Nocebo

Placebo é quando tomamos ou fazemos algo completamente inerte, e no entanto ficamos melhor porque acreditamos que aquilo nos ia fazer bem. A nossa melhoria não é devido ao produto ou à nossa acção, mas sim à nossa crença que o produto/acção têm valor. Há diversos efeitos psicológicos que podem ser melhorados através de simples placebo, como por exemplo a redução da ansiedade. Ou seja, o efeito do placebo é real e benéfico para a pessoa.

Grande parte dos estudos referentes aos chamados tratamentos alternativos funciona com base no placebo. O produto em si não vale nada, o tratamento nada faz, mas como a pessoa acredita que aquilo fará bem, então a própria pessoa pensa que realmente se sente melhor devido a esse tratamento.

O Nocebo funciona da mesma forma, mas em sentido inverso.
Nocebo é quando tomamos ou fazemos algo completamente inerte, e no entanto ficamos pior porque acreditamos que aquilo nos ia fazer mal. Ficamos piores não devido ao produto ou à nossa acção, mas sim à nossa crença que o produto/acção têm valor. Ou seja, o efeito do nocebo é real e prejudicial para a pessoa.

nocebo

No Reino Unido, por exemplo, fizeram esta experiência: recrutaram voluntários para um estudo, e dividiram-os em dois grupos. Um grupo viu um documentário alarmista sobre os perigos das radiações wireless. O outro grupo viu um programa sobre a segurança das radiações dos telemóveis, que não fazem mal nenhum. Depois, cada voluntário foi colocado numa sala, onde seguravam uma antena que foi dito que amplificava as comunicações sem fios. Não havia qualquer wireless na sala, mas foi-lhes dito que sim, para ver como eles reagiam. O grupo de voluntários que viu o documentário alarmista sobre os malefícios do wireless, passou a sofrer de dores de cabeça, mal-estar corporal, “picadas” nas mãos e pés, dores de barriga, depressão, etc. Dois dos voluntários sentiram-se tão mal que tiveram que parar a experiência a meio.
Esta investigação foi uma das evidências do Nocebo.

Na Nova Zelândia, foi mudado o tamanho, cor, embalagem, e marca de um medicamento, mas não o seu princípio activo. Ou seja, o medicamento era o mesmo. No entanto, como aparentemente o medicamento tinha sido mudado, a comunicação social interessou-se por isso, e começou a relacionar dores de cabeça, cansaço, depressão, etc, com o suposto novo medicamento. Pouco depois, um enorme número de pessoas estava a sofrer desses sintomas, porque tinha visto na comunicação social que o “novo” medicamento tinha esses efeitos adversos. Nas áreas em que as televisões locais cobriram mais intensamente estes efeitos adversos, foi onde passou a haver mais doentes. No entanto, repito, o medicamente era o mesmo, nada tinha mudado. Os doentes foram vítimas somente do poder da sugestão negativa, das expectativas negativas, o nocebo, que tem efeitos psicológicos e físicos, bioquímicos, na pessoa.
Mais exemplos do nocebo, aqui.

Isto também levanta outra questão: o poder dos Media.
Aliás, como podem ler nos links, estes estudos alertam para os potenciais malefícios na saúde das pessoas causados pelo sensacionalismo e pelo jornalismo irresponsável.

nocebo effect

1 comentário

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  1. “Fear And Faith” – Parte 1 (Sobre o efeito placebo – não legendado).

    http://www.youtube.com/watch?v=hfDlfhHVvTY

    “Fear And Faith” – Parte 2 (Deus, o maior placebo de todos – legendado)

    http://www.youtube.com/watch?v=9OX_NSdYHUA

    “Sistema de crenças”

    http://www.youtube.com/watch?v=uNsmFCV9EO8

  1. […] (fraude). Graviola (cancro, comentários). Aqua Detox, Hidrolinfa. Placebo (aqui, aqui, aqui). Nocebo. Terra Plana. Geocentrismo (conferência, documentário, Janeway). Terra Ôca. Fósseis de Humanos […]

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