Cosmos – sétimo episódio

Cosmos Clean Room

7 – Sala Limpa (The Clean Room)

Este episódio explica os métodos e os processos, ou seja a ciência, que nos permitiram determinar a idade da Terra.

Ao fazer isto, o episódio celebra o trabalho do geoquímico Clair Patterson e a sua campanha para retirar o elemento chumbo, uma neurotoxina, da gasolina.

O título do episódio é uma referência às tentativas de Patterson para esterilizar o seu laboratório, já que ele percebeu que os seus resultados eram inconsistentes devido à contaminação do chumbo.

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Após referir a origem dos elementos nos corações de estrelas, Tyson descreve como a Terra se formou com a matéria a juntar-se/coalescer milhões de anos após a formação do Sol.
No entanto, as únicas evidências que temos do passado terrestre são só algumas centenas de milhões de anos, que podemos ver nos estratos geológicos.
O resto são evidências indiretas, de impactos e de meteoritos, que nos permitem ver mais longe no tempo terrestre.

Seguidamente, Tyson descreve o trabalho de Patterson como estudante de doutoramento, em que mediu o chumbo no zircão da Cratera Meteoro (Cratera de Barringer), no Arizona. Com este resultado e com a investigação de George Tilton sobre a quantidade de urânio nos mesmos grãos de zircão, e sabendo a meia-vida do urânio radioativo que o faz decair para chumbo, então pode-se estimar a idade da Terra.

No entanto, Patterson descobriu que os seus resultados estavam contaminados com chumbo, devido ao ambiente da sala, e por isso decidiu construir uma sala limpa, que estivesse completamente esterilizada (sem chumbo no ambiente).
Com os novos resultados, a partir da sala limpa, Patterson estimou que a idade da Terra era 4,5 mil milhões (bilhões, no Brasil) de anos (muito longe das estimativas iniciais, religiosas, baseadas na Bíblia, do arcebispo irlandês James Ussher em 1650 que colocava a criação da Terra no sábado 22 de Outubro de 4004 a.C. às 18 horas).

A seguir, Patterson tentou descobrir quais eram as fontes de chumbo. O chumbo é prejudicial aos Humanos, mas tem sido bastante consumido pelos humanos – até o Império Romano tinha minas de chumbo.
Patterson descobriu que o chumbo só existe à superfície terrestre devido aos humanos.
Também descobriu que o maior uso de chumbo encontra-se na gasolina.
Daí que Patterson começou uma campanha contra o uso do chumbo, o que levou a algumas restrições governamentais no uso do chumbo na gasolina.

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Este é mais um episódio muito bom.

Enquanto nos episódios anteriores, Tyson tentou explicar como funciona o nosso mundo do dia-a-dia, neste episódio o foco foi diferente: o episódio destina-se a inspirar as futuras gerações de que uma única pessoa pode fazer a diferença e mudar o mundo.

O episódio mostra como um homem “insignificante” num canto obscuro do Iowa pode mudar o mundo.

Da mesma forma, mostra que uma pessoa ao utilizar a ciência como uma ferramenta para o bem, pode tornar o mundo muito melhor para todos nós.

O episódio demonstra claramente que a investigação científica é importante e pode mudar o nosso mundo para melhor.

O episódio, além da ciência, celebra os feitos de um ambientalista.

Este episódio quase que poderia ser um documentário sobre a vida de Clair Patterson, sendo que a ciência é o herói e a Corporação Ethyl o vilão.

Aliás, o próprio episódio diz que, ainda hoje, existem empresas (e políticos) a manipular os dados científicos de modo a promover as suas ideologias políticas e económicas (ex: alterações climáticas).
No entanto, como diz Tyson, no final a verdade é sempre dada pela natureza e não por interpretações pessoais.

O episódio foi bastante criticado por uma frase que Tyson disse.
Tyson afirmou que uma das razões que contribuíram para a queda do Império Romano foi o envenenamento por chumbo, devido à concentração de chumbo que existia na água de Roma.

Vi no episódio uma mensagem crucial de educação científica: a importância de uma “sala limpa”.
Isto não é só para ser entendido literalmente (esterilização), mas também no sentido que a ciência deve estar livre de “sujidade inicial”, ou seja, as pessoas que fazem ciência não podem ter ideias pré-concebidas sem evidências concretas – não podem existir ideologias políticas, económicas, etc.

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2 comentários

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  1. Penso já ter visto todos os episódios. O que mais me cativou foi o 7º “Sala limpa” sobre a idade da Terra e a contaminação c chumbo provocada pela humanidade. Relaciono esta situação com a actual sobre os glifosatos da Monsanto e outros produtos da Bayer, usados na indústria agro-alimentar.
    Muito obrigado a Tyson, que aprecio particularmente. Muito obrigado a Carlos Oliveira pela compilação e acessibilidade. Ambos divulgadores de Ciência. Creio que ambos pessoas que prezam a seriedade e as limitações do saber.
    antónio

    • Graciete Virgínia Rietsch Monteiro Fernanbdes on 21/08/2014 at 19:25
    • Responder

    A ciência exige uma mente absolutamente aberta à investigação independentemente de quaisquer ideologias políticas ou economicistas. E tenho a certeza de que o avanço da Ciência, nestes moldes, contribuirá para um Mundo bem mais feliz.
    Preciso mesmo de ver, de novo, a série porque agora é que eu a compreenderia mesmo bem.
    Um abraço.

  1. […] – Sala Limpa (The Clean […]

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