Quem fez esta foto de promoção da sitcom The Big Bang Theory é um amador: o segundo nerd a contar da esquerda não está sentado no seu lugar do sofá. Jim Parsons, o ator, permite estas liberdades à colega Kaley Cuoco, mas Sheldon Copper, o personagem que interpreta, nunca deixaria a amiga Penny sentar-se ali. Aquele é o seu spot.
Esta mania de Sheldon faz lembrar o Archie Bunker da mítica All in the Family (em Portugal: Uma Família às Direitas).
Archie, o típico conservador ignorante de classe média dos Estados Unidos, xenófobo, preconceituoso, avesso à libertinagem e ao progresso, também tinha um lugar marcado na sala onde mais ninguém se podia sentar.
Archie teria chamado «socialista» a Obama.
Uma Família às Direitas, estreada em 1971, foi uma sitcom marcante não só pela qualidade dos atores e a inteligência e sentido de humor dos diálogos; pela primeira na televisão americana, assuntos polémicos como o racismo, a homossexualidade, o feminismo ou o aborto eram abertamente discutidos e as posições conservadoras implacavelmente satirizadas.
The Big Bang Theory não é tão ousada e é obviamente um produto mais inócuo destes tempos da Internet e dos computadores e dos gadgets, mas desde Uma Família às Direitas nunca me tinha rido tanto com uma série.
Os cromos
Os principais personagens: o mencionado Sheldon Cooper, físico teórico, nerd, uma espécie de Spock sem as orelhas pontiagudas, adorador de BD, Ficção Científica, computadores e gadgets, possui traços de personalidade decalcados dos sintomas autistas manifestados pelos doentes da síndrome de Asperger;
Sheldon partilha o apartamento com Leonard Hofstadter, físico experimental, nerd, adorador de BD, Ficção Científica, computadores e gadgets, o mais «normal» e sociável do grupo;
O judeu Howard Wolowitz, engenheiro espacial, o único não-doutorado do grupo, nerd, adorador de BD, Ficção Científica, computadores e gadgets, é um menino da mamã pateticamente engatão com um complexo de Édipo mal resolvido;
Rajesh Koothrappali, Raj para os amigos, é um astrofísico de origem indiana, nerd, adorador de BD, Ficção Científica, computadores e gadgets, bissexual não assumido, incapaz de abrir a boca na presença de mulheres a não ser que beba álcool;
Penny, a vizinha de Sheldon e Leonard, é loira, bonita, extrovertida, amigável e promíscua, uma atriz falhada que devora comédias românticas da Sandra Bullock ou pastelões do tipo O Sexo e a Cidade, e acabou como empregada de mesa.
Mesmo quem nunca viu a série pode imaginar que o humor e as histórias se sustentam muito na interação entre a «ignorante», sedutora e bondosa Penny e os quatro nerds de quem ela se torna amiga – e de como a sua presença acaba por revolucionar o dia-a-dia destes rapazes muito inteligentes mas infantis e socialmente inaptos.
Sheldon, interpretado pelo fantástico Jim Parsons, é o mais radical nerd do grupo e a alma da série: se este personagem e a interpretação de Parsons não tivessem resultado, The Big Bang Theory ter-se-ia desmoronado ao fim da primeira temporada. Mas não.
Quando eu digo a alguns companheiros da geekosfera como me tenho divertido com o «The Big Bang Theory», a reação costuma ser de enorme surpresa. A série começou em 2007, já vai na sétima temporada e é incrível como só a descobriste há duas temporadas, pá, em que planeta é que vives?
A razão é simples: não ligo peva à televisão. Alguns documentários e telejornais, os jogos do Benfica, um ocasional episódio do «Family Guy» e pouco mais.
Mas estava farto de ver malta do blogue de Astronomia do AstroPT a dizer maravilhas da série e lá me decidi a ver afinal o que era aquilo.
De então para cá, vi todos os episódios já transmitidos. Viciei-me no divertimento, nas personagens, no trabalho dos atores, sobretudo Jim Parsons, na absoluta nerdice dos diálogos e na forma como a Ciência é ali tão bem tratada.
5 comentários
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Será que esta série define o que é comédia científica? 😉
Já tinha feito a relação com Archie Bunker de “Uma Família às Direitas”. Fico contente por não ter sido o único. Vi essa série na RTP Memória, mas, a verdade é que é uma das melhores que já vi, pelas suas piadas e ataques aos preconceitos. Mesmo antiga, não me parece nada desatualizada.
Quanto à “Teoria do Big Bang”, também só comecei a ver depois de divulgada aqui no blog, mas a verdade é que acabei por me viciar.
P.S.: Nesta última imagem, o Sheldon já está sentado no lugar que lhe compete.
falou do perfil do Sheldon mas esqueceu de falar da tendência homossexual dele,,,,,,,eu pessoalmente, entendam ai, o meu gosto,, não gosto por eles vulgarizarem as pessoas inteligentes, Não vejo graças em pessoas inteligentes sendo ridicularizadas, e não acho ser nerd sinonimo de inteligência. Sou muito mais Dexter, mas cada um com seu gosto né.
O Sheldon não é homossexual. Aliás, por quase toda a série, ele é no-sexual, ele não tem qualquer interesse nisso.
Entretanto, aparece a Amy, a namorada dele.
Mas mesmo assim, ele parece não ter qualquer interesse na relação íntima com ela.
abraços!
O termo correto seria assexuado