O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko numa sequência de 36 imagens obtidas pela câmara de ângulo fechado do sistema de imagem OSIRIS da sonda Rosetta, a 14 de Julho de 2014, a uma distância aproximada de 12 mil quilómetros. A esta distância ainda não é possível resolver pormenores da superfície, pelo que as variações na sua textura poderão ser apenas falsas interpretações da câmara.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para a equipa OSIRIS/MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA.
À medida que a sonda Rosetta se aproxima do seu alvo, o sistema de imagem OSIRIS vai revelando aos poucos um objecto verdadeiramente surpreendente. Imagens divulgadas esta semana mostram que o núcleo do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko é, na verdade, constituído por dois componentes distintos! Um dos segmentos parece ser consideravelmente alongado, enquanto que o mais pequeno apresenta uma aparência mais bolbosa. “As imagens recordam-me vagamente um patinho de borracha com um corpo e uma cabeça”, disse o responsável pelo projecto OSIRIS Carsten Güttler.
Apesar dos binários de contacto serem relativamente comuns entre os cometas, o seu mecanismo de formação é ainda um foco de intenso debate científico. Uma das hipóteses mais populares sugere que estes objectos resultam de colisões a baixa velocidade, ocorridas no início da formação do Sistema Solar. Se o núcleo de 67P/Churyumov-Gerasimenko foi criado desta forma, então os seus componentes deverão ter colidido a uma velocidade relativa de apenas 3 metros por segundo.
Outra possibilidade é a de que o núcleo do cometa tenha sido esculpido pela força gravitacional de um objecto massivo como, por exemplo, Júpiter ou o Sol. Os cometas são objectos muito frágeis, pelo que se fragmentam com relativa facilidade quando são sujeitos a fortes tensões gravitacionais.
Outras hipóteses apontam ainda para a sublimação de quantidades substanciais de gelo em bolsas localizadas junto à superfície, ou para a destruição de parte significativa do núcleo provocada por um impacto quase catastrófico.
“Nesta altura vemos imagens que sugerem uma forma consideravelmente complexa, porém há ainda muito para aprender antes de avançarmos para conclusões, não só em termos do significado que isto poderá ter para a investigação científica dos cometas em geral, mas também em relação ao nosso planeamento das observações científicas e dos aspectos operacionais da missão, tais como a trajectória orbital e a aterragem”, afirmou o responsável da missão Fred Jansen.
“Necessitamos de realizar análises detalhadas e criar modelos da forma do cometa para determinar a melhor estratégia de navegação em redor de um corpo com uma configuração tão invulgar, tendo em conta o controlo da trajectória e a astrodinâmica, os requisitos científicos da missão, e os elementos relacionados com a aterragem, como a análise do local de aterragem e a visibilidade entre as duas sondas. Mas com menos de 10 mil quilómetros para percorrer antes do encontro de 6 de Agosto, as questões em aberto serão respondidas em breve.”
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