O programa Ancient Aliens é conhecido por defender que realizações antigas da Humanidade – das Grandes Pirâmides aos círculos de pedra de Stonehenge – não teriam sido possíveis sem o auxílio de extraterrestres.
Especialistas como Erich von Däniken e o seu mentor, Giorgio A. Tsoukalos, vislumbram os nossos antepassados como meros macacos sofisticados que estendiam as mãos para receber de visitantes extraterrestres uma dádiva em forma de amendoins tecnológicos.
Quando há dias passei pelo History Channel e vi uma estátua de Akhenaton, pensei ingenuamente que o canal fizera jus ao seu nome com um bom documentário sobre o faraó.
Fiquei logo especado diante do televisor, pois Akhenaton é um mistério dentro do mistério que é o Antigo Egito.
Afinal não era um documentário comentado por egiptólogos, arqueólogos ou historiadores, mas os nossos velhos conhecidos do Ancient Aliens a oferecerem-nos a sua delirante versão sobre quem foi realmente o faraó proscrito e surpreendendo-nos com a sua monolítica perspicácia: um ser extraterrestre!
Que outra explicação poderia haver para o facto de ter sido representado como uma espécie de hermafrodita de crânio alongado e olhos exageradamente rasgados, como os extraterrestres que se vêem nos filmes de ficção científica?
O facto de as referências a Akhenaton terem sido apagadas dos monumentos era também um sinal de que se fizera um esforço para «encobrir» a sua verdadeira ascendência.
Este episódio de Ancient Aliens chamava-se «Alienígenas: Factos encobertos», pelo que achei normal que, a dado ponto, os «teóricos» do programa tenham tido a necessidade de justificar o título.
A teoria dos extraterrestres não deixa de ser interessante, pois permite aos autores do Ancient Aliens explicar, de uma assentada, todos os mistérios e maravilhas da Antiguidade que não se preocuparam em conhecer.
O Rei Solar
Se não fazem ideia das circunstâncias que levaram os artistas a representar a família real daquela forma, se não sabem o que foi o período Amarna na história do Antigo Egito e por que motivo o nome do faraó foi apagado dos monumentos com um zelo sacerdotal, a explicação alienígena torna-se quase plausível.
Duvido que a nossa noção moderna de um ser de outro planeta fizesse sentido para os antigos egípcios, mas há que dar a mão à palmatória ao Ancient Aliens: se Akhenaton tivesse vivido numa sociedade em que a possibilidade de vida extraterrestre fosse tema familiar de conversa, o faraó teria sido o alvo número 1 da mexeriquice intergaláctica.
A não ser que se seja um «teórico» do Ancient Aliens, são necessários muitos anos de estudo para se tornar um arqueólogo, mais ainda quando se deseja uma especialização no estudo da história do Antigo Egito.
Nem décadas de estudos e investigações, contudo, têm sido suficientes para que os próprios egiptólogos se ponham de acordo sobre o que foi a vida, a personalidade e o destino do enigmático Akhenaton. Uma sombra enorme obscurece este período da História da civilização egípcia e as descobertas arqueológicas ainda não são suficientes para o iluminar.
Por isso as interpretações e opiniões sobre a natureza de Akhenaton têm sido muitas ao longo das décadas: os factos rareiam, o mistério adensa-se…
Quem foi realmente este homem cujo destino ainda nos intriga, mais de 3000 anos depois? O que fez? Quão diferente era dos seus contemporâneos?
Sabemos, ou julgamos saber, que este faraó da 18ª dinastia, filho mais novo de Amen-hotep III e da sua esposa principal, Tié, ocupou o trono devido à morte do irmão mais velho – ele não estava destinado a ser um rei.
Sabemos, ou julgamos saber, que rompeu com o panteão dos deuses egípcios em favor de um único deus, o deus-sol Aton, fundando um novo culto que alguns viram como percursor do Cristianismo, mais de 1300 anos antes do nascimento de Cristo.
Nos primeiros cinco anos reinou como Amen-hotep IV, mas depois mudou o nome para Akhenaton («o espírito atuante de Aton»). Para nós, mudar o nome de Fernando para Francisco pouco significado tem a não ser, talvez, a complicação burocrática que é fazê-lo; para um egípcio daquela época, o nome fazia parte do seu ser – definia-o de forma profunda.
Sabemos, ou julgamos saber, que abandonou a cidade de Tebas e os seus sacerdotes materialistas para fundar, na margem oriental do Nilo, num deserto a mais de 300 quilómetros a sul do atual Cairo, uma utópica cidade chamada Akhetaton («Horizonte de Aton»).
Os anos em que por lá viveu (até morrer) ficaram conhecidos como o Período Amarna em referência ao nome atual da localidade onde o faraó mandou erguer a nova cidade.
Sabemos também que a sua esposa principal foi a famosa rainha Nefertiti, cujo nome significa «a bela chegou».
Akhenaton revolucionou a arte egípcia não só pela forma como a família real passou a ser representada, como pelas cenas que os artistas eram autorizados a pintar ou esculpir: nunca antes na história das dinastias um faraó se deixara ver como um pai de família dedicado e carinhoso, de mãos dadas com a rainha, pegando ao colo e beijando as filhas.
Deve ter sido um devoto com alma de poeta, pois escreveu um hino em homenagem ao deus-sol que venerava e de quem se julgava o principal representante na Terra. Foi mais diplomata do que guerreiro, pois privilegiou o diálogo com os rivais numa época em que o Egito atingira o expoente da sua força mas estava a ser acossado pelo ambicioso rei dos Hititas.
Para uma civilização que atribuíra as suas vitórias militares e o bem-estar do império à satisfação do deus Amon, agora desprezado pelo faraó, o período da sua regência poderá ter sido visto como uma desgraça que haveria de arruinar o Egito e destruir-lhe as conquistas.
Devido à escassez de material arqueológico, às representações estilizadas da sua figura física e à sua personalidade, Akhenaton passa então à história como herético, revolucionário que combateu o materialismo oportunista dos gananciosos sacerdotes de Tebas, homem impotente, pai extremoso, mulher disfarçada de homem, marido apaixonado, rei forte, rei fraco, indivíduo doente, louco, pacifista, idealista, um santo, um demónio, o criador do monoteísmo, o percursor do Cristianismo, o mentor de Moisés – têm existido interpretações para todos os gostos.
Visões de Akhenaton
O escritor egípcio e Prémio Nobel da Literatura, o já falecido Naguib Mahfouz, escreveu uma bela ficção explorando a incerteza acerca da verdadeira natureza deste faraó: o romance «Akhenaton, o Rei Herege», coloca-nos no Egito após a morte do soberano, acompanhando-o numa demanda pela verdade de um homem que ia «arruinando um império».
Com a ajuda do pai, um funcionário influente em Tebas, o jovem protagonista consegue entrevistar várias testemunhas-chave – pessoas que conviveram de perto com Akhenaton, incluindo a rainha.
O nosso escriba, meio detetive meio jornalista, confundido com visões tão diferentes e antagónicas do faraó, atónito perante o testemunho de quem o amava e o desprezava, abstém-se de revelar ao pai a sua única certeza final: a inabalável paixão que lhe desperta a bela Nefertiti…
O Ancient Aliens defende a ideia de que Akhenaton foi um extraterrestre devido ao seu aspeto bizarro e invulgar desaparecimento, mas declarações estapafúrdias sobre o faraó herético também se encontram na história da Egiptologia, sobretudo por motivações políticas ou religiosas.
Para o arqueólogo e historiador norte-americano James Henry Breasted (1865–1935), educado no Seminário Teológico de Chicago, Akhenaton foi «o primeiro indivíduo da História»:
Era um homem inebriado de divindade, cujo espírito correspondia com uma sensibilidade e uma inteligência excecional às manifestações de Deus em si próprio, um espírito que teve força para disseminar ideias que ultrapassaram o quadro de compreensão da sua época e dos tempos futuros.
Arthur Weigall (1880-1934), egiptólogo inglês, jornalista e multifacetado autor de livros sobre o Antigo Egito, biografias históricas, guias turísticos, romances populares, poesias e peças de teatro, refere um rei quase divino:
O primeiro homem a quem Deus se revelou como fonte de amor universal, isento de paixões, e com uma bondade que não conhecia restrições. Deu-nos, há três mil anos, o exemplo do que deve ser um esposo, um pai, um homem honesto, do que um poeta deveria sentir, um pregador ensinar, um artista seguir, um sábio crer e um filósofo pensar.
Como outros grandes mestres, sacrificou tudo aos seus princípios; a sua vida, contudo, mostrou até que ponto estes princípios eram impraticáveis.
O alemão Adolf Erman (1854–1937), professor de Egiptologia e lexicógrafo, fundador da Escola de Egiptologia de Berlim, expulso pelos nazis da sua faculdade na Universidade de Berlim por ter «um quarto de sangue judeu», salientou as características físicas do faraó – crânio alongado, lábios demasiado grossos, grandes olhos, bacia larga, ventre inchado – em contraste com a sua personalidade:
O jovem rei, que era fisicamente doente como mostram os seus retratos, era certamente um espírito inquieto, que cumpriu a sua reforma deste o início com um zelo excessivo que só o prejudicou.
A doença de Akhenaton: eis um assunto recorrente até hoje. A estranha aparência do faraó, que o Ancient Aliens toma como sinal de descendência alienígena, explica-se para alguns egiptólogos com o auxílio da medicina.
O inglês E. A. Wallis Budge (1857 –1934), entre outros, achava que Akhenaton sofria de uma doença chamada Síndrome de Babinski-Fröhlich:
Os homens atingidos por esta doença apresentam com frequência uma corpulência análoga à de Akhenaton.
As partes genitais não estão desenvolvidas e podem estar tão cobertas de gordura que não são visíveis. A adiposidade pode repartir-se diferentemente conforme os casos, mas há uma distribuição das gorduras que é tipicamente feminina, sobretudo nas regiões do peito, do abdómen, púbis, coxas e nádegas.
Akhenaton deformado, Akhenaton reformador
Uma das consequências para o doente que sofre deste mal é a incapacidade de gerar filhos – uma hipótese difícil de defender no caso de Akhenaton, que teve seis filhas com Nefertiti.
Num documentário sobre Akhenaton que vi recentemente no Discovery Channel, o egiptólogo e apresentador do programa, o norte-americano Bob Brier, propõe a uma especialista em síndroma de Marfan que observe as representações do faraó em busca de características reveladoras. Esta explicação fora proposta em 1993 pelo egiptólogo Alwyn L. Burridge.
Este síndroma é uma desordem do tecido conjuntivo caracterizada por anomalias a nível esquelético, ocular e cardiovascular, entre outras. Mãos e pés excecionalmente longos – aracnodactilia – podem ser sinais reveladores da mutação. A especialista admitiu, com alguma relutância, a existência de tais sinais nas representações do faraó.
O síndroma de Marfan tem a vantagem de não afetar a capacidade de fazer filhos, como o de Babinski-Fröhlich, mas Brier aborda a hipótese com saudável cautela: afinal quantos médicos aceitariam comprometer-se com diagnósticos feitos a partir de fotografias atuais, quanto mais em esculturas com mais de três mil anos?
As múltiplas interpretações prosseguem: o egiptólogo francês Auguste Mariette (1821-1881) estava convencido de que o faraó era um prisioneiro castrado que as tropas egípcias tinham trazido do Sudão. Por razões que Mariette não explicou, teria chegado ao poder e dado livre expressão à sua doidice – uma hipótese quase tão plausível como a do alienígena. Outro francês, Eugène Lefébure (1838-1908), achava que Akhenaton era uma mulher mascarada de homem.
Um ensaio de Sigmund Freud (1835-1939), considerado o pai da psicanálise, judeu, ateu, publicado no ano em que morreu – «Moisés e o Monoteísmo» – defende que salmos contidos no Velho Testamento são copiados do hino ao deus-sol composto por Akhenaton.
Para Freud, Moisés era um egípcio, um alto dignitário na corte do faraó que após a morte deste e o fracasso do deus Aton no Egito procurou dar continuidade à ideia de uma religião monoteísta, tomando os judeus como «povo eleito». Freud via em Akhenaton o impulsionador do princípio da «exclusividade de um deus universal».
Quanto mais se lê sobre Akhenaton, mais a trama se adensa.
A ideia de monoteísmo associada a Akhenaton sustenta-se sobretudo na descoberta de uma inscrição incompleta do próprio faraó, que considerava os restantes deuses do Egito meras «estátuas criadas pelos humanos e, como elas, efémeros, ao contrário do deus que se criou a si mesmo».
A visão depreciativa do faraó explica a ausência de imagens divinas para o culto nos templos e capelas dedicados ao Aton e à família real. E também nos ajuda a perceber por que razão as representações da família real se vão tornando cada vez mais estilizadas e menos realistas: o rei e a rainha são objetos de culto juntamente com o próprio deus Aton, simbolizado por um disco solar cujos raios terminam em mãos, mãos que abençoam e concedem a vida ao casal monárquico e à sua família – a eles e só a eles.
Não são apenas reis, mas os únicos intermediários entre um deus que é, ao mesmo tempo, pai e mãe, e todos os outros povos. É daqui que nasce o estilo artístico característico de Amarna – mas isto ficará para o post seguinte.
Akhenaton tem dado para tudo, como se viu; mas na segunda parte deste artigo os interessados nestes assuntos irão ver como a noção de um faraó extraterrestre nem sequer é uma teoria original do Ancient Aliens, mas nascida de especulações esotéricas que começaram no final do século XIX. Preparem-se para conhecer uma pequena legião de cromos.
Eu penso, logo desisto
Este artigo começou com uma pequena explosão de fúria. Por causa do programa Ancient Aliens, estive quase a fazer ao meu televisor aquilo que há uns anos um jornalista iraquiano tentou fazer a George Bush. Como pode um canal que se diz de História dar cobertura a tanta desinformação?
Depois acalmei e tomei a sensata decisão de largar o meu sapato imaginário e começar a preparar um artigo para o blogue: se não fosse a patetice do programa, não teria chegado a saber mais sobre Akhenaton e o Período Amarna – mesmo assim, ainda é muito pouco.
Fui ver a página oficial no Facebook destes teóricos da treta, constatei que tem mais de trezentos mil fãs e percebi por que razão o História se metamorfoseou no canal História da Carochinha. A ignorância é muito lucrativa.
Mas para aqueles que levam a sério o Ancient Aliens, deixo umas considerações adicionais.
Giorgio A. Tsoukalos, o principal produtor do programa, é um ex-culturista transformado em especialista de arqueologia, biologia, antropologia, astronomia e, sobretudo calhalogia. Calhalogia é a ciência que explica o que calhar e tira conclusões ao calhas.
Para terem uma ideia de como estes investigadores e autores tiram as suas conclusões, imaginem um Tsoukalos de um futuro muito distante. O nosso hipotético teórico do século 60 debruça-se sobre um curioso e estranho artefacto: uma revista de banda desenhada de A Guerra das Estrelas.
O Tsoukalos do futuro concluirá, em primeiro lugar, que a nossa civilização usou armas laser, sabres de luz e naves espaciais, dominou uma bizarra forma de energia chamada Força e conheceu numerosas espécies alienígenas na galáxia.
A segunda conclusão do génio será a de que todas estas coisas foram mantidas em segredo por uma misteriosa organização secreta chamada George Lucas.
São assim as teorias do Ancient Aliens.
3 comentários
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…”Akhenaton tem dado para tudo, como se viu”…
Sugiro a leitura destes dois livros de banda desenhada:
1954 – O Mistério da Grande Pirâmide – Tomo 1, de Edgar P. Jacobs
1955 – O Mistério da Grande Pirâmide – Tomo 2, de Edgar P. Jacobs
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Mystery_of_the_Great_Pyramid,_Volume_1:_Manetho%27s_Papyrus / http://en.wikipedia.org/wiki/The_Mystery_of_the_Great_Pyramid_Volume_2:_The_Chamber_of_Horus
http://fr.wikipedia.org/wiki/Le_Myst%C3%A8re_de_la_Grande_Pyramide
Estas duas outras histórias assumidamente de pura ficção não necessitaram de “extra-terrestres” para “apimentar” o sabor e aumentar as vendas… contudo penso que capturam a “magia” e a “atmosfera” do antigo Egipto…
Aliás os temas das pilhagens e dos roubos de peças de arte é algo que “tem panos para mangas”…
http://en.wikipedia.org/wiki/Antiquities_trade
http://en.wikipedia.org/wiki/Looted_art
http://en.wikipedia.org/wiki/Looting
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pilhagem
O plágio é o roubo/pilhagem de ideias…
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%A1gio / http://en.wikipedia.org/wiki/Plagiarism
Os “deuses extraterrestes” incomodam-me (irritam-me) também por causa da ideia implícita de que os povos antigos eram tão primitivos e atrasados quando comparados com a nossa realidade actual, que nunca teriam sido capazes de construir pirâmides sem ferramentas modernas…
Gosto do respeito que o Edgar P. Jacobs tenta ter pela arqueologia (http://en.wikipedia.org/wiki/Egyptology / http://pt.wikipedia.org/wiki/Egiptologia ) e pela cultura egípcia.
Estes dois livros tiveram talvez um impacto cultural no imaginário da Europa ligeiramente maior do se pensará… ou seriam também um reflexo da “moda intelectual” da época? Alguém pode sugerir estudos sérios sobre o tema?
A Banda Desenhada (em certos países) é considerada a “Nona Arte”…
Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Banda_desenhada
Whereas in English-speaking countries comics are for children or adults ‘who should know better’, in France and Belgium the form is recognized as the ‘Ninth Art’ and follows in the path of poetry, architecture, painting and cinema.
The bande dessinée [comic strip] has its own national institutions, regularly obtains front-page coverage and has received the accolades of statesmen from De Gaulle onwards.
On the way to providing a comprehensive introduction to the most francophone of cultural phenomena, this book considers national specificity as relevant to an anglophone reader, whilst exploring related issues such as text/image expression, historical precedents and sociological implication.
Fonte deste texto:
Comics In French: The European Bande Dessinee in Context
https://books.google.pt/books?id=2WRFAAAAQBAJ&dq=Blake+et+Mortimer+culturel+influence&hl=pt-PT&source=gbs_navlinks_s
acho eu que o mentor do, Giorgio A.Tsoukalos é o Erich von Däniken e não ao contrario, já que o Däniken ja ta nessa picaretagem a muito mais tempo.
Quero parabeniza-los por esse trabalho sobre as civilizações antigas.
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