Chandra Descobre Gigante Sobrevivente de Supernova

Uma equipa de astrónomos liderada por Fred Seward (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics) utilizou o telescópio espacial Chandra, que permite observar na banda dos raios-X, para identificar uma estrela que não só sobreviveu a uma supernova como ainda permanece em órbita de um objecto compacto, uma estrela de neutrões ou um buraco negro, nela criado.

Os astrónomos estudavam o remanescente de supernova designado por DEM L241 na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea situada a cerca de 160 mil anos-luz (figura seguinte).

LMC

DEM L241 foi identificada pela primeira vez em 1976 pelos astrónomos R. Davies, K. Elliott e J. Meaburn (DEM – Davies, Elliot, Meaburn). O remanescente encontra-se na periferia de uma região de hidrogénio ionizado (HII), face visível de uma maternidade estelar onde estrelas quentes e maciças, recém nascidas, ionizam os átomos das nuvens interestelares vizinhas. Sem dúvida a estrela que deu origem ao remanescente DEM L241 nasceu e viveu toda a sua vida neste local. A figura seguinte mostra o remanescente (filamentos azulados) e a região HII adjacente (amarelo,laranja) com base em imagens obtidas pelo Magellanic Cloud Emission Line Survey (MCELS).

A supernova remnant in the Large Magellanic Cloud about 160,000 light years from Earth.

As observações, realizadas com o telescópio espacial Chandra, dotado de uma excelente resolução espacial, detectaram uma fonte pontual de raios-X dentro do remanescente que coincide com a posição de uma estrela quente e maciça. A figura seguinte combina as observações do Chandra (raios-X, a púrpura) com a imagem anterior.

deml241_label

Observações da estrela que coincide com a fonte de raios-X detectada pelo Chandra, no espectro visível, permitiram determinar que tem um tipo espectral O5III(f), por outras palavras: uma estrela muito quente (O5), gigante (III) e que tem um vento estelar intenso ((f)). De facto, uma estrela destas tem uma temperatura superficial de 43 mil Kelvin, pelo menos 40 vezes a massa do Sol e uma luminosidade próxima de 1 milhão de vezes a da nossa estrela! Apesar destes atributos superlativos a estrela sozinha não pode ser a fonte dos raios-X. De facto, a equipa descobriu ainda que a estrela faz parte de um sistema binário com um período ainda mal definido mas que deverá ser na ordem das dezenas de dias. A misteriosa estrela companheira não é observável no espectro visível mas a intensidade dos raios-X detectados é consistente com a hipótese de se tratar de uma estrela de neutrões ou um buraco negro. Os raios-X seriam emitidos por gás ou vento estelar da estrela visível a cair no campo gravitacional de um tal objecto compacto, provavelmente através de um disco de acreção (figura seguinte).

xrbinaries

A estrela de neutrões ou o buraco negro, ainda está por determinar qual das hipóteses, deverá ter sido formada(o) na supernova que deu origem ao remanescente DEM L241. A estrela que explodiu faria parte de um sistema binário com a estrela visível e deveria ser a mais evoluída das duas, com uma massa inicial superior a 25, talvez mesmo 40, vezes a massa solar. Quando explodiu numa supernova deixou no seu lugar o remanescente DEM L241, o que sobra das suas camadas exteriores, enriquecidas em oxigénio, néon e magnésio, e o objecto compacto que agora orbita a estrela gigante visível que miraculosamente sobreviveu ao cataclismo. Este é um de apenas 3 exemplos conhecidos de sistemas binários de grande massa (HMXB – High Mass X-ray Binary) associados a remanescentes de supernovas.

Podem ver a notícia original aqui.

1 comentário

  1. Esta sobreviveu mas os astros menores e que poderiam abrigar vida devem ter sido pulverizados.

    interessante que essa “pulverização” pode aparecer em outro sistema solar depois de muito tempo como um pouco de chuva de meteoritos.
    E poderiam levar alguns micro-organismos que estariam como em hibernação.

    Tem alguns que em situação de muito frio se parecem mais com cristais doq com algum organismo vivo.

    E isto é a tal da Panspermia.

    Mesmo que o primeiro ser vivo deste mundo não tenha vindo de outro lugar.
    É muito provável que a Pansmermia aconteça em algum lugar no universo.

    Isso se acreditarmos que exista outras formas de vida no universo.
    Aí basta utilizar a estatística para perceber que são muitos os casos.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.