(Representação artística do exoplaneta HD189733b. Crédito: NASA, ESA, M. Kornmesser)
Uma equipa de astrónomos utilizou o Telescópio Espacial Hubble para determinar a cor do Júpiter Quente HD189733b, um dos exoplanetas mais estudados. A conclusão a que chegaram é de que, visto do espaço, o planeta teria uma cor semelhante a azul cobalto, de facto, uma cor semelhante à da Terra. Este planeta azul cobalto, no entanto, é muito diferente da Terra, orbitando uma anã de tipo espectral K em pouco mais de 2 dias, o topo da sua atmosfera atinge temperaturas superiores a 1000 Celsius, as nuvens são formadas por silicatos e chovem partículas de vidro ao sabor de ventos globais de mais de 7 mil km/h. A estrela hospedeira, HD189733, está apenas a 63 anos-luz da Terra e é facilmente visível apenas com binóculos ou um pequeno telescópio junto à Nebulosa do Altere, M27, na constelação da Raposinha (Vulpecula).
(HD189733 é a estrela central nesta imagem. Crédito: NASA, ESA, and the Digitized Sky Survey 2. Acknowledgment: Davide De Martin (ESA/Hubble))
Nas palavras de um dos co-autores do artigo, Frédéric Pont (Universidade de Exeter): “este planeta tem vindo a ser estudado intensamente por nós e por outras equipas […] no entanto, medir a sua cor é uma estreia absoluta, podemos agora imaginar o aspecto geral do planeta quando observado directamente a partir do espaço.”. Para conseguir esta façanha, os astrónomos observaram a luz reflectida pelo planeta, uma quantidade designada de albedo, com o Space Telescope Imaging Spectrograph (STIS). Este instrumento permitiu não só medir a totalidade da luz reflectida mas também a sua distribuição espectral. Esta medição foi realizada durante os eclipses secundários do sistema, i.e., quando o exoplaneta, visto da Terra, passa por detrás da estrela hospedeira.
Imediatamente antes e após o eclipse secundário o planeta apresenta a sua face diurna quase totalmente virada para a Terra permitindo a medição do albedo. No entanto, dada a proximidade da estrela hospedeira, a luz observada pelo Hubble nestes momentos é uma mistura da reflectida pelo planeta e, em muito maior quantidade, a luz emitida pela própria estrela. Para isolar apenas a componente relativa ao exoplaneta os astrónomos observaram de novo o sistema durante o eclipse secundário, capturando assim apenas a luz da estrela hospedeira. Subtraindo os espectros obtidos antes/após o eclipse (planeta + estrela) ao espectro obtido durante o eclipse (estrela) conseguiram obter um espectro do planeta.
Tom Evans (Universidade de Oxford), primeiro autor do artigo, diz-nos: “quando o planeta passou por detrás da estrela a luz total do sistema diminuiu em especial na região azul do espectro […] a partir desta observação é possível concluir que o planeta é azul, porque o sinal manteve-se praticamente constante nas outras cores.”. A cor azul do planeta é provavelmente devida à sua atmosfera nebulosa e turbulenta, onde as partículas de silicatos deverão ser abundantes. Estas partículas, tal como os átomos e moléculas na atmosfera terrestre, dispersam eficientemente a luz azul. A dispersão de luz azul por parte deste planeta já tinha sido detectada previamente. As observações agora realizadas pelo Hubble vêm confirmar estes resultados de forma robusta.
O artigo científico vai ser publicado oficialmente na revista Astrophysical Journal Letters mas podem ver a notícia aqui.
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Gente obrigado
Planeta Azul + alta temperatura + ventos fortíssimos + nuvens de pedra + chuva de vidro = combinação fantástica 😀
http://www.astropt.org/2013/06/05/clima-nos-jupiteres-quentes/
Um ambiente a que um faquir de 1ª linha consegue resistir; quando há pessoas que comem vidro de lâmpadas incandescentes…
[…] KOI 812.03 e KOI 854.01. Alfa do Centauro A, Alfa Centauri B (aqui, aqui e aqui). Quinteto. PH1. HD 189733b. HD 132563. HD 85512b, HD 10180, HD 40307g (aqui), Kepler-10b, Kepler-11, Kepler-16b (Tatooine), […]
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