideia do Multiverso. E adoro discutir este assunto em conferências científicas. Mas mesmo assim, como não sou cosmólogo, então o meu questionamento, mesmo assim, está abaixo das explicações dos especialistas.
Um outro aspecto bastante importante neste assunto dos questionamentos é a auto-reflexão.
A pessoa que devemos questionar mais e que simultaneamente é mais difícil de questionar, é a nós próprios.
Devemos questionar em primeiro lugar e mais do que tudo, as nossas ideias, as nossas opiniões, o nosso conhecimento, as nossas crenças, os nossos desejos, os nossos pensamentos, as nossas atitudes, etc.
Só assim poderemos evoluir: compreendermos melhor a nós próprios, aos outros, e às situações/assuntos em geral.
Na verdade, o que se diz mesmo é que é a auto-reflexão a responsável pelas grandes mudanças.
Só desta forma nos poderemos aproximar da verdade objectiva.
E só assim teremos condições para não sermos enganados pelos outros ou por nós próprios.
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[…] Modo de Pensar. Ciência é a melhor ferramenta. Compreender e não iludir. Confiar na Ciência. Questione. Como pensar. Poder. Partilhas (parvoíces). Quero Saber. Imaginação (vida interessante). […]