Por que eu não acredito na Ciência… E estudantes também não deveriam acreditar

0002

Uma das frases comuns ditas sobre cientistas e divulgadores da ciência é que nós “acreditamos”* na ciência, da mesma forma que as pessoas acreditam na sua religião particular. Embora isso talvez não fugisse tanto da verdade em determinada época (houve um período de cientificismo complicado, que ainda hoje é refletido no discurso da imprensa tradicional), hoje é uma falácia grotesca. Pode até ser que alguns indivíduos em particular “venerem” a ciência de forma análoga à crença religiosa, mas certamente são exceções, e se o fazem, é por que não entendem de fato sobre o que é a ciência.

Ciência e Crença

0004Ciência é como nós descrevemos a realidade, do mundo físico aos processos mentais. Se você fizer uma pesquisa rápida na internet, vai perceber que 3 palavras surgem sempre mais que outras: observação, experimento e evidência. Observações e experimentos não são perfeitos, é claro, e temos o problema da interpretação humana dos dados que pode ser falha, mas é a evidência que apoia, ou não, um argumento, e isso é o mais importante.

Adam Blankenbicker cita uma colega paleoantropóloga para exemplificar a questão. Ao perguntar se ela acredita na evolução pela seleção natural, ela respondeu: “Eu não acredito na evolução. Eu aceito a evidência da evolução”. A crença não é o que faz a evolução ser verdade ou não, e sim o fato de que existem evidências para apoiá-la.

Por motivos óbvios, muitos cientistas não gostam do termo “crer”. Kevin Padian, da Universidade da Califórnia, explica isso num artigo chamado “Corrigindo algumas interpretações errôneas comuns da evolução em livros didáticos e na mídia”:

Dizer que cientistas “acreditam” nos seus resultados sugere, falsamente, que sua aceitação não é baseada em evidência, e sim de alguma forma em fé.

A proximidade da crença com a fé, ou seja, acreditar em algo sem prova, parece ser o motivo pelo qual um número grande de cientistas desaprovam o uso da palavra. Realmente, tende a lembrar religião, que descreve o sobrenatural, algo que a ciência não pode realizar.

(…) É sobre a qualidade da evidência: cientistas aceitam seus resultados como a melhor explicação para o problema que eles têm no presente momento, mas reconhecem que nossas descobertas são sujeitas à reavaliação conforme novas evidências vêm à luz.

Ensinando o processo da ciência, não a crença nela

0001Ciência, como você bem deve saber, não é apenas um acúmulo de fatos. É um processo detalhado de observação, experimento, interpretação, revisão, criatividade e até um pouco de sorte e acaso. E, diferente de uma lista de instruções linear, é um processo contínuo e interativo que pode pular entre qualquer parte do processo. Assim é como a ciência deveria ser ensinada.

Infelizmente, é impossível para cada professor em cada escola aí fora reproduzir cada experimento para seus estudantes terem uma descrição em primeira mão da evidência. Isso quer dizer que em praticamente todas as salas de aula há um grau de memorização de fatos para entender conceitos particulares.

Então, por extensão, você pode dizer que professores e estudantes precisam ter alguma “fé” no publicante dos livros didáticos de que estes fatos são reais, e que os cientistas que revisaram a pesquisa são legítimos.

Mas nós damos um jeito de continuar avançando apesar disso. Saltos e tecnologias em pesquisa científica são construídos a partir de que pesquisas prévias foram aceitas ou rejeitadas. Cada geração se mantém aprendendo novas tecnologias e pesquisas atuais em sua educação. Às vezes novos saltos e ressaltos podem produzir novas evidências que acarretam na reavaliação de nossas descobertas anteriores. Mas isso é parte da ciência, um processo constante e dinâmico que continua trazendo novas questões e respostas.

Então, não, eu não acredito na ciência. Muito menos tenho fé nela. Talvez você possa até dizer que acredita. Mas com certeza, aceitando a evidência produzida pela ciência e sabendo que suas descobertas podem um dia mudar.

E por fim, e creio que mais importante, a ideia de “acreditar” na ciência de forma dogmática não só é absurda como não faz sentido dentro do próprio contexto do que é a ciência. Ciência não é uma instituição, é uma forma de abordar problemas. Não se duvida da habilidade de um martelo em bater em pregos para fixar coisas, por que ele faz isso de forma muito eficiente, e vemos isso na prática. Da mesma maneira, é ridículo eu dizer que “acredito” no martelo. Eu sei que o martelo funciona, baseado nas evidências que ele mesmo me traz. Isso é ciência.

 

 

Nota: Este texto é baseado na matéria de Adam Blankenbicker para a PLOS.org, que considero relevantíssimo para o tipo de assunto que tratamos aqui no AstroPT.

*Vale ressaltar (embora creio que fique claro no texto) que aqui uso o termo “acreditar” no sentido análogo ao de ter fé. Dizer que acredita em deus não é exatamente o mesmo que dizer que acredita num mundo melhor, por exemplo. São usos e contextos diferentes para a palavra.

18 comentários

3 pings

Passar directamente para o formulário dos comentários,

  1. (…comentário editado…)

    1. Caro Antonio Andrada,

      Eu percebo que você, como criacionista fundamentalista e anti-ciência, seja demasiado burro para entender o que são IPs. Mas nós sabemos que é a mesma pessoa.
      http://www.astropt.org/2014/02/05/o-que-eu-aprendi-com-o-debate-entre-bill-nye-e-ken-ham/comment-page-1/#comment-1234953

      Este comentário também serve para mostrar evidências do tipo de manipulação que vocês fazem, tentando enganar as pessoas com falsos nomes e com as mesmas imbecilidades ditas.

  2. http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3421628

    Estra astrobióloga ‘acredita’…

    1. Não.

      Essa foi uma palavra utilizada pelo jornalista, não por ela.

  3. Seu texto descreve a sua percepção de ciência, porém em minha percepção você mostra a ciência como algo intrínseco ao universo, a verdade suprema e o ser humano apenas se propõem a desvendá-la, quando penso que a ciência surge de um processo histórico-social do ser humano. Quando você diz: “ciência é como nós descrevemos a realidade” seria a frase que expressa o meu raciocínio sobre ciência, onde a ciência é desenvolvida e estudada tendo uma visão a priori, a de um complexo mecanismo, o nosso cérebro que através de estímulos processa a informação e dá realidade a esses sinais elétricos por isso temos uma noção de um mundo com cores, cheiros e sons. Ao citar a pesquisa da internet em que três palavras aparecem sempre mais que outras, você primeiro supõe que os mecanismos de busca estejam corretos, depois você induz que através de uma lida em algumas poucas páginas pode-se desenvolver um modelo para toda a internet sendo que seria impossível você verificar todas as palavras de todas as páginas da internet, até porque depois de ter feito isso muitas páginas surgiriam e muitos textos seriam modificados, logo não seria possível que sua pesquisa fosse de certo uma busca completa de evidências e que além disso conseguisse acompanhar o processo de atualização das informações. Você cita a interferência da interpretação, pois note que não há como desvinculá-la do processo de construção da ciência, já que ela está presente em todos os processos, desde a existência da própria ciência, depois passando pela aceitação de que o que vemos, o que somos é realmente verdade, depois a aceitação de que se pode fazer determinadas ações que possam corroborar com a ciência, e finalmente a aceitação de que o experimento realizado trouxe traz informações aceitas pela sociedade científica e posteriormente por uma sociedade nem tão especializada. Ao utilizar o exemplo da seleção natural, você utilizou um modelo que não é tão comum a ciência pois ele não é falseável, o que pode levar a uma discussão se realmente ele é científico, pois de certa forma ele não permite uma contestação pois ela determina que todo ser provém de um ancestral, mas se nunca for encontrado um ancestral a determinada espécie, então deve se supor que houve um, mas você ainda não o encontrou, portanto pela lógica analisando esse caso a teoria está sempre certa, ao dizer que há fatores comuns a todos os seres, isso é uma interpretação humana, pois se utilizarmos determinada lógica afirmamos que tudo, do ar, ao ser humano tem fatores comuns, já utilizando outros processos para análise, posso afirmar que tudo é diferente (sei que está é um exemplo sem uma análise maior feita pelos estudiosos dessa teoria, mas utilizo esse caso apenas para exemplificação da inserção humana no processo científico). Para mim ciência seria uma peneira que se faz aos pensamentos, e os que passam pela peneira recebem o selo de cientificamente aceitos, já os pensamentos que não conseguem atravessá-la recebem o selo de “cientificamente não aceito” porém esta peneira é mutável de acordo com as relações histórico-sociais que são a principal base, a estrutura da peneira, existem também outras peneiras como a filosófica e religiosa, mas acho que nenhuma é mais verdadeira que outra pois todas tem como elemento comum as relações sociais-históricas. Causa-me certa estranheza os pensamentos científicos serem colocados como hereges e queimados na fogueira. Utilizei uma linguagem mais formal no início e depois nem tanto para que ao final fosse mais fácil a compreensão. As críticas dirigidas ao autor do texto desse blog trazem uma referência da citação que o autor fez em seu texto, portanto nem todas as críticas se dirigem ao autor. Acho que esse assunto deve ser melhor discutido, não gosto de reportagens pois elas verticalizam as discussões dando uma autoridade maior ao autor do texto e reduzindo a autoridade do leitor e de quem comenta, isso leva a uma impressão da veracidade maior do autor, acho isso um tanto anti-democrático, sendo esse um pensamento próprio e não uma verdade portanto, ao lerem não precisam aceitar o que leram do que escrevi como verdade, mas pretendo apenas levar a uma discussão maior, para que possa-se refletir sobre esse assunto e intercalar as diferentes visões e quando nos deparamos a diferentes visões nunca mais temos a mesma visão, acho que isso demonstra certa fragilidade de nosso pensamento e como ele é uma construção histórico-social e não uma verdade intrínseca. Gostaria de saber a opinião do autor a respeito do meu comentário, gostaria que mais pessoas comentassem e o que acharam de meu comentário. Obrigado!

    1. A ciência é uma forma de pensar e executar.
      Não depende da história ou da sociedade em que está inserida.

      As teorias científicas são independentes de quem as pensa. Não dependem dos Humanos.
      Quer existam humanos ou não, a Evolução far-se-à da mesma forma natural. Tal como aconteceu durante milhares de milhões de anos em que não existiram Humanos. (quanto ao antepassado comum, como sabe, existem vários parciais já encontrados… de resto, se quiser mesmo saber quem vivia há milhares de milhões de anos, encontra-os facilmente: as cianobactérias)
      Quer existam humanos ou não, a Gravidade funciona da mesma forma (massa atrai). Não depende de humanos nem da sua história nem da sua sociedade.
      Quer existam Humanos ou não, o electromagnetismo funciona da mesma forma. Maxwell permite-nos compreender como funciona. Mas a ciência está lá, para os Humanos ou quem quer que seja compreender.

      A “peneira” da ciência é diferente de todas as outras “peneiras”. A diferença é que a ciência funciona. E não é aleatoriamente. A ciência funciona milhares de vezes ao dia, como todos os dias podemos comprovar.
      http://www.astropt.org/2011/05/21/profecias-da-ciencia/

      E funciona independentemente das crenças e opiniões das pessoas ou das sociedades em que está inserida ou das visões àpriori que as pessoas tenham.

      abraços!

        • Felipe on 15/09/2013 at 06:56

        Carlos ao meu ver seu pensamento tem uma contradição. Disse você: “A ciência é uma forma de pensar e executar”, “Não depende da história ou da sociedade em que está inserida.”,”As teorias científicas são independentes de quem as pensa. Não dependem dos Humanos.” Ora, disse você que a ciência é uma forma de pensar, concordo plenamente, característica essa que se relaciona com o ser, portanto há uma relação do ser com o método, logo, penso eu que a ciência não consegue transcender o ser e se constituir num pensamento que mesmo partindo do pensamento humano consiga levá-lo a parcialidade diante da natureza demonstrando as verdades, não acho que isso seja possível, além do mais as próprias ciências humanas sociologia e história dizem o pensamento humano não ser estático e sim dinâmico, alterando-se com a época e com a sociedade, podemos ver essa relação nos séculos XIX e XX onde ocorrem movimentos de grande ruptura com o pensamento tradicional e mecanicista levando o pensamento a um nível mais abstrato com uma ruptura da realidade, verificamos isso na física pela teoria da relatividade e quântica, na psicologia com a psicanálise de Freud, nas Artes com o surrealismo com Salvador Dalí, verifico assim a ligação de ciência com sociedade, tanto que antes na física era uma visão mais mecanicista, assim como as outras ciências e também no cenário artístico, onde tinha-se a pretensão de um desenho mais verossímil, que mais representasse a cena vista por nossos olhos. Porém em outras frases suas você afirma o contrário que a ciência é independente do ser humano, afirma ainda que a teoria científica é independente de quem as pensa, sendo que a teoria é uma proposição que determinado cientista conclui, sendo esta ainda não completamente aceita ganhando o status de Lei científica, você cometeu um engano em sua lógica, seria lógico afirmar que, por exemplo, o determinado efeito, como a termodinâmica ocorresse sem os seres humanos, porém não é lógico afirmar que a teoria da termodinâmica (princípio da termodinâmica) tendo início com os trabalhos de Lord Kelvin e Rudolf Clausius, que essas formulações não dependam de seus formulantes, é como se eu dissesse que esse comentário que escrevi, não dependesse de mim. Sobre a questão da Evolução onde você diz que ela ocorre independente ou não de nossa existência, concordo em que há um processo, nós observamos uma dinâmica, mas será que essa dinâmica dar-se-à da mesma forma tal qual a ciência define, até porque devemos ter em mente o processo dinâmico da ciência, onde as teorias se alteram, portanto não vemos a seleção natural da mesma forma que se via antigamente com a teoria de Lamarck. Disse você: “Evolução far-se-à da mesma forma natural. Tal como aconteceu durante milhares de milhões de anos em que não existiram Humanos.” Primeiramente gostaria de chamar atenção sua utilização da lógica indutiva, onde você, ao se convencer da existência da Teoria da Evolução, induz que ela sempre aconteceu e sempre acontecerá, e com a lógica dedutiva você raciocina: Eu vivo e acontece a Teoria da Evolução, quando há vida há Teoria da Evolução, pois isso está pressuposta nessa teoria, encontram-se vestígios de vidas há milhões de anos, portanto você deduze que a teoria também se aplica a eles. Repare que essa lógica, pertencente ao pensamento humano parte de diversos pré-supostos, é impossível ter 100% de certeza que houve vida a milhões de anos, mas você induz e com base em indícios você aceita, nisso eu vejo a fé na ciência, pois mesmo a ciência indicando a impossibilidade de 100% de certeza você toma como verdade devido a probabilidade muito baixo de sua falsidade, porém não devemos esquecer também da incrível probabilidade estatística de você existir e ler esse comentário nesse momento, você concordaria em dar essa baixa probabilidade como inexistência? Sobre a gravidade há uma teoria de que a gravidade é o resultado da atração de massas, porém se eu formular uma teoria de que determinados corpos possuem anjos que querem ficar juntos, e a isso chamo gravidade. Não é possível afirmar com 100% de certeza que isso não ocorra. Essa teoria não seria aceita cientificamente, poderia ser aceita pela mitologia, não seria socialmente aceita, na concepção da atual sociedade, veja então que temos diferentes verdades para diferentes ninchos de pensamento. Você fez uma afirmação perigosa: “A “peneira” da ciência é diferente de todas as outras “peneiras”. A diferença é que a ciência funciona. E não é aleatoriamente. A ciência funciona milhares de vezes ao dia, como todos os dias podemos comprovar.” Não é tudo que é aceito pela mitologia e pela filosofia, elas também tem suas peneiras, e ao afirmar que a da ciência é diferente de todas as outras, também pode afirmar que a da filosofia é diferente de todas as outras e a da mitologia também é diferente de todas as outras. Já quando você fala que a diferença é que a ciência funciona, você cai em uma contestação humana, onde o que é funcionar? Se considerarmos funcionar como ter utilidade para a sociedade, percebemos que a filosofia só existe pois tem utilidade para determinadas situações, e determinadas pessoas a aceitam como funcional, o mesmo com a ciência, porém observe que com a ciência ocorre que nem sempre ela é útil, depende do que eu considero como útil, na Grécia Antiga haviam grandes problemas sociais, principalmente com os escravos e a grande população então a filosofia foi bem útil para se resolver esse problema, a filosofia também é bem útil a elaboração de códigos e da ética, já o mesmo não é tão útil pela ciência. Entendo a sua descrição da funcionalidade da ciência pois na nossa organização social há grande importância da produção, portanto há a utilidade da ciência, mas existiram sociedades e podem existir, que não vejam utilidade na ciência o que não significa que será uma sociedade melhor ou pior, nem que saiba mais verdades do que a nossa, apenas adota conceitos diferentes dos nossos. Tenho outro exemplo, em que determinada tribo creia que a água seja sangue dos deuses e ao tomá-la você terá a força dos deuses que o levam a cura, suponha que nessa tribo as pessoas sofressem de desidratação portanto a água ou o “sangue dos deuses” levaram esses casos a cura, portanto a teoria deles funcionou mitologicamente, eles obtiveram êxito. Poderia então levantar-se o seguinte questionamento, mas ia chegar uma ora que a água não iria mais curar o que derrubaria a teoria, vemos então a situação histórica e temporal do pensamento, pois o que era verdade em determinado momento passará a não ser mais, a mesma questão eu colocaria na ciência, até quando a água da ciência vai curar (Utilizando uma metáfora para o meu exemplo da água na tribo)? Nem sempre os medicamentos utilizados cientificamente funcionam.

        Abraço!

      1. Estamos a falar de coisas diferentes.
        Eu estou a falar de ciência. “Ciências” humanas como sociologia ou história não são ciência. Utilizam muitas vezes o método científico. Mas são diferente de ciência.

        A Física funciona sempre da mesma forma, não importa o século ou sequer se é compreendida pelos humanos.

        Parece-me que você está falando de filosofia de ciência… e está confundindo isso com ciência.

        É óbvio que Teoria científica é aceite. É a definição de teoria científica.
        http://www.astropt.org/2013/07/14/lei-vs-teoria/
        http://www.astropt.org/2012/09/15/teoria/

        Não, não interessa quem propõe. Só interessa se a experiência está de acordo com o que se afirma.

        O seu comentário não depende de si. É irrelevante se é seu ou de outra pessoa. Continua a ter concepções erradas sobre o que é a ciência.
        Da mesma forma, a ciência não depende do nome de quem afirma as coisas.

        As teorias da ciência não se alteram. Simplesmente, refinam-se. O que era antes não passa a ser errado. Não há alterações, há um refinamento.
        Novamente, você está falando a partir de concepções erradas da ciência…

        Eu não me convenço da Teoria da Evolução. Como qualquer Teoria é baseada em factos. O meu convencimento é irrelevante.

        É impossível ter 100% de certeza que você não seja um unicórnio invisível voador da galáxia XPTO.
        Se quer entrar por discussões com argumentos ridículos… eu fico-me por aqui.

        Todos os dias utilizamos milhares de vezes ao dia o pensamento racional, científico, probabilístico, e sempre com 100% de sucesso.
        http://www.astropt.org/2011/05/21/profecias-da-ciencia/
        Se você preferir argumentar de forma irracional… então estes comentários deixam de fazer sentido..

        Não há qualquer fé. Há um pensamento probabilístico, como em tudo na vida e sempre com 100% de sucesso.
        Mais uma vez você mostra não entender o pensamento científico e entra por concepções erradas.

        Quando você compara com a existência de uma pessoa, aí mostra mais uma vez o pensamento pseudo.
        Essa é uma das vantagens da ciência. Nunca deve ser usado contra ela a probabilidade.

        Se você formular uma ideia – NUNCA uma teoria – de que são anjos, você tem que provar o que diz. Senão, é pseudo.

        Não existem diferentes verdades. Existe a verdade científica que funciona; e existem as parvoíces dos pseudos que nunca provam coisíssima nenhuma.
        Você ter comparado uma ideia no ar de “anjos” a uma Teoria da Gravidade que inclui uma enorme quantidade de matemática (a qual provavelmente você não conhece) e que funciona sempre, como você pode provar todos os dias em coisas simples que faz, mostra que ou você está de má-fé a fazer-me perder tempo, ou então não compreende o que é a ciência mas quer discuti-la com opiniões desinformadas em vez de aprender primeiro sobre ela.

        Sim, a da mitologia baseia-se em crenças, e a da filosofia baseia-se na criação de conhecimento com base na discussão interpessoal.
        São completamente diferentes da ciência, porque essa funciona independentemente das suas crenças e das suas opiniões. Você pode filosofar o que quiser, e pode acreditar que são anjos a levar a electricidade. A verdade é que as leis e teorias científicas fazem com que você carregue no interruptor e a luz acender. Não interessa seu nome, suas crenças, suas opiniões. Ela vai acender baseada nas regras do Universo e não naquilo que você gostaria que fosse.

        É irrelevante se é útil ou não. Funciona. Ponto Final.
        Tudo o resto que você disse sobre a utilidade social, é irrelevante.
        Não depende de você nem das suas filosofias. Não depende da sociedade em que está inserida.
        Se um papel cair de um prédio, ele vai estar limitado pelas leis da gravidade e do atrito. Você é totalmente irrelevante.

        Por fim, você confunde ciência e mitologia.
        Para isso ser teoria científica, eles precisavam primeiro provar que existem deuses, a seguir provar que aquilo era sangue desses deuses, depois fazerem inúmeras experiências para provar que as pessoas ficavam melhores devido a isso, analisarem os resultados com vários estudos matemáticos/estatísticos, e depois comparar os resultados com outros “medicamentos” similares.
        O argumento deles cairia logo por terra porque não conseguiriam provar que existem deuses. E por fim, acabariam por ver que com outros líquidos, que não esse “sangue dos deuses”, teriam o mesmo resultado.
        Por fim: Navalha de Occam. O seu exemplo deita esse princípio por terra.
        Novamente, você ao comparar crenças e assumir que é ciência, mostra que não tem ideia do que é ciência ou de como ela se faz.

        E não, na ciência isso não existe. Isso do que era verdade ontem é mentira hoje, é uma mentira disseminada pelos pseudos.
        http://www.astropt.org/2011/08/23/ciencia-nao-erra/

        Eu sugiro que leia os nossos artigos sob a categoria Literacia Científica, para eu não estar a repetir as coisas que já foram explicadas noutros artigos.
        http://www.astropt.org/category/educacao/literacia-cientifica/

        abraços!

  4. Texto um pouco pragmático em excesso…um pouco contraditório com a epistemologia.

    Talvez por ter se transliterado “crença” e “fé” no sentido de irracionalismo (na direção de Kierkegaard). Epistemologia estuda justamente a interseção entre Crenças e a Verdade, nesse subconjunto é que existe o conhecimento (crenças verdadeiras – ou seja, não contraditórias – e no caso da ciência, empiricamente comprovadas pelo método científico).

  5. Algures, ótimo texto, mas será que dava pra vc mudar a fonte ou pelo menos o tamanho dela nos posts? Fica mais fácil pra velhos como eu ler! Rs.

    1. Vini,

      O que usa?
      Google Chrome? Internet Explorer? Mozilla Firefox?

      Qualquer um deles tem a opção de aumentar, por si, o tamanho das letras.
      Cada pessoa escolhe o tamanho que prefere 😉

      abraços!

  6. Como já expunha Wittgenstein no seu pensamento sobre problemas das formas d expressão, a linguagem não consegue expor exatamente o q o autor pensa e são extremamente necessárias as intervenções e discussões sobre quaisquer temas para se chegar a um consenso, como é o pensamento do q é a verdade exposto por Kant, em q ela seria o q é unânime. Mas, aí q mora o problema, nada é unânime. E por isso achei (e uso d forma proposital essa palavra) mt relevante o texto para se encontrar a ‘verdade da realidade’ e não a verdade universal, q seria abstrata. Eu absorvi lendo o texto q a ‘evidência na vida real’ é o q difere a fé (crença particular abstrata) do q é a verdade da realidade. Acredito q, por causa do problema da linguagem, as pessoas discordem d fatos “provados” pela evidência, por acharem conflitantes com seu pensamento abstrato, sua verdade abstrata, q seria sua crença particular num mundo além da realidade usual, q talvez seja a verdade universal. Vê-se um exemplo clássico na Física Clássica :-]]] . A princípio era totalmente verdadeira pelas evidências. Mas com o tempo as evidências se mostraram falhas pra um conjunto mais geral.
    Mas agora vem o mais importante: o texto mostra q, praquela realidade, a Fís. Clássica valia. E é por isso q devemos aceitar as evidências e não crer (em sentido d ter fé) nelas – pelo menos como uma verdade temporária -, pois elas “dão certo” sempre q acessadas. A fé deveria ser mais usada como um estilo d vida, uma maneira d propagar o bem como uma coisa q mostra evidências d dar certo, na esperança e perseverança, pq podem ser confirmadas. Agora, ter fé em histórias como de Adão e Eva ao invés d crer na Teoria da Evolução é o q leva ao fanatismo oriundo da ignorância, pois é uma fé sem nenhuma evidência tanto real qto abstrata.

  7. Apesar das palavras bonitas, a colega paleoantropóloga de Adam Blankenbicker crê SIM na evolução, a não ser que tenham encontrado um mecanismo que explique o surgimento de nova informação genética para fundamentar a macroevolução darwiniana. De qualquer forma, ela aceita a evidência que aceita sobre a evolução.

    1. Hugo, convém lembrar que aquilo a que hoje se chama “Teoria da Evolução” não é apenas o resultado da evolução por seleção natural como pensava Darwin.

      Atualmente designa-se por Neodarwinismo o conjunto da teoria da evolução das espécies (através da seleção natural, como propôs Darwin), mas também a genética e a genética populacional.

      Na verdade, as populações vão evoluindo porque há mutações provocadas por falhas na replicação do ADN e é daqui que surge aquilo a que chama “nova informação”. E se acha que isto é falso, da próxima vez que tiver uma infeção bacteriana e o medico lhe prescrever um antibiótico, peça-lhe para receitar um dos primeiros, que foram desenvolvidos antes das populações de bactérias evoluírem (desenvolvendo resistência aos antibióticos). O mesmo se pode dizer em relação a todas as raças de cães que se veem por aí …

    • Falecido leitor do MdM on 13/09/2013 at 23:29
    • Responder

    Ótimo texto, Algures.

  8. Não há duvidas na minha opinião que a ciência é o melhor caminho para o auto-conhecimento do ser humano, quanto tempo levaremos, nós da humanidade, levaremos para repararmos isso ? Agindo de boa fé, conhecendo o mundo com a ciência, o futuro do homem pode ser ótimo e atingir um nível altíssimo de bem estar e principalmente, igualitário… Aguardo por isso

  9. Eu acredito que a ciência é a melhor forma de conhecermos o mundo em que vivemos.

  10. Mui bueno.

  1. […] Obviamente, não é. Nem se deve acreditar na ciência. Como já explicamos nestes artigos: 1, 2, 3, […]

  2. […] Energias Desconhecidas. Química venenosa. Leitura a Frio. Quero Saber. Possível vs. Provável. Crença. Ciência Não Erra. Argumento da Ignorância. Profecias da Ciência. 7 Equações. Palmeira […]

  3. […] Energias Desconhecidas. Química venenosa. Leitura a Frio. Quero Saber. Possível vs. Provável. Crença. Ciência Não Erra. Argumento da Ignorância. Profecias da Ciência. 7 Equações. Palmeira […]

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.