The Faculty (Prova Final / Mistério na Faculdade) é um filme de 1998.
Enquanto vivi em Portugal e no Reino Unido, nunca tinha ouvido falar deste filme. No entanto, quando comecei a dar aulas de astrobiologia nos EUA, vários alunos sugeriram que eu visse este filme, porque se tinha tornado um filme de culto.
Vi o filme e realmente gostei.
O filme conta a história de um grupo de alunos numa escola secundária (ensino médio) que se apercebem que alguns dos seus professores e colegas vão mudando as suas atitudes e personalidades, como se estivessem possuídos por uma entidade diferente.
Na verdade, entidades extraterrestres apoderaram-se gradualmente dos seus professores e colegas.
2 alunos provam isto, ao verem que dois professores atacam a enfermeira da escola e inserem no seu ouvido um parasita, que a torna numa pessoa diferente – menos emocional e mais conformada.
Os extraterrestres controlam os professores e alguns alunos…
Assim, alguns estudantes vão ter que que lutar contra esta invasão alienígena.
Em primeiro lugar, percebem que inserir algumas drogas nos extraterrestres parasitas, faz com que eles morram.
Em segundo lugar, percebem que se matarem a rainha dos parasitas, todos os parasitas morrem, e as pessoas voltam a ser normais, humanos.
A rainha extraterrestre vive no corpo da aluna nova da escola, que é belíssima e muito simpática. Ela explica que o seu planeta está a morrer, por isso têm que conquistar a Terra.
Um dos alunos consegue matá-la.
No final, um mês após estes acontecimentos, toda a gente na escola parece ter voltado ao normal…
Pessoalmente, gostei do filme.
É um filme “leve” e interessante.
O filme inclui os famosos Jon Stewart, “Frodo”, e Salma Hayek.
O filme supostamente é de terror psicológico, sobretudo se a audiência for de jovens estudantes. Mas sinceramente, não vi qualquer terror…
Não entendo porque os alunos continuam a ir à escola, se têm medo dos professores e dos outros alunos.
Não entendo porque matando a rainha, todos os parasitas morrem.
Não entendo como a enfermeira e o polícia são assimilados tão rapidamente.
Deveria levar algum tempo até ficarem “ajustados”. Não só psicologicamente, mas até na aparência (já que há sangue envolvido – arrebenta-se o tímpano -, por exemplo).
Não percebo porque a aluna nova (rainha dos alienígenas) não assimila os outros 5 alunos, quando teve inúmeras oportunidades para o fazer.
Os alienígenas assimilaram todos os professores e alunos, menos esses 5. Não faz sentido.
Não entendo como a diretora da escola, morta e desfigurada, volta a ficar “normal” de aparência.
Mas a verdade é que acontece o mesmo à professora tímida, Miss Burke.
Por isso, talvez os alienígenas consigam “limpar o exterior” quando assimilam a pessoa. Têm formas de regenerar a pele.
É absolutamente irrealista os dois alunos não assimilados vencerem os alienígenas. Não faz sentido.
A rainha explica que o planeta dela está a morrer, mais precisamente a ficar sem água, a secar.
Mas porque vêm à Terra? Existe água por todo o Universo, e não teriam que lutar com ninguém.
O problema destes filmes é o geocentrismo psicológico: assumem sempre que a Terra é o local mais importante no Universo, por isso é que os extraterrestres cá vêm.
A extraterrestre também explica que devido a perderem o planeta, o seu povo sente-se perdido… tal como os jovens humanos se sentem um pouco perdidos naquela altura da sua vida.
O filme, consciente ou inconscientemente, adverte para os perigos do desconhecido… neste caso, para o perigo das pessoas novas, que chegam e que não sabemos bem quem são.
Este é um sentimento que pode puxar por sentimentos nacionalistas, racistas e xenófobos.
O filme também fomenta a paranoia: quem é humano e quem não é? Não se sabe…
É curioso que no filme, os “excluídos” na escola unem-se.
Eles não querem aderir a uma sociedade onde todos são iguais e onde todos fazem parte do coletivo. No filme, é uma sociedade alienígena, mas na verdade o filme está a criticar os grupos humanos que utilizam esse tipo de sistema, seja na política, na escola, no trabalho ou no grupo de amigos.
Basicamente, o filme mostra que ser diferente é bom!
O filme tem mensagens claras: não devemos ceder ao controlo sem sentido crítico (mindless control), temos que estar atentos à alienação de alguns jovens, e sobretudo devemos combater o conformismo. Como é dito no filme, o conformismo é apelativo, já que permite ter poder, ordem e segurança; no entanto, para progredirmos, precisamos combater esse conformismo que se abstém.
Gostei especialmente da frase: “If you were going to take over the world, would you blow up the White House ‘Independence Day’ style, or sneak in through the back door?”
O filme tem parecenças com vários filmes, apesar de ter os jovens como audiência-alvo.
Existe uma homenagem à excelente ficção científica, até porque eles mencionam alguns filmes durante os diálogos. Provavelmente os filmes mais homenageados são: Invasion Of The Body Snatchers, The Thing e Eles Vivem.
Conclusão: o filme é realmente muito bom, proporcionando um agradável entretenimento.
1 comentário
Mais do mesmo (More of the same). Os ET’s estão entalados e tem que vir para a Terra arremessar lama para a ventoinha…