Um resumo dos lançamentos orbitais registados recentemente…
A China embarcou na segunda metade do seu calendário de lançamentos orbitais com o lançamento do satélite SJ-11 Shijian 11-05 às 0927:03UTC do dia 15 de Julho de 2013 utilizando o foguetão Chang Zheng-2C a partir da Plataforma de Lançamento 603 do Complexo de Lançamento LC43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan.
Este é o primeiro lançamento na série Shijian-11 desde 18 de Agosto de 2011 altura em que ocorreu um invulgar acidente com um foguetão CZ-2C que levou à perda do satélite Shijian 11-04. Por outro lado, este é o primeiro lançamento orbital da China desde o final da missão espacial tripulada SZ-10 Shenzhou-10 que realizou a última visita ao módulo orbital TG-1 Tiangong-1 que deverá ser removido de órbita no mês de Setembro de 2013.
Tal como aconteceu com as anteriores missões da série Shijian-11, a verdadeira natureza destes satélites não foi revelada com os media chineses a referirem que este é um «satélite experimental». Porém, analistas ocidentais apontam para a possibilidade destes serem satélites de aviso antecipado equipados com sensores de infravermelhos e capazes de detectar o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais. Tradicionalmente, estes satélites operam em órbita com um perigeu a 690 km, apogeu a 705 km e inclinação orbital de 98,1º. O primeiro objecto resultando deste lançamento foi detectado numa órbita com um perigeu a 681 km, apogeu a 704 km e inclinação orbital de 98,10º.
O satélite Shijian 11-0 foi lançado a 12 de Novembro de 2009, o Shijian 11-03 a 6 de Julho de 2011, o Shijian 11-02 a 29 de Julho de 2011 e o Shijian 11-04 a 18 de Agosto de 2011, tendo sido perdido no lançamento.
A United Launch Alliance (ULA) levou a cabo o lançamento do satélites MUOS-2 (Mobile User Objective System-2) a partir do Complexo de Lançamento SLC-41 do Cabo Canaveral AFS, Florida. O lançamento teve lugar às 1300:00UTC do dia 19 de Julho de 2013 e foi levado a cabo pelo foguetão Atlas-V/551 (AV-040).
A missão de lançamento do MUOS-2 tem uma duração de 2 horas e 53 minutos com três queimas do estágio Centaur.
O satélite MUOS-1 irá garantir uma capacidade continuada do actual sistema de comunicações em frequência ultra-elevada e representa a colocação em órbita do primeiro satélite do sistema táctico da próxima geração de comunicações de banda estreita. O sistema MUOS irá substituir o actual sistema de comunicações por satélite via UHF, fornecendo aos utilizadores militares uma capacidade de comunicações 10 vezes superior à actual, incluindo voz, vídeo e transmissão de dados em simultâneo, utilizando as tecnologias de comunicações 3G.
O sistema MUOS irá fornecer uma utilização denominada ‘net-centric’ das comunicações em UHF. Por comunicação ‘net-centric’ entende-se a participação como parte de uma comunidade complexa de pessoas, dispositivos, informações e serviços em evolução contínua, interconectados por uma rede de comunicações para garantir um melhor benefício de recursos e uma melhor sincronização de eventos e suas consequências. Por outro lado, o sistema irá fornecer as seguintes capacidades: comunicações em movimento e para lá do horizonte ao combatente tendo em conta a usa usabilidade; comunicações globais para ligar qualquer conjunto de utilizadores, independentemente da sua localização com excepção das regiões polares; uma conectividade melhorada em ambientes hostis incluindo regiões urbanas, montanhas, florestas, más condições atmosféricas ou com condições atmosféricas adversas às comunicações; arquitectura de “largura de banda em demanda”que é futuramente melhorada com novos sistemas no solo e fornece uma acessibilidade à rede de informação global GIG (Global Information Grid), à NIPRNet (Non-secure Internet Protocol Router Network), à SIPRNet (Secure Internet Protocol Router Network), e DISN (Defense Information Systems Network).
A China levou a cabo o lançamento de três satélites tecnológicos às 2337UTC do dia 19 de Julho de 2013. O lançamento foi levado a cabo por um foguetão CZ-4C Chang Zheng-4C a partir do Complexo de Lançamento LC9 do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan.
A bordo encontravam-se os satélites CX-3 Chuangxin-3, SW-7 Shiyan Wexing-7 e SJ-15 Shijian-15.
Os primeiros satélites Chuangxin (‘Inovação’) a serem colocados em órbita eram pequenos micro-satélites experimentais de telecomunicações que foram desenhados e construídos pela Academia Chinesa de Ciências. Por seu lado, os satélites Shiyan Weixing são usualmente utilizados para testar novas tecnologias, bem como os satélites Shijian (‘Prática’) são utilizados para demonstração tecnológica.
O satélite Shijian-15, construído pela Academia de Tecnologia Espacial de Xangai (SAST) irá escrutinar a órbita terrestre por detritos orbitais (O satélite Chuangxin-3 pode ser um alvo a ser detectado pelo SJ-15), enquanto que o Shiyan Weixing-7 irá provavelmente testar um braço robótico em órbita.
Um foguetão Ariane-5ECA foi lançado com sucesso desde o CSG Kourou, Guiana Francesa, colocando em órbita dois satélites.
O lançamento do foguetão Ariane-5ECA teve lugar às 1954UTC do dia 25 de Julho de 2013 a partir do Complexo de Lançamento ELA3 e a bordo seguiam os satélites Alphasat I-XL (Inmarsat-XL) e Insat-3D, numa carga total de 9.760 kg que incluía os dois satélites, o sistema de transporte Sylda e o equipamento associado.
O satélite Alphasat I-XL foi o primeiro satélite a separar-se 28 minutos após o lançamento. O satélite está configurado com um novo sistema de comunicações em banda L que irá fornecer serviços de voz e dados para a Europa, África e Médio Oriente. O satélite tinha uma massa de 6.650 kg no lançamento, sendo uma das cargas mais pesadas alguma vez transportadas na posição superior do lançador.
O satélite indiano Insat-3D separou-se a T+33m e terá como missão o fornecimento de serviços meteorológicos e a monitorização das superfícies oceânicas e terrestres.
O estágio superior criogénico ficou colocado numa órbita com um perigeu a 248,1 km de altitude, apogeu a 35.947 km de altitude e inclinação orbital de 3,50º.
A próxima missão de um foguetão Ariane-5ECA terá lugar a 28 de Agosto com a colocação em órbita dos satélites Eutelsat 25B/Eurobird 2A/Eshail e GSAT-7.
A Rússia lançou o veículo de carga não tripulado Progress M-20M às 2045:08UTC do dia 27 de Julho de 2013. O lançamento foi levado a cabo pelo foguetão 11A511U Soyuz-U a partir da Plataforma de Lançamento PU-6 do Complexo de Lançamento LC31 do Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão. Este foi o primeiro lançamento daquele Baikonur cosmódromo de desde o acidente com o foguetão 8K82KM Proton-M/DM-03 no dia 2 de Julho.
A bordo do Progress M-20M seguiu uma carga de 2.366 kg de mantimentos, combustível, ar, oxigénio, água, experiências científicas e itens pessoais para os membros da tripulação permanente a bordo da estação espacial internacional.
Esta missão, ISS-52P no cronograma da ISS, utilizou a aproximação rápida à estação espacial tendo acoplado com o módulo Pirs às 0226UTC do dia 28 de Julho.
A agência espacial japonesa, JAXA, levou a cabo o lançamento do veículo de carga HTV-4 ‘Kounotori-4′. O lançamento teve lugar às 1948:46UTC do dia 3 de Agosto de 2013 e foi levado a cabo pelo foguetão H-2B (F-4) a partir da Plataforma de Lançamento LP-2 do Complexo de Lançamento Yoshinubo do Centro Espacial de Tanegashima.
A bordo do HTV-4 seguem mantimentos, itens de higiene, peças sobressalentes e experiências científicas para a Expedição 36.
O HTV é a contribuição japonesa para o programa da estação espacial internacional (para além do módulo Kibo) e é composto por duas secções: o Pressurized Logistics Carrier (PLC), para o transporte de carga interna, e a Unpressurized Logistics Carrier (ULC) que transporta uma denominada Exposed Pallet (EP) na qual podem ser colocadas experiências para serem expostas às condições espaciais.
Entre as cargas a bordo do HTV-4 encontram-se quatro pequenos satélites (PicoDragon, TechEdSat-3, ArduSat-1 e ArduSat-X) que serão colocados em órbita mais tarde através da escotilha do módulo Kibo usando o JEM-Small Satellite Orbital Deployer (J-SSOD) e um pequeno robot humanidade denominado Kirobo (Kibo Robot Project) que, sendo mais pequeno do que o Robonaut, é capaz de interagir com os humanos através da fala.
A ULA (United Launch Alliance) levou a cabo o lançamento do satélite de comunicações militares WGS-6 para a Força Aérea dos Estados Unidos às 0029UTC do dia 8 de Agosto de 2013. O lançamento foi levado a cabo pelo foguetão Delta-IV-M+(5,4) (D363) a partir do Complexo de Lançamento SLC-37B do Cabo Canaveral AFS.
O satélite separou-se do ultimo estágio do foguetão lançador às 0110UTC e irá receber a designação militar USA-244.
Os satélites WGS são veículos que foram desenvolvidos para aumentar os serviços de comunicações de defesa que são proporcionados pelos satélites DSCS (Defense Satellite Communications System) e pelo Global Broadcasting Service, bem como para proporcionar uma nova capacidade de comunicações em banda Ka em apoio das forças militares norte-americanas nos diferentes teatros de guerra. Em comparação um só satélite WGS é capaz de fornecer a mesma capacidade de largura de banda que a totalidade da constelação de satélites DSCS. O novo sistema é capaz de transmitir informação entre 2,5 Gbits e 3,3 Gbits por segundo, isto é 10 vezes mais rápido do que os satélites DSCS.
A necessidade de uma grande quantidade de largura de banda tem vindo a aumentar ao longo dos anos por parte dos militares norte-americanos. Esta necessidade vai desde a transmissão de grandes quantidades de vídeo obtido pelos veículos UAV no Iraque e no Afeganistão, até a uma crescente dependência entre as altas patentes militares na tele-conferência em todo o globo.
O programa denomina-se Wideband Gapfiller Satellites porque em tempos foi visto como uma capacidade interina entre os satélites DSCS e o sistema Advanced Extremely High-Frequency (AEHF) que irá substituir os satélites Milstar.
O sistema WGS é utilizado por todos os serviços militares e é baseado no modelo do satélite comercial Boeing 702. Fontes da Boeing referem que este modelo possui características que permitem ao operador detectar a presença de interferências para assim tomarem contra medidas para preservar as comunicações. Enquanto que os satélites WGS oferecem uma maior protecção contra as interferências em comparação com um satélite comercial típico, não permitem no entanto as capacidades de encriptação da informação dos satélites Milstar. A encriptação dos dados e posterior desencriptação são levadas a cabo pelos terminais terrestres. Os WGS permitem, porém, a transmissão de dados encriptados.
O sistema tem muitas aplicações proporcionando serviços essenciais de comunicações para os comandantes no terreno de combate e para as unidades tácticas e permite também o envio de mensagens tais como correio electrónico.
Para além de suplantar as comunicações em banda X (os satélites operam na zona dos 500 MHz da banda X e na zona de 1 GHz da banda Ka, encaminhando a informação numa largura de banda instantânea de 4,875 GHz) fornecidas pelos satélites DSCS, os satélites WGS adicionam a flexibilidade das comunicações em banda Ka. A capacidade de cada satélite de encaminhar as comunicações a partir de qualquer destes espectros de frequências para qualquer outro a bordo, é em si uma nova capacidade para os utilizadores militares. No passado as unidades militares tinham dificuldades quando tentavam comunicar com outras unidades utilizando diferentes sistemas. Os satélites WGS ajudam a resolver esses problemas enquanto aumentam as capacidades de todo o sistema, proporcionando uma melhor capacidade de encriptação e uma maior densidade de espectro onde se pode enviar muito mais informação.
Cada satélite pode servir cerca de vinte áreas diferentes de cobertura. Pode provar até oito ligações orientáveis e ligações em banda X formadas por antenas de transmissão / recepção, podendo também projectar dez ligações em banda Ka por parte de antenas diplexed, incluindo com antenas com polarização RF seleccionáveis.
As capacidades de transmissão de vídeo pelos satélites WGS são semelhantes às capacidades já desenvolvidas para a indústria de satélites para a transmissão DTH (Direct-To-Home). Porém, os satélites WGS proporcionam a encriptação para imagens das localizações inimigas em tempo real. Os comandantes de unidade obtêm assim um acesso de Internet seguro e tele-conferência com os seus superiores enquanto se deslocam de e para os teatros de operações.
Os satélites WGS tem uma vida útil de 12 anos, porém o primeiro WGS excedeu em muito todos os parâmetros do programa incluindo 25% mais capacidade de envio de informação (downlink) e uma maior flexibilidade de atenuação para as interferências devido às condições atmosféricas. O primeiro lançamento foi tão preciso que se espera que a vida útil do satélite seja prolongada em 7 anos, alargando o tempo médio de operação para os 19 anos.
Para além das capacidades básicas dos satélites WGS Block I, os satélites do programa WGS Block II possuem um canal para transmissões para a inteligência não tripulada aerotransportada e para aviões de vigilância e reconhecimento. Um bypass de radiofrequência será utilizado para ligar os UVA em paralelo com os dados através do principal canalizador de informação.
O aparecimento dos WGS ilustra a forma como os militares beneficiam da evolução por parte da comunidade civil em avanços tais como os utilizadores móveis, multi-transmissão de vídeo e voz nos protocolos de serviço de Internet. A aquisição no ano 2000 do negócio de satélites da Hughes Electronic’s por parte da Boeing, trouxe o que então era a maior base de clientes comerciais. Ironicamente, a evolução da indústria comercial na utilização de mais redes terrestres, tais como fibras ópticas, e o facto de os satélites comerciais terem mais tempos de vida úteis, tem vindo a reduzir a demanda anual. As vendas da Boeing para os utilizadores governamentais e militares chegaram a atingir os 90%, sendo metade deste valor relativo a missões classificadas.
Porém, a capacidade da indústria comercial no desenvolvimento de novas aplicações continua a orientar o mercado e faz com que as transferências de utilizações civis para militares sejam um elemento importante na estratégia dos contratos. Por exemplo, as comunicações de Internet, dados, voz, vídeo e aplicações multi-média de alta velocidade que a Boeing desenvolveu para o satélite Spaceway-F3 (da Hughes Network System’s) influenciaram os avanços para os satélites WGS e para o contrato TSAT (Transformational Satellite) da Boeing com a Força Aérea dos Estados Unidos.
Os satélites WGS têm uma massa de 5.897 kg e possuem dois conjuntos de painéis solares com uma envergadura de 48 metros.
Os satélites WGS-4, WGS-5 e WGS-6 fazem parte da segunda série (Block II). A 23 de Agosto de 2010 foi atribuído à Boeing por parte da Força Aérea dos Estados Unidos um novo contrato para iniciar o trabalho num sétimo satélite WGS. Este novo satélite deverá ser construído no âmbito de um contrato de seguimento à construção dos três satélites anteriores e eventualmente poderá incluir uma opção de construção de até seis novos satélites.
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