O Lado Obscuro (Claro) dos OGM?

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Quando se pensa em avanços científicos há um grupo de pessoas que pensa que não se deve manusear e alterar o percurso natural das coisas. E há os apologistas dos avanços como forma de dar à população meios e conforto.

Os que condenam o desenvolvimento científico fazem-no com a premissa de que isso é um risco para a natureza. Aqui vamos só considerar uma área científica – os OGM, Organismos Geneticamente Modificados – embora haja inúmeros pontos de discórdia por toda a teia científica.

Os OGM são imprescindíveis e podemos vê-lo pela utilização da insulina humana, produzida por bactérias GM. No entanto há sempre dois lados em qualquer avanço. O dinamite é mau se for mal usado mas aqui refiro um organismo que só pode dar bons resultados, não porque alguém quer mas porque vai mais além do querer. É preciso muito trabalho, preocupação e bioética para estes organismos serem viáveis.

Peter Raven é pró-OGM e escreveu, em 2005, que os “organismos transgénicos não causam nenhuma ameaça” e que “milhões de pessoas têm consumido alimentos (…) transgénicos e nenhum problema de saúde foi registado”. Seis anos antes, William Muir e Richard Howard argumentaram que “a introdução do (OGM) em populações naturais pode resultar em riscos ecológicos” porque “podem ter vantagem em alguns aspectos reprodutivos capazes de aumentar o seu sucesso na natureza”. Os argumentos anti-OGM continuam com José Domingo quando afirma que “estudos sobre a segurança e a toxicidade dos alimentos transgénicos [são] feitos por companhias [e] não são submetidos ao julgamento da comunidade científica internacional”.

As consequências da libertação de produtos GM na Natureza  podem não ser verificados de imediato. É necessário que decorra tempo suficiente para que seja visível algum indício. Temos o exemplo da diabetes tipo II, que teve origem no antigo Egipto, e levou a uma alteração dos hábitos alimentares. Contudo, apenas há pouco tempo se entendeu a relação entre a doença e os hábitos alimentares. O amianto, outro exemplo, é uma fibra natural extraída de algumas rochas. Era utilizado no fabrico de tecidos, daí ser conhecido por “linho da montanha”. Há pouco tempo descobriu-se a sua toxicidade.

4 comentários

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    • dario cardina codinha on 23/09/2013 at 13:59
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    Concordo contigo, Nuno, mas repara que só há perigo biológico se os limites de segurança forem ultrapassados. Quanto ao perigo económico há por todo o lado e não depende da ciência.

    A ciência constrói o edifício e impõe limites bioéticos. Contudo, há quem transforme a sala do edifício numa garagem de produção de drogas ilegais e promova, assim, interesses económicos. Não vamos julgar o arquiteto ou o construtor por isso.

  1. Concordo om o Nuno. Sobre a insulina vi há dias um documentário sobre uma empresa dinamarquesa que produz insulina através do fermento, não sabia….incrível.

    Cps

  2. Imagino que o principal problema esteja nos OGM agrícolas.
    Em primeiro lugar porque tornam os agricultores completamente dependentes de multinacionais poderosas e sem escrúpulos.
    Depois, há a questão de possível perda de biodiversidade e da introdução na natureza de espécies “estranhas” que poderão causar danos colaterais ainda desconhecidos.
    Efeitos directos nos humanos parecem não existir.
    Não é ser contra a ciência e o progresso, mas defendo prudência e estudos independentes dos interesses económicos em causa.
    E, já agora, informação clara para os consumidores. Afinal, se os OGM são inócuos, não deve haver medo de imprimir rótulos verdadeiros.

    • Nuno José Almeida on 22/09/2013 at 16:44
    • Responder

    Olá Dário,

    Se bem te lembras no debate que fizemos para mim o maior perigo, e sem balelas conspiratórias, é económico. O uso de OMG poderá, repito poderá, levar a um futuro de menor biodiversidade e mais perigoso de poderio económico de grupos empresariais. Penso que se deve sim usar OMG mas deve-se muito conscientemente legislar nos limites do seu uso.

  1. […] post anterior referente a este tema (O Lado Obscuro (Claro) dos OGM?) o leior Nuno José Almeida referiu, e já não é a primeira vez, que o grande perigo nos OGM é o […]

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