Há largos meses atrás, fizeram-me uma entrevista para a revista Vice, onde falei maioritariamente de astrobiologia.
Leiam toda a entrevista, aqui.
A entrevista escrita está menos “fluída” do que a conversa que tivemos pelo skype.
Por outro lado, como existiram restrições de espaço, não foi possível colocar uma hora completa de entrevista na revista. Assim, faltou alguma coisa, como por exemplo quando expliquei que o Big Bang nada tem a ver com a criação do Universo, por isso no momento da criação pode-se colocar o que se quiser, porque são crenças e não ciência. Em várias perguntas, nota-se haver alguns cortes nas respostas, mas as limitações de espaço assim o obrigaram.
No entanto, mesmo assim, o jornalista conseguiu criar uma entrevista muito boa! 😉
Está com um excelente estilo informal, e até com algumas pitadas de humor 😉
Recomendo que leiam a entrevista, e deixo-vos aqui uma pequena amostra das minhas respostas:
“A Terra tem 4,6 mil milhões de anos. O universo tem 13,7 mil milhões de anos. Os dinossauros estiveram cá durante 170 milhões de anos. Nós estamos há 200 mil. Imagine-se o que uma civilização pode fazer com uma evolução de, em vez de 200 mil, um milhão de anos. É a mesma coisa que viajarmos três mil anos para trás e mostrar-lhes uma televisão. E só estou a falar há três mil. Mas pensemos nas nossas relações com uma formiga, uma formiga que evoluiu connosco no nosso planeta: não há nenhuma formiga que consiga saber o que sou (“este é o Carlos, que é humano”). E eu nunca vou conseguir comunicar com uma formiga. E estou mais próximo de uma formiga do que de extraterrestres que tenham míseros dois mil milhões de anos à minha frente.”
“Não sei se nos visitam ou se nos vigiam. O que eu sei é que essa ideia vem de um geocentrismo psicológico: somos tão interessantes que eles até nos visitam! Imaginemos que eles estão um milhão de anos mais à frente, o que é pouquíssimo no universo, e vamos supor que são inteligentes: não vão usar telégrafo, internet, braços, voz. Isso só nos vai provar que não somos inteligentes. Nós somos as formigas, eles são os humanos. Por mais que queiram comunicar connosco, nós somos tão burros que nunca vamos conseguir.”
“Provavelmente, o que vamos encontrar são bactérias. Existem mais bactérias no meu fígado do que humanos em toda a Terra. A própria Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos disse que só temos um exemplo do que é vida [a vida terrestre]. E com um exemplo não podemos extrapolar. Por isso, uma das coisas que a academia disse, num memorando para a NASA, foi que, se calhar, quando encontrarmos vida extraterrestre nem vamos conseguir reconhecê-la.”
“Os elementos de que sou constituído foram feitos em estrelas e quando as estrelas explodem numa supernova são expandidos por todo o universo. Já fizeram parte de planetas, de nebulosas, de luas e neste momento são eu. Eu já estive nesses lugares todos. Isso é abraçar o universo na sua espiritualidade mais abrangente. Mais: quando eu morrer, estes meus elementos vão ser espalhados pelo universo. Isto é muito mais abrangente e inclusivo do que o que uma religião nos pode dar. Esta é a parte mais fantástica da astronomia: nós somos o universo.”
3 comentários
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Discordo… uma civilização tão avançada assim conseguiria se comunicar conosco. Estudariam nossa inteligência e arranjariam meios. Não deve ser difícil para quem faz de viagens intergaláticas um passeio. Isso, claro, caso eles realmente queiram se comunicar.
Author
Percebeu a analogia com as formigas? Parece que não… 😉
Esse problema já se apresenta com as espécies vizinhas na terra. Como fazemos estruturas artificiais do “camandro”, temos informática, deslocamo-nos com veículos de combustão e “avacalhamos” o planeta calmamente, então deduzimos que as outras espécies nem sequer “pensam”, ou simplesmente são muito inferiores à nossa.
Bom, sorte tivemos, porque a mãe polvo não sobrevive para ensinar as crias, caso contrário por esta altura podia ser que existisse mais uma espécie “inteligente” a competir pelo domínio do planeta.
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