A palavra é forte, mas estou convencido que nenhum dos finalistas do projecto MarsOne viajará algum dia para Marte. Este projecto inventado na cabeça de um engenheiro holandês, Bas Lansdorp, antigo empresário na área da energia eólica, pretende mandar quatro humanos para Marte em meados da próxima década com um bilhete só de ida. Infelizmente tudo não passa de um embuste. Acredito que o próprio Lansdorp tenha fé na trapalhada em que se meteu, mas sem querer enganou muita gente ao vender o sonho de uma viagem a Marte.
Para já, Lansdorp tem razões para estar contente. Teve 200 mil candidatos, na 1ª fase, muita publicidade mediática sem desembolsar um euro, alguns milhões de euros para manter o seu escritório na Holanda a funcionar e um contrato com a Darlow Smithson Productions (DSP), pertencente à Endemol, para filmar em formato de reality-show a selecção e formação dos primeiros concorrentes a futuros astronautas. Entre os 705 candidatos escolhidos para a 2ª fase, estão três portugueses que sonham com uma ida a Marte. É pena que tenham sido enganados. Um dos candidatos é uma arquitecta de Santa Maria da Feira, que teve uma grande notícia no Público. A Gracinda gostava de ir a Marte, mas ficará mesmo pelo sonho. Ela e todos os outros que se meteram nesta aventura.
O projecto tem tantas fragilidades, que nem vale a pena falar muito, mas assinalaria só o custo previsto: 4400 milhões de euros. Há muitos anos que a NASA tem planos para missões tripuladas a Marte, especulando-se valores na casa dos 140-200 mil milhões de euros. Como é que agora aparece alguém a dizer que vai a Marte por uma trigésima ou quadragésima parte desse valor?
3 comentários
“4400 milhões de euros. Há muitos anos que a NASA tem planos para missões tripuladas a Marte, especulando-se valores na casa dos 140-200 mil milhões de euros. ”
Que argumento mais pobrezinho….
Isto quase de certeza que nunca irá dar em nada (e espero estar errado!), mas usar como argumento um orçamento que alguém tirou do rabo com outro orçamento que outro alguém tirou do rabo até fica mal neste blog que se costuma pautar pela excelência.
Já para nem falar que ainda por cima nem se estão a comparar coisas distintas, pois a NASA nos inúmeros planos mais ou menos sérios que fez para levar humanos desde os anos 70 até hoje, nunca lhes passou pela cabeça que fosse uma viagem só de ia, pois tal conceito seria inconcebível em termos políticos, mesmo que haja muita gente na organização (Buzz Aldrin, p.e.) que achava que seria a melhor forma de levar humanos até Marte.
Fico ansiosamente à espera do artigo a dizer que a Space X não existe porque consegue levar objetos para órbita a custos muito mais baixos do que a NASA.
O custo é muito menor porque estes vão de comboio. E a alimentação fica por conta do passageiro.
Meu marido sempre achou que esse projeto era uma furada.