Plutão tem uma atmosfera persistente

plutao

Pensava-se que o planeta-anão Plutão, na sua órbita bastante elíptica, teria uma atmosfera sobretudo de azoto quando está mais próximo do Sol, e ficaria congelado quando se distancia do Sol.
No entanto, novas observações deste objecto parecem mostrar evidências que Plutão não perde a sua atmosfera facilmente.

Tendo em conta que Plutão tem pelo menos 5 luas, poderá ter um oceano interior, tem hidrocarbonetos na sua superfície (como metano), e deverá ter uma ténue e constante atmosfera (de azoto/nitrogénio), então cada vez me convenço mais que quando a New Horizons passar por lá em 2015 nos vai revelar agradáveis surpresas… 😉

Leiam este artigo de Ken Croswell para a Scientific American Brasil, aqui.

“Embora diste bilhões de quilômetros do Sol, o frígido Plutão tem aparência terrestre: uma atmosfera composta principalmente de nitrogênio, o mesmo gás que constitui 78% do ar que respiramos. Mas o planeta anão segue uma órbita tão elíptica em torno do Sol que todo esse gás pode congelar em sua superfície quando está mais distante — e frio — do astro-rei. Em 4 de maio deste ano, porém, Plutão passou na frente de uma estrela na constelação de Sagitário e permitiu que os observadores assistissem sua atmosfera bloquear parte da luz da estrela e deduzir que seu ar é tão substancial que nunca desaparece.

Essa passagem foi fundamental para a compreensão da atmosfera futura, observou Catherine Olkin, uma cientista planetária do Southwest Research Institute em Boulder, no Colorado, cuja equipe monitorou a chamada ocultação. Em um trabalho apresentado no site Icarus ela e seus colegas relataram que a atmosfera de Plutão agora está mais espessa que nunca.

Astrônomos descobriram a atmosfera de Plutão em 1988, quando o planeta ocultou outra estrela. Um planeta anão sem atmosfera teria cortado a luz da estrela de forma abrupta; em vez disso, a luz estelar desapareceu gradualmente, revelando um ar com cerca de um centésimo de milésimo de pressão superficial igual à nossa — o equivalente à atmosfera terrestre a 80 km de altitude.

Plutão está tão distante que leva 248 anos para completar uma única órbita. Ele atingiu o seu ponto mais próximo do Sol em 1989 e desde então tem se afastado da estrela. Quando Plutão avançar para o seu ponto mais distante, em 2113, ele estará 3 bilhões de quilômetros mais longe e a luz solar em sua superfície será 36% mais fraca que em 1989. “Muitos cientistas previram que a atmosfera de Plutão colapsaria à medida que ele se afastasse do Sol”, comenta Olkin. “Ao receber menos luz solar, o gás condensaria em sua superfície”. Marte, cuja órbita também é bastante elíptica, perde temporariamente um quarto de seu ar toda vez que seu hemisfério sul passa pelo inverno, quando o gás marciano congela na calota polar sul.

Plutão é, em sua maior parte, formado por rochas, mas sua crosta consiste em gelo aquático. À temperatura de Plutão, de aproximadamente 40 kelvin (-233 graus Celsius), a água é tão dura como rocha, constituindo um ambiente em que nitrogênio e metano se alternam entre gelo e gás.

As novas observações indicam que o ar de Plutão atualmente está três vezes mais denso que em 1988, contrariando os modelos que previam que sua atmosfera desapareceria um dia. De acordo com Olkin, a pressão mais elevada concorda com um modelo que indica que a região localizada a cerca de 100 m abaixo da superfície retém o calor durante seus encontros próximos com o Sol, liberando-o lentamente e mantendo sua superfície quente o suficiente para que uma parte do nitrogênio permaneça sempre gasosa. “À medida que Plutão gira em torno do Sol, sua atmosfera nunca se condensa completamente”, explica Olkin. Seu trabalho sugere que a camada de água gelada de Plutão é compacta, pois um subsolo poroso perderia rapidamente qualquer calor. (…)”

8 comentários

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  1. Pobrezinho do Plutão.
    Além desse nome que é quase uma piada (pelo menos aqui no Brasil).
    Deixou de ser um planeta, mas tem luas, várias, tem atmosfera e agora sabemos que é perene.
    Pode ter oceano interior.

    da pena viu..

  2. são cinco luas… acho um pouco demais pra um planeta tão pequeno com gravidade baixa… será que a dupla com Caronte (que tem tamanho de Planeta Anão) não indica um passado atribulado de impactos e essas luas pequenas seriam pedaços de um ou outro?… e já acharam cinco, talvez haja mais ainda, e muito entulho na órbita, pequenos demais pra ver daqui – se eu fosse operador da News Horizons, ficaria preocupado…
    Tem duas coisas que imagino, pode ser absurdo mas – poderia Plutão ter um anel tênue de fragmentos a sua volta *uma versão miniatura dos gigantes gasosos cheios de lua… ?
    Teria essa atmosfera permanente como razão a presença de um minúsculo efeito estufa causado pela geometria da molécula do metano… ou então uma produção e perda constante de gases – associadas a vulcões de gelo na superfície?

    Mistérios Plutônicos…. 🙂

      1. Verdade mesmo… bom agora é contar com a sorte e tocer pelo sucesso da missão
        😀
        obrigado

    • António Castanheira on 23/10/2013 at 10:15
    • Responder

    Curioso mas estranho: Sempre estive convencido de que Plutão não teria qualquer tipo de atmosfera devido à sua incapacidade de a reter, em função da baixa força de gravidade à sua superficie.

    1. É bastante ténue 😉

  3. O monóxido de carbono e azoto/nitrogénio não são hidrocarbonetos 😉

    Quanto ao resto, tb. estou com grandes espectativas relativamente ao que a New Horizons vai observar neste sistema!

    1. Sim, claro. 😉
      Eu juntei tudo, mas agora penso que coloquei melhor, separando as coisas 🙂

      Obrigado 😉

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