Desde que começaste a ler este artigo, já morreram mais de 40.000 átomos no teu corpo!
Mas vamos devagar…
Como sabes, o corpo humano é feito de átomos, e estes por sua vez têm um núcleo muito pequeno no centro – de facto, ele é tão pequeno que se o átomo fosse a Terra inteira, o núcleo seria do tamanho de um campo de futebol – e eletrões à volta dele que ocupam o espaço quase todo. Acontece que alguns átomos têm núcleos suicidas (ou radioativos, como preferires). Estão absolutamente normais e, de um momento para o outro, o núcleo atira uma partícula para os vizinhos e morre, transformando-se noutro.
O físico Neozelandês Ernest Rutherford descobriu, no início do século XX, que a quantidade de átomos de um determinado tipo que morre em cada segundo é sempre proporcional ao número de átomos que existem – o leitor mais atento notará que esta quantidade deve então seguir uma lei exponencial – e a constante de proporcionalidade é o inverso do tempo que os átomos vivem em média.
O corpo humano é feito de vários tipos de átomos (especialmente Hidrogénio, Oxigénio e Carbono) e alguns deles são mais instáveis que outros. O Carbono-14 (C14) e o Potássio-40 (K40) são dois tipos de átomos particularmente malucos e aqueles que morrem mais frequentemente no teu corpo (ver tabela). Em cada segundo, há cerca de 3 mil átomos de C14 e 5 mil de K40 a morrer. Ou seja, desde que nasceste, já morreram dentro de ti vários biliões! Parece muito, mas corresponde a milhões de vezes menos do que o número total de átomos que existe num só cabelo.
Mas se achas que então saber isto não serve para nada, estás muito enganado! Conhecendo este processo, e olhando para ossos de antigos animais, se soubermos a quantidade de átomos radioativos que eles ainda têm, é possível descobrir… a sua idade! E é também desta forma que se descobriu que a Terra existe há cerca de 4 mil milhões de anos.
É verdade… saber o ritmo a que os átomos do corpo humano morrem permitiu determinar a idade da Terra, saber há quanto tempo viveram os dinossauros, quando se extinguiram, perceber a evolução das espécies e descobrir que os nossos antepassados viveram na água… Nada mau, não é?
P.S.: todos os dias imensas células do nosso corpo morrem (no sentido biológico). Mas o artigo fala do decaimento radioactivo, ou seja, da morte do átomo (não no sentido biológico). Os átomos perfeitamente estáveis não o fazem, apenas os radioactivos. Na verdade, desintegram-se, tendo um “tempo de meia-vida”.
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Artigo de João Ferreira para a revista Horizon, referida neste post, e que nos deu autorização para reproduzirmos no AstroPT.
9 comentários
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Tudo se resume a átomos
Do maior ao menor átomos tudo e resumido em átomos
E no entanto, apesar de termos tantos elementos químicos, valemos pouco mais de 500€. Continuo a dizer que os gestores das grandes empresas e os jogadores de futebol estão inflacionados ( para além de inchados, claro).
Um pouco como o espaço. Inflacionou-se.
Tudo que tem demanda exagerada o preço inflaciona. Jogador de futebol craque são raros e são bilhões que desperdiçam tempo e muito dinheiro assistindo a uma apresentação deles, mesmo que seja uma apresentação ruim, isso é a realidade.
Se ninguém se interessasse por futebol, eles valeriam a profissão que resolvessem escolher.
Um cientista que todo domingo explanasse uma aula que bilhões se interessassem em ver teria o mesmo valor que um jogador de futebol craque, mas é essa a realidade?
A demanda de necessidades é feita pela sociedade, que dependendo do nível de consciência vai se interessar por algo X ou Y. Bilhões se interessam por futebol, vai-se fazer o quê? A economia do jeito que funciona mostra muito bem, é um espelho, da realidade da demanda (que depende do nível de consciência).
Boa tarde
Artigo muito interessante. As minhas perguntas são: É conhecido se um “pensamento” poderá resultar na combinação de algum desses elementos? No caso de ser, será porventura incorreto dizer que essa combinação de elementos seja conduzida para o ambiente que nos rodeia?
Não será lógico dizer que na conceção de um “pensamento”, este, não seja um “relacionamento” de elementos que derive noutro qualquer?
A composição dos elementos do Ser Humano é este? Encontra-se completa? Ou poderemos dizer que é a conhecida até hoje?
Abraço e obrigado.
Author
“É conhecido se um “pensamento” poderá resultar na combinação de algum desses elementos?”
Não.
abraços
Que bom, significa que estou ficando mais magro a cada segundo. rsrs
Carlos,
Acompanho teu blog diariamente e a cada dia que passa está melhor. Fantástico este artigo…. Parabéns!
Author
Obrigado 🙂
No entanto, note que este artigo não é nosso. Só tivemos autorização para o reproduzir 🙂
abraços! 😉