Interestelar – a minha análise

Já falamos bastante do filme Interstellar, neste conjunto de artigos.

No entanto, no fim-de-semana passado fui ver este filme, e fiz algumas considerações sobre ele, que gostaria de partilhar convosco.

Como estive nesta altura em Portugal, não o vi em IMAX, como estou habituado a ver filmes na última década, daí que a minha crítica ao filme possa sofrer dessa “limitação”. No próximo mês verei se a minha experiência em IMAX faz o filme tornar-se muito melhor.

Por outro lado, antes de lerem a minha análise (do que gostei, do que não percebi e do que não gostei), por favor leiam as análises do Carlos Fiolhais, do Ricardo Amarante, e do Marco Santos.
São excelentes análises, que apesar de muito diferentes entre si, para mim são todas essenciais para se compreender o filme na sua totalidade.
Vou tentar não repetir pontos que eles já disseram… (por isso, se quiserem ler pontos que não estão na minha análise, têm mesmo que ler as análises deles)

Nota prévia: gostei bastante do filme!

Já o vi 3 vezes, e foi sempre em crescendo: cada vez gosto mais do filme!
Será porventura, um dos melhores filmes de ficção científica de sempre!

interstellar-poster

Neste filme, uma equipa de exploradores viaja através de um buraco negro, na tentativa de assegurar a continuidade da espécie humana.

As reservas naturais da Terra estão a esgotar.
O grupo de astronautas tem como missão: verificar possíveis planetas com condições habitáveis, de modo a que o que resta da civilização humana possa se mudar para lá.
A missão é teoricamente suicida, já que os astronautas, ao passarem pelos portais no espaço-tempo, não mais voltarão ao tempo em que estavam.
O objetivo é evitar a extinção da Humanidade.

Adorei:

– existir muita ciência explicada e visualizada, sobretudo em termos de Relatividade, nomeadamente a Dilatação do Tempo.

– a parte artística do filme é excelente!

– os planetas bastante imaginativos. As imagens dos planetas são fenomenais. Esquecendo a ciência e olhando só para os efeitos visuais, ter planetas de água com enormes ondas ou planetas com montanhas (nuvens) suspensas de gelo, é fabuloso.

– a inclusão do movimento de assistência gravitacional pelo horizonte de eventos do Gargantua.

– a explosão da nave em milhares de detritos. Na altura em que se dá a explosão, a câmera passa para ver ao longe, a partir do espaço, e o som deixa de existir. Vê-se a explosão, mas é um silêncio total. Fantástico!
(o mesmo se passou nas acoplagens da nave. Vêem-se os ganchos a prender, mas não há qualquer som espacial. Fabuloso!)

– o início do filme com a inclusão de depoimentos históricos autênticos sobre os Dust Bowls na década de 1930.

– Cooper dizer à filha que ela não deve acreditar/falar em fantasmas, mas deve sim registar o que acontece, descrever os factos, analisar essas evidências, e ir avaliando as hipóteses para chegar ao “como” e ao “porquê”. Ou seja, Cooper diz à filha que a única forma de compreender o mundo ao seu redor é pela ciência.

– a parte final do filme em que ele anda pela 5ª dimensão, sendo que para isso os seres que criaram essa “tecnologia” (seres que milhões de anos antes eram humanos), conseguem controlar perfeitamente a gravidade e o tempo. O facto de serem “humanos” no futuro (após muito evoluírem) que distorcem o espaço-tempo e controlam a 5ª dimensão é excelente.

– a manipulação da gravidade, utilizando o código morse, para mexer no ponteiro dos segundos do relógio.

– a citação: “A Humanidade nasceu na Terra, mas não tem de morrer nela.”

– a NASA, a ciência e o conhecimento salvarem a Humanidade.

Não Compreendi ou Estou Indeciso se é Bom ou Mau:

– não compreendi o que é a 5ª dimensão no filme.

– não percebi porque Cooper vai buscar Amelia no final. Cooper é apanhado por uma estação espacial que já existe (assume-se há muitos anos) no sistema de Saturno. Ou seja, há muito tempo que já existia a possibilidade de alguém ir ter com Amelia. E ninguém foi.

– além disso, Cooper não sabe que o cientista Wolf Edmunds morreu, e sabia que Amelia estava apaixonada por ele e eles tinham uma relação. Por isso, ele tem que assumir que eles estão juntos no novo planeta. Não faz sentido ele ir atrás de Amelia.

– Amelia, mal chega ao planeta de Edmunds, tira o capacete. Afinal, o ar lá é respirável. Por isso, é o planeta mais parecido com a Terra (parece ter as concentrações certas de elementos químicos na atmosfera). Além de isto ser uma enorme coincidência – que não deveria ter existido, a não ser que esse planeta tenha inclusivé vida terrestre – fico sem perceber então porque não foram imediatamente a este planeta e porque Edmunds morreu.

– não entendo porque o Dr. Mann faz explodir o seu robot e a sua nave. Ou melhor, porque ele monta uma armadilha no robot de modo a fazer explodir tudo, se tinha assumido que nunca mais iria ver ninguém?

– não se percebe, nem é explicado, como uma mera nave feita pelos humanos na Terra consegue sobreviver ao passar o horizonte de eventos de um buraco negro, consegue viajar a velocidades próximas da luz (superior ou inferior), e como consegue existir num ambiente do buraco de minhoca. Para tudo isto seria preciso “matéria exótica”. Ou seja, não fazemos ideia de como isto poderia ser feito, com que materiais. O que se sabe é que na Terra esses materiais não existem, e a nave foi feita por pessoas que vivem na Terra. Além de que, à velocidade da luz, a massa da nave deveria tender para o infinito…

– a NASA recebeu informação/sinais em código binário dos mundos explorados pelos 12 pioneiros. Mas esses astronautas iniciais não vieram de volta, nem podiam (segundo é assumido no filme). Então porque é enviado Cooper e é assumido que ele voltará? O Dr. Brand diz que vai resolver o problema, a equação da gravidade, mas diz que só quando Cooper voltar é que ele terá o problema resolvido. Assim, como pode existir essa expectativa de Cooper voltar?

– as acoplagens foram demasiado rápidas. É certo que para filme tinha que ser assim, porque se demorassem o tempo que demora no 2001, tornava-se mais realista mas muito mais chato.

– a ideia de que a nossa empatia só vai até aos que nos são mais próximos. Tendo a concordar, mas há algumas pessoas que fazem muito por desconhecidos.

– gostei da ideia de que a gravidade permite comunicar entre dimensões e pelo tempo, já que a gravidade transcende/atravessa as dimensões de tempo e de espaço. Não gostei da ideia de que o amor também faz isso. É confundir ciência com sentimentos. No entanto, compreendo que o filme além de ser uma celebração da Gravidade (da Ciência), também é uma celebração do Amor.

– adorei a forma como os cientistas foram retratados (na personagem Murphy) e detestei a forma como os cientistas foram retratados (na personagem Amelia), sendo que fiquei indeciso quanto à personagem do professor Brand.

– gostei bastante dos robots, que me fizeram lembrar os famosos robots de Star Wars (R2-D2, e sobretudo C-3PO). Servem muito bem como comic relief. No entanto, em termos tecnológicos, parecem-me algo limitados (e com ar retro), para uma civilização que viaja entre planetas.

– adorei terem falado no objeto esférico. No espaço em 3 dimensões, realmente veríamos uma esfera (tal como as estrelas ou planetas), e não algo plano como é costume vermos a representação numa folha de papel ou num ecran de computador. No entanto, um buraco de minhoca seria “visto” de forma cilíndrica (porque é uma passagem) para dentro, e não como uma esfera.

– percebo porque o filme não diz explicitamente isso, mas não gostei de ver que Cooper já sabe que a sua aventura vai dar resultado. Se não desse, então os seres que andam pela 5ª dimensão, e que são o futuro dos humanos, não existiriam.

– percebo o geocentrismo psicológico inerente a querer voltar àquele momento no tempo, para mandar uma mensagem para a filha. Mas fico com incertezas sobre a causalidade. Se ele não tivesse viajado, não teria enviado a mensagem para trás no tempo (“FICA”), que a sua filha iria ler quando era pequena e estava com ele. Se ele tivesse “ficado”, não conseguiria enviar a mensagem a dizer para ficar. Como não ficou, e ele sabe que não ficou, então para quê enviar uma mensagem que ele sabe que é irrelevante? É só mesmo uma forma de juntar as pontas temporais na linha de continuidade do filme… Além disso, parece-me uma defesa do determinismo: ele vai de certeza viajar; isso já está determinado, quer ele envie a mensagem ou não.

– falaram de várias ideias da pseudociência, sobretudo a conspiração do Homem não ter ido à Lua. O filme mostra claramente, para mim, que essas ideias são fruto da ignorância e da estupidez das pessoas. O filme também critica claramente o Criacionismo, porque liga essas conspirações ao perigo de as trazer para as salas de aula, levando à imbecilidade dos alunos. O filme mostra claramente que é a ciência que levará à sobrevivência da Humanidade. E esta mensagem é fantástica. No entanto, temo (até porque já vi algumas mensagens na internet nesse sentido) que os extremistas ignorantes vejam as referências às conspirações como uma validação das suas crenças, e é muito difícil combater essa dissonância cognitiva.

Detestei:

– Cooper ter utilizado diversos códigos (Morse e Binário). Devia ter utilizado só um código; seria mais fácil para “interpretar os sinais”.

– antes de um buraco de verme, buraco de minhoca, wormhole, existe um buraco negro. A “porta de entrada” para uma travessia num teórico buraco de minhoca, é um buraco negro, assim como a sua porta de saída é um teórico buraco branco. O buraco de verme é só a passagem, a travessia, entre buracos negros (ou entre buraco negro e buraco branco). O filme dá a entender que não estão ligados.

– não se vê estrelas num buraco de verme. Nessa altura, este filme fez-me lembrar o filme 2001, com as estranhas e psicadélicas luzes sem sentido.

– não faz sentido procurarem (e existirem!) planetas habitáveis perto de buracos negros. Obviamente que se querem procurar planetas habitáveis ou minimamente semelhantes à Terra, têm que procurar em órbita de estrelas minimamente semelhantes ao Sol. Existe muita maior probabilidade nesses locais. Percebo que para a história era importante o buraco negro ter um papel central. No entanto, àquela distância de que falam, os planetas deviam estar despedaçados, ou no mínimo não terem qualquer gelo de água, água líquida, atmosfera, etc. É completamente errado.

– da mesma forma, não faz sentido irem para tão longe procurarem planetas potencialmente viáveis, quando Marte é melhor do que quase todos eles e Marte está aqui perto. Aliás, com toda a tecnologia que aplicaram na viagem e adaptação de um potencialmente habitável exoplaneta, não seria melhor “consertar” a Terra?

– após a luta no planeta de gelo, o Dr. Mann parte o capacete de Cooper. Se ele está com dificuldades em respirar porque a atmosfera é maioritariamente de amónia/amônia/amoníaco, então Cooper devia morrer ou no mínimo ficar muito mal. Já para não falar da despressurização. Se é possível viver com um capacete partido, então porque andam de fato e capacete?

– quando está na estrutura a 5 dimensões, hipercubo, com tesseratos, Cooper vê momentos (no quarto da filha) em inúmeras salas. Por cada momento, uma nova sala. Sendo que esse conjunto de momentos diz respeito a um certo espaço de tempo, que foi ao tempo que ele quis voltar. Ou seja, supostamente ele pode voltar ao tempo que quiser, pode voltar a um tempo antes das tempestades de pó, pode voltar a um tempo em que a Terra era luxuriante e tentar mudar algo para não existirem milhões de mortos ou com doenças cardio-respiratórias, etc. Mas não. Prefere voltar a um tempo em que ele e a filha são os principais protagonistas. É bom para o filme, mas detesto o geocentrismo psicológico.

– a mesma crítica vai para o facto de que os “futuros humanos” enviam o “buraco de minhoca” precisamente para aquela época ao redor de Saturno. Primeiro, sendo eles seres de 5 dimensões, não precisariam disso para melhorar a condição humana. E em segundo lugar, porque preferiram interferir naquele momento, em detrimento de inúmeros momentos na história humana, com milhões de mortos? Novamente, parece-me que os humanos daquele tempo se sentem muito especiais… são os “escolhidos pelos deuses”.

– o final é uma porcaria. Se o filme queria ser minimamente credível e imaginativo, e se queria que o Cooper voltasse à Terra, então teriam obrigatoriamente que ter passado milhares de anos na Terra. Cooper voltava jovem, mas veria que toda a gente que conheceu já tinha morrido há milhares de anos.

– o mesmo se passa em relação a Cooper voltar para a Amelia. Para quê? Para ela, perto de um buraco negro, passaram meros minutos, mas para ele passaram muitos anos. Caso ele chegue a ela, ele já chegará bem velho enquanto ela está praticamente igual.

– o final incrivelmente lamechas era completamente dispensável. Ele até poderia entrar num objeto que lhe permitisse pensar estar na 5ª dimensão, mas depois a conversa com a filha e sobretudo o “voltar são e salvo para a filha idosa” faz-me perguntar ao Nolan: “Porquê? Porque estragaste o filme com um final tão blahhhh?”

35 comentários

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  1. Gente para mim o Edmund não morreu!

    1. Porque ela chega e vê um acampamento montando todo iluminado!

        • Carlos on 14/12/2018 at 16:03

        claro que morreu , ela enterra ele e tudo , o acampamento foi ela quem montou

    • Marcos Willians on 11/12/2015 at 18:57
    • Responder

    Ainda pode enviar opiniões sobre o filme por aqui???

    1. Sim, claro 😉

  2. “– quando está na estrutura a 5 dimensões, com tesseratos, Cooper vê momentos (no quarto da filha) em inúmeras salas. Por cada momento, uma nova sala. Sendo que esse conjunto de momentos diz respeito a um certo espaço de tempo, que foi ao tempo que ele quis voltar. Ou seja, supostamente ele pode voltar ao tempo que quiser, pode voltar a um tempo antes das tempestades de pó, pode voltar a um tempo em que a Terra era luxuriante e tentar mudar algo para não existiram milhões de mortos ou com doenças cardio-respiratórias, etc. Mas não. Prefere voltar a um tempo em que ele e a filha são os principais protagonistas. É bom para o filme, mas detesto o geocentrismo psicológico.”

    Pelo contexto do filme ele decidiu voltar a um momento onde o fim do planeta era iminente. Por mais que a terra já tenha passado por diversas guerras, doenças, milhões de mortes, pelo que o filme apresenta, essa praga seria pior que tudo isso, não só por dizimar milhões de pessoas, mas também por subtrair toda e qualquer probabilidade de reconstrução da humanidade, visto que a praga também afetaria os aspectos biológicos, climáticos… tornando o planeta inóspito, então Cooper não retornou no momento errado.

    • Dinis Ribeiro on 05/04/2015 at 11:40
    • Responder

    Quando posso arranjar mais uns minutos, tenho continuado a coligir elementos para a minha análise do filme… a tentar aprofundar a análise…

    Ultimamente tenho estado a pensar sobre a dinâmica da colaboração entre os irmãos Nolan (Christopher e Jonathan)

    http://en.wikipedia.org/wiki/Jonathan_Nolan / http://en.wikipedia.org/wiki/Christopher_Nolan

    Por isso tenho estado a “estudar” a colaboração dos Warner (http://en.wikipedia.org/wiki/Warner_Bros.), dos Strugatsky, e de vários outros… pois para mim o filme é um “fenómeno sociológico” de onde se pode extrair diversos tipos de informação…

    Da mesma maneira que em estatigrafia ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Estratigrafia), se pode obter informação sobre a geologia, ao pensar na evolução do argumento, podemos (ver?) imaginar várias camadas, e isso é uma ideia que eu já tinha tido ao pensar no filme como uma http://pt.wikipedia.org/wiki/Matriosca

    Citação de: http://en.wikipedia.org/wiki/Matryoshka_doll

    Matryoshkas are used metaphorically, as a design paradigm, known as the “matryoshka principle” or “nested doll principle”. It denotes a recognizable relationship of “object-within-similar-object” that appears in the design of many other natural and crafted objects. Examples of this use include the Matrioshka brain and the Matroska media-container format.

    The onion metaphor is of similar character. If the outer layer is peeled off an onion, a similar onion exists within. This structure is employed by designers in applications such as the layering of clothes or the design of tables, where a smaller table nests within a larger table, and a smaller one within that.

    Já agora, o local de onde Cooper consegue empurrar os livros para fora da estante, (teoricamente?) poderia muito bem ser gerado por algo deste tipo: http://en.wikipedia.org/wiki/Matrioshka_brain

    Christopher Nolan sugere que vejam ‘Interestelar’ mais de uma vez para entendê-lo
    http://cinepop.virgula.uol.com.br/christopher-nolan-sugere-que-pessoas-vejam-interestelar-mais-de-uma-vez-para-entende-lo-92230

    Nolan confirma: primeiro final de Interestelar seria trágico
    http://agambiarra.com/final-de-interestelar-seria-tragico/

    Jonathan Nolan fala do final alternativo para “Interstellar”
    http://filmspot.pt/artigo/jonathan-nolan-fala-do-final-alternativo-para-interstellar-6486/

    O irmão do realizador deu a entender que preferia um desfecho mais negro e simples do que consta da versão final.

    A opinião de Nolan surgiu perante uma plateia de físicos, engenheiros e estudantes, em Pasadena, na Califórnia, num evento de promoção do lançamento de “Interstellar” em Blue-ray e DVD.

    Na companhia de Kip Thorne, conselheiro científico da produção e autor de algumas das teorias em que se baseia a história, Jonathan Nolan, co-autor do argumento, falou da sua ideia à audiência.

    Por ele, o buraco de verme – ou ponte de Einstein-Rosen, como é referido nos meios científicos – teria colapsado à passagem de Cooper e a personagem de Matthew McConaughey simplesmente não teria sobrevivido.

    O filme terminaria, dessa forma, num tom dramático, com o sacrífício do herói, mas sem certezas sobre a sobrevivência da humanidade.

    O cientista Kip Thorne também deu a conhecer uma importante diferença de opinião com Christopher Nolan.

    Segundo ele, “as anomalias gravitacionais que apontaram Cooper e a sua filha em direção aos restos da NASA eram inicialmente ondas gravitacionais emanadas da destruição de uma estrela de neutrões através de um buraco negro.

    “Uma vez que as ondas só poderiam ser produzidas por algo tão catastrófico, diferente de tudo o que existe no nosso sistema solar, as ondas estariam a sair de algum buraco de verme perto de nós”, explicou Thorne.

    O único método de deteção deste tipo de ondas no planeta Terra é o LIGO, ou Laser Interferometer Gravity-Wave Observatory, cuja construção Kip Thorne liderou.

    A ideia foi abandonada porque: “o Chris pensou que era demasiada ciência para o público de digerir de uma só vez”, concluiu Thorne.

    Mais informação: http://en.wikipedia.org/wiki/Gravitational-wave_observatory /

    LIGO: http://en.wikipedia.org/wiki/LIGO / http://pt.wikipedia.org/wiki/LIGO

    The Einstein@Home project is a distributed computing project similar to SETI@home intended to detect this type of simple gravitational wave.

    By taking data from LIGO and GEO, and sending it out in little pieces to thousands of volunteers for parallel analysis on their home computers, Einstein@Home can sift through the data far more quickly than would be possible otherwise.

    http://en.wikipedia.org/wiki/Einstein@Home / http://pt.wikipedia.org/wiki/Einstein@home

    Pessoalmente, prefiro a versão final, que para mim é muito mais rica em informação “quase subliminar” e sobretudo de vigorosa “crítica implícita” ás diferentes opções políticas possíveis para a exploração científica e desenvolvimento industrial do espaço exterior.

    Esta versão final também terá evitado que o filme pudesse ser criticado por promover indirectamente (excessivamente?) o projecto do Einstein@Home, tornando assim a influência ou a “presença fantasmagórica” de http://en.wikipedia.org/wiki/Kip_Thorne em todo o filme, muito mais discreta e sóbria, (e talvez mais eficaz?) evitando mesmo até uma situação talvez dum certo potencial “conflito de interesse”, pois (inúmeros?) outros cientistas poderiam pensar que se tratava apenas (sómente?) de lobbying para se conseguir ainda mais investimentos na detecção de ondas gravíticas “com conteúdos invulgares”…. como um possível método de encontrar a ponta duma ponte de Einstein-Rosen algures dentro do nosso sistema solar, como acontece no filme…

  3. A existência dos planetas perto do buraco negro e da descida suave no mesmo se deve ao fato do buraco negro possuir uma rotação, como explicado pelo cientista que ficou analisando.
    O copper é levado ao tesseract que só possui os quartos da filha dele porque existe uma ligação muito forte de amor entre os dois, como explicado por amelia. Ao primeiro momento copper pensou que teria morrido e que teria visto a filha de acordo com a teoria do dr mann, ver os filhos no momento da morte, só depois ele se toca que era o fantasma e que estaria realmente se comunicando através do tempo, ou seja as primeiras mensagens que ele manda é puramente emocional.
    Só um ponto de vista meu…
    A do buraco negro eu vi num vídeo no youtube. Boa analise a sua, prbns!

  4. Olá e desculpem vir do futuro deixar uma mensagem neste post aliás é mais uma dúvida.
    No planeta dos tsunamis dizem no filme que a gravidade é 1,3 a da terra pergunto, como seria possível ondas daquela envergadura numa gravidade elevada, além de que fiquei maravilhado como a forma confiante como se movimentam num planeta desconhecido coberto por água como se todo ele fosse todo plano e sem desníveis, mas a minha grande duvida, a nave teria assim tanta facilidade para vencer a força gravitacional acrescida ao descolar do planeta? Tem muitas coisas que me deixaram incrédulo mas esta é a que neste momento mais me assola.

    1. Telmo, tem razão em ambos os pontos (quer as grandes ondas precisavam ser diferentes, quer a velocidade de escape precisava ser muito maior).

      Leia também esta análise do Ricardo:
      http://www.astropt.org/2014/11/24/a-ciencia-e-o-filme-interestelar-os-acertos-e-os-erros/

      abraços!

    • Dinis Ribeiro on 20/12/2014 at 23:48
    • Responder

    Tenho continuado a analisar alguns outros aspectos do filme, ainda pouco abordados… Quando puder, partilhrei mais algumas ideias… Entretanto recomendo esta entrevista em que se fala entre outras coisas das marés que geram “ondas” enormes: https://www.youtube.com/watch?v=l7tV7v71k-I

    1. Obrigado 🙂

    • Euclécio Josias Rodrigues on 11/12/2014 at 03:49
    • Responder

    Suas análise são demais e quase sempre compactuam com as minhas impressões que tenho dos filmes hehe

    “– falaram de várias ideias da pseudociência, sobretudo a conspiração do Homem não ter ido à Lua. O filme mostra claramente, para mim, que essas ideias são fruto da ignorância e da estupidez das pessoas. O filme também critica claramente o Criacionismo, porque liga essas conspirações ao perigo de as trazer para as salas de aula, levando à imbecilidade dos alunos. O filme mostra claramente que é a ciência que levará à sobrevivência da Humanidade. E esta mensagem é fantástica. No entanto, temo (até porque já vi algumas mensagens na internet nesse sentido) que os extremistas ignorantes vejam as referências às conspirações como uma validação das suas crenças, e é muito difícil combater essa dissonância cognitiva.”

    Isto foi exatamente a mesma impressão que eu tive quando assisti aquela parte do filme sobre a conspiração.

    1. É caso para dizer: Great Minds think alike 😉 ehehehehe 🙂

    • Jorge Perperuo on 08/12/2014 at 22:00
    • Responder

    Boa noite carlos,
    Uma coisa que não me desceu bem foi a comunicação entre cooper e Murph,por estarem em galaxias bem distante o sinal não deveria levar algum tempo considerável para chegar, ou esse sinal também pegava um atalho através do buraco de minhoca?

    1. Penso que esse sinal pegava também o atalho…

      Mas note, caso não seja assim, podem “inventar” outra “explicação” qualquer 😛
      Em Star Trek, usavam o sub-space para comunicarem mais rapidamente do que viajavam 😉

    2. Esse “delay” somente ocorreria se a informacao viajasse dentro do limite das tres dimensoes que conhecemos.

    • Flávio Silva on 07/12/2014 at 12:27
    • Responder

    Fui ontem ver o filme,,, não sei se repararam mas pareceu-me ver a nebulosa de orion na suposta outra galaxia quando estavam a sair do buraco de minhoca; também nao entendi a diferença temporal entre o planeta dos mega-tsunamis e da estação orbital.
    Adorei o filme e para quem tem alguma cultura cientifica melhor. Mas para a população em geral senti que o filme fazia pensar as pessoas e por si só é muito bom,,,, e claro adorei a Amelia.

    1. Não me lembro da nebulosa… provavelmente nem reparei nela 🙁

    • Dinis Ribeiro on 04/12/2014 at 22:23
    • Responder

    Recomendo este link http://astronad.voila.net/ERepr.html sobre a ideia ER igual a EPR http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_EPR e http://pt.wikipedia.org/wiki/Buraco_de_minhoca

    Gostei do final… (para mim) nada lamechas.
    Vejo essa ideia da lamechisse um pouco como uma racionaliza;\ao ou como uma dissocia;ao & desvaloriza;ao. http://www.informationisbeautiful.net/visualizations/being-defensive/

    Sugiro este link http://en.wikipedia.org/wiki/Antonio_Damasio ou http://en.wikipedia.org/wiki/Descartes%27_Error

    Ver este link http://www.informationisbeautiful.net/play/what-is-consciousness/

    O Nolan usou ideias da psicanalise no Inception… e penso que fez o mesmo neste filme… por exemplo com o simbolismo das poeiras… dust to dust… http://pt.wikipedia.org/wiki/Inconsciente_coletivo e http://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia_coletiva

    Required reading> http://www.astropt.org/2011/10/05/a-4%C2%AA-dimensao/

    Eu vejo o filme como varias alegorias, http://pt.wikipedia.org/wiki/Alegoria muito bem articuladas, por isso evito tomar certos aspectos dum modo demasiado literal…

    1. O facto de eu não gostar de lamechices, é obviamente uma racionalização (é uma análise racional) e uma desvalorização (dispenso isso nos filmes).
      Não existe qualquer dissociação… 😉

      abraços!

  5. “– não compreendi o que é a 5ª dimensão no filme.”
    Não existe nenhuma pista. A lógica é que para os Futuros Humanos conseguirem ‘dominar’ a 4.ª dimensão (Tempo), têm que viver uma Dimensão acima…!!!

    “– não percebi porque Cooper vai buscar Amelia no final. Cooper….”
    O Wormhole fechou (foi confirmado pelo Jonathan Nolan numa entrevista), a Humanidade não podia ir atrás da Brand. Penso que a mensagem que o Nolan quis transmitir no final é clara: temos que continuar a explorar… independentemente do nível tecnológico existe sempre mais alguma coisa para descobrir… e o Cooper nasceu para Explorar.
    A procura impossível do Cooper pela Brand, não é uma questão amorosa… eles estiveram juntos mais de 2 anos no Endurance, seria uma questão de ‘não deixar ninguém para trás’!!!
    O Planeta do Edmund, era o que estava mais afastado do Wormhole, orbitava inclusive uma Estrela de Neutrões, mesmo com boas informações, se eles fossem ao Red Planet, em 1.º lugar, não teriam combustível para ir aos outros 2…!!!

    “– não entendo porque o Dr. Mann faz explodir o seu robot e a sua nave…”
    A questão do Dr. Mann é complexa, porque é evidente que ele sofreu um problema psicótico, portanto a lógica por trás das suas acções nem sempre são lineares.
    Ele convenceu o Kip a fazer uma projecção do que seria um Planeta ideal naquelas circunstâncias. Copiou a informação para o seu computador. Destruí o Kip. E enviou a informação da simulação para o Endurance. No meio da ‘paranóia’ não queria que ninguém descobri-se…!!! Creio que a intenção final, era ficar sozinho (ou só com a Brand) e ir para o Red Planet iniciar o Plano B…!!!

    “– as acoplagens foram demasiado rápidas….”
    Concordo… tal como a cena da chegada a Saturno. Também acho que os outros Planetas mereciam cenas estilo Saturno… Mas se isso acontecesse o Filme ficaria com 4 horas!!! Seria interessante o Nolan fazer uma Director’s Cut para DVD!!! Infelizmente o Nolan não as costuma fazer…

    “– gostei bastante dos robots…”
    Não te esqueças que os Robot’s foram ‘restos’ do Exército… por isso o ar antiquado.

    “– percebo porque o filme não diz explicitamente isso, mas não gostei de ver que Cooper já sabe que a sua aventura vai dar resultado….”
    Esta questão do Paradoxo Temporal é de complicada analise. O Nolan optou por uma Linha Temporal Única (diferente por exemplo do Star Wars), portanto o que tiver que acontecer, acontece… A pista é a citação errada da Lei de Murphy!!!

    “– não faz sentido procurarem (e existirem!) planetas habitáveis perto de buracos negros….”
    Aqui o erro é da NASA !!! O objectivo dos Futuros Humanos que construíram o Buraco Negro, nunca foi permitir aos Humanos (da ‘actualidade’) encontrar outro Planeta. O objectivo era permitir à Humanidade acesso aos dados quânticos, que estavam ‘guardados’ dentro do Buraco Negro.
    O Kip Thorne no livro que escreveu explica que aqueles Planetas (naquelas circunstâncias), tão perto de um Buraco Negro, tipo Keer, anémico, podiam existir numa janela temporal muito curta!!!

    “– após a luta no planeta de gelo, o Dr. Mann parte o capacete de Cooper….”
    O Mann explica que a atmosfera tem Oxigénio, mas a concentração de amónio (creio) é demasiado alta… mas podia-se respirar alguns minutos.

    “– quando está na estrutura a 5 dimensões, com tesseratos,…”
    Pois aqui estamos na parte especulativa/ romancista… O Cooper só tinha acesso aos momentos da vida da Murph, porque existia a tal ligação de amor (pai/filha).
    A questão do momento que o Wormhole foi aberto, pode ser visto como o ‘acid test’… tal como o Monólito do 2001 estava na Lua… só uma civilização que tivesse tecnologia para chegar a Saturno, podia ter sucesso!!!

    “– o final incrivelmente lamechas era completamente dispensável….”
    Tem existido muitas teorias sobre o Final, inclusive algumas que defendem que toda a sequência Final é um Sonho (da Murph ou do Cooper)!!!
    Pessoalmente creio que o objectivo do Nolan, foi demonstrar que a procura da Final Frontier nunca deve ‘amainar’… Somos Exploradores…

    Abraços

    1. Obrigado pelas respostas! 😀

        • abidos on 05/12/2014 at 01:11

        Eu até gostei mais do filme após o 2.º visionamento, creio que vai-te acontecer o mesmo…

        Nem todas as tuas questões vão ficar respondidas, existem alguns compromissos científicos (ou lógicos) para o bem da dramatização da história, mas no geral o Interstellar é um grande manifesto a favor da ciência, pró-exploração do Espaço…
        Somos Exploradores…

        Abraços

      1. Abidos,

        Voltei, pela terceira vez, a ver este filme.

        Tem toda a razão: o meu gosto pelo filme foi em crescendo.

        Concordo inteiramente que o filme “é um grande manifesto a favor da ciência, pró-exploração do Espaço… Somos Exploradores…”.

        E agora, após visualizar uma terceira vez, ainda gosto mais das suas respostas 🙂

        Fantástico!

        Obrigado 🙂

    • Jérémy Silvares on 04/12/2014 at 20:21
    • Responder

    Mesmo assim, continua a ser um filme brutal 😀

    Acho que os dois maiores erros são mesmo o facto de não haver uma estrela perto dos planetas mas mesmo assim estarem iluminados (de onde provém a luz?); e o facto de não ser esticado como um esparguete quando está a entrar na singularidade. 😛

    No final, fiquei foi com uma dúvida: a Terra sobreviveu, ainda há seres humanos a viver no Planeta Mãe, ou a Humanidade vive no Sistema Solar (ou na Via Lactea)?

    Espero bem que ele faça um segundo 🙂

    1. 😀

    2. A luz provemde uma estrela de neutrinos próxima à gargantúa

  6. Excelente descrição deste filme o que abre de igual forma vontade de ver este filme mas neste momento já com outros olhos!
    Obrigado pela informação.

    1. 😉

  7. “– Amelia, mal chega ao planeta de Edmunds, tira o capacete. Afinal, o ar lá é respirável. Por isso, é o planeta mais parecido com a Terra (parece ter as concentrações certas de elementos químicos na atmosfera). Além de isto ser uma enorme coincidência – que não deveria ter existido – fico sem perceber então porque não foram imediatamente a este planeta e porque Edmund morreu.”

    Lembrar que antes deles irem para o planeta de Edmund houve um diálogo. Nesse diálogo a Amelia queria ir para o planeta de Edmund porque ela estava apaixonada por ele, mas em contrapartida o planeta anterior (para o qual eles foram, o último da jornada, o de Dr. Mann) estava transmitindo dados bons, viáveis, de acordo com Cooper enquanto o de Edmund estava em silêncio total. Então decidiram ir no planeta de Dr. Mann e lá descobriram a farsa.

    1. Sim, mas mesmo com os dados falseados, o Dr. Mann andava de capacete e penso que não omitiu esse facto 😉
      Já o Edmunds, assume-se, que andava bem sem capacete 😉

      Logo, o de Edmunds deveria ser muito melhor… digo eu 🙂

        • Igor on 08/12/2014 at 20:02

        Andava de capacete porque ele sabia que ele mesmo havia falseado os dados no intuito de dar “trap” nos personagens lá. Antes eles nem sabiam que o de Edmunds havia condições para viver, só no final é descoberto isso. Clássico “última tentativa com sucesso”.

      1. ahhh ok 😉

      2. não seria ciumes de Amelia em relação a Edmunds??

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