Um dos instrumentos da sonda Rosetta, o ROSINA (Rosetta Orbiter Sensor for Ion and Neutral Analysis), tem vindo a recolher amostras do gás libertado pelo cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Como o cometa se encontra ainda a 400 milhões de km do Sol, os cientistas da missão esperavam observar apenas as moléculas mais voláteis — o monóxido de carbono (CO) e o dióxido de carbono (CO2), no gás libertado pelo cometa. Para surpresa da equipa, os dados obtidos com o ROSINA mostram que o gás contém uma grande variedade de moléculas.
Em 11 de Setembro, resultados preliminares do ROSINA mostravam a presença de água (H2O), monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), amoníaco (NH3), metano (CH4) e metanol (CH3OH) — o álcool mais simples. Novos resultados, divulgados no dia 23 de Outubro pela ESA, juntam a esta colecção mais 5 moléculas (e os respectivos odores):
- formaldeído (H2CO) — odor a morgue, teatro anatómico;
- sulfeto de hidrogénio (H2S)— odor a ovos podres;
- cianeto de hidrogénio (HCN) — odor a amêndoas amargas;
- dióxido de enxofre (SO2) — odor semelhante ao do vinagre;
- dissulfeto de carbono (CS2) — odor semelhante ao do éter.
Não é propriamente um Chanel #5, mas para um cometa que começa a aquecer, rumo ao periélio, é uma mistura muito prometedora.
(Fonte: ESA/Rosetta)
2 comentários
Esta descoberta ajuda a reforçar a ideia de que os componentes da vida na Terra vieram dos cometas?
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Olá Jaculina,
Tanto quanto sei, nenhuma destas moléculas é novidade. Isto é, estas moléculas já tinham sido detectadas noutros cometas. Mas sim, no Sistema Solar primordial, a Terra teria sido bombardeada intensamente por cometas que provavelmente trouxeram para o nosso planeta muita da água existente nos oceanos e moléculas complexas de carbono, incluindo aminoácidos ou pelo menos as suas moléculas percursoras.