A vida no Universo pode ser mais rara do que se pensava.
Recentemente, um estudo para avaliar planetas potencialmente habitáveis em órbita de estrelas anãs vermelhas (que são as estrelas mais comuns no Universo, perfazendo cerca de 80% de todas as estrelas), mostrou que o ambiente espacial deverá retirar a atmosfera de planetas rochosos a orbitar na zona habitável deste tipo de estrelas.
A Terra está protegida de explosões solares e do ambiente espacial pelo seu campo magnético e pela distância à sua estrela.
Estrelas anãs vermelhas são mais pequenas e mais frias que o Sol. As zonas habitáveis ao redor de anãs vermelhas são mais próximas que ao redor do Sol. Assim, um planeta na zona habitável de uma anã vermelha, está sujeito a condições espaciais extremas (como CMEs). O novo estudo baseado em simulações de computador mostra que essas Ejeções de Massa Coronal provocarão espetaculares auroras e, juntamente com o vento estelar, gradualmente irão retirando a atmosfera ao planeta. Mesmo que esse planeta desenvolva um campo magnético, esse campo magnético irá enfraquecendo com os constantes “bombardeamentos”.
A juntar a isto, um planeta na zona habitável de uma anã vermelha deverá estar preso gravitacionalmente à estrela de modo a mostrar sempre a mesma face para a estrela. Ou seja, não deverá ter rotação em relação à estrela (tal como a Lua mostra sempre a mesma face para a Terra). Isto leva a que um dos lados esteja sempre de dia e do outro lado está sempre de noite. A atmosfera que estes planetas temporariamente desenvolvam, conterão furacões fortíssimos devido à diferença dia-noite contínua.
Leiam o comunicado de imprensa desta notícia, aqui.
Pessoalmente, sou bastante crítico destas notícias.
Primeiro porque é somente uma análise computacional. Estas análises dependem sempre das suposições que incluímos no computador para criar os modelos. Sendo que o Universo nos costuma surpreender, mostrando que a prática é mais importante que a teoria, penso assim que iremos ter surpresas também neste âmbito.
Segundo porque Zonas Habitáveis é uma expressão que deveria deixar de existir na astrobiologia. É uma expressão enganadora.
Terceiro, estamos sempre a falar de “vida tal como a conhecemos”. Parece-me uma forte limitação.
Por último, tendo em conta que a vida que conhecemos parece-nos mostrar que a “vida encontra sempre uma forma de sobreviver”, existindo vida adaptada a altíssimas pressões, a ambientes infernais e ambientes gelados, a ambientes sem qualquer luz, a ambientes carregados de enxofre, e até vida que resiste a elevadas doses de radiação, então não me surpreenderá que em planetas que estejam a ser bombardeados por elevadas doses de radiação, a vida não só suporta essa radiação mas quiçá até poderá utilizar essa radiação em seu proveito (como as plantas utilizam a fotossíntese). A existir vida nesses planetas, parece-me que esta evolução é bastante provável.
2 comentários
Já li um artigo parecido com este da matéria, falando que as anãs vermelhas não seriam o melhor tipo de estrela para abrigar vida, mas eu não descarto a possibilidade de a natureza nos surpreender como bem disse. Quem sabe um dia encontrem algum planeta na “zona habitável” de uma anã vermelha que tenha um movimento de rotação rápido (1 rotação a cada 5 ou 10 dias por exemplo)? Obviamente os cientistas não saberiam explicar o pq disto acontecer, mas aconteceria. Igual os cientistas não sabem explicar a recente descoberta da “hiper terra” que é um planeta rochoso com 17 vezes a massa da Terra que, pelos cálculos, não deveria existir, sua gravidade deveria ter agregado gases suficientes para se transformar em um gigante gasoso, mas não ocorreu.
Mas já li que a melhor estrela que poderia servir para abrigar a vida não é uma anã amarela como o nosso sol, mas uma anã laranja, que é menor que nosso sol. A justificativa diz que elas costumam ser menos propensas a ejeções de massa coronal como o nosso sol ou uma anã vermelha e o tempo de vida de uma anã laranja é maior que de uma anã amarela.
Concordo contigo Carlos e ainda tem a questão da variabilidade.
Mesmo que a maioria seja mesmo bastante instável ainda restaria uma minoria que pelo menos por algumas épocas (que poderiam durar bilhões de anos) seriam mais estáveis.
E isto ainda daria uma quantidade tão grande como a quantidade de estrelas do tamanho do Sol por exemplo.