No dia 2 de Fevereiro comemora-se o Groundhog Day nos EUA.
Supostamente uma marmota consegue prever o tempo que vai estar nos próximos meses, só por olhar para a sua sombra.
E qual é o dia para ler folhas de chá numa chávena para prever a próxima chuva de meteoros?
Enfim…
Pessoalmente prefiro o filme com o mesmo nome (Groundhog Day – Feitiço do Tempo) que lida com viagem no Tempo – o Phil está sempre a voltar ao mesmo dia.
Claro que para isso acontecer, cientificamente falando, a Terra teria que estar sempre a voltar para trás no espaço, os outros planetas a mesma coisa, e por aí adiante; ou só o Phil (mesmo se morresse) é que entraria por um túnel espaço-temporal, sem se aperceber, que o levaria sempre para trás no tempo só um pouquinho na rotação da Terra e um pouco para trás no seu movimento de translação.
Adoro filmes com viagens no tempo.
Mas têm sempre o problema das pessoas viajarem no tempo, mas não no espaço; o que é absurdo. Ou seja, são sempre histórias cientificamente incorretas.
Mas deixemos a parte científica porque o filme até é giro e proporciona um bom entretenimento.
A verdade é que adoro este filme.
Phil é o apresentador do boletim meteorológico numa televisão local.
Ele vai a Punxsutawney para fazer a reportagem do Dia da Marmota.
Devido a uma tempestade de neve, é obrigado a ficar mais um dia em Punxsutawney.
O problema é que fica retido num loop temporal, que faz com que todos os dias em que acorda de manhã, sejam novamente o Dia da Marmota. Ele fica preso nesta repetição sempre do mesmo dia.
Assim, repete o mesmo dia, vezes sem conta – provavelmente milhares de vezes.
Ao reviver sempre o mesmo dia:
– primeiro fica aterrorizado;
– depois percebe que não existem consequências (já que há um reboot no final do dia);
– e por isso passa a aproveitar-se das mulheres, e seguidamente dedica-se a roubar dinheiro;
– depois tenta conquistar a sua paixão (a produtora do programa), forçando o interesse, teatralizando as suas acções (sem qualquer espontaneidade) e decorando as coisas sobre ela: não é genuíno;
– obviamente, fica sempre mal: não consegue atingir o seu objetivo;
– consequentemente, entra em depressão e tenta suicidar-se por várias vezes (acordando sempre posteriormente, no mesmo dia de manhã);
– seguidamente, decide aprender a tocar piano;
– depois ajuda os outros;
– tudo isto, enquanto se diverte na pequena localidade;
– só assim, consegue conquistar a produtora da sua reportagem;
– este amor genuíno tirou-o, finalmente, do loop temporal.
Este é um filme com uma lição de carácter.
Por exemplo, Phil é egocêntrico e arrogante. No final do filme, vai aprender a não o ser.
Este filme também tem uma forte crítica social: a maioria das pessoas estão “stuck”, presas, no mesmo local, onde todos os dias são iguais, onde veem sempre as mesmas pessoas, e onde nada do que fazem realmente interessa.
O filme é igualmente uma celebração das pequenas localidades.
Estas localidades, por vezes, têm tradições muito esquisitas: mal vistas e desdenhadas pela elite cultural das grandes cidades.
Gostei de ver o “pormenor” de Phil ser o nome do apresentador e também ser o nome da marmota.
Não gostei, obviamente, da promoção de ideias pseudo: a marmota como um ser profeta, vidente.
Gostei de ver Phil assumir que é um deus. Não é o Deus, mas sim um deus.
Ele diz que é imortal (não consegue morrer), nem sequer sofre arranhões, e sabe tudo sobre todos (já que vai sabendo coisas de todos à medida que os dias passam).
Assim, talvez seja este o truque que Deus usa, para parecer omnisciente: Deus sabe tudo, porque existe há muito tempo – os dias são sempre iguais para Deus.
Phil até sabe o que vai acontecer, porque é sempre a mesma coisa continuamente repetida.
Talvez com Deus se passe o mesmo…
Este é um conceito extremamente interessante (além de outras ligações religiosas).
Até porque um Deus exterior ao Universo teria certamente estas capacidades ao observar um universo cíclico (que se repetiria continuamente até ao final dos tempos).
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[…] de imortalidade, mas não sei se será apreciada. É um filme com uma premissa semelhante ao filme Groundhog Day – Feitiço do Tempo. É uma premissa também muito semelhante aos video-jogos. Os jogos de […]