“Astro-arqueologia” revela antigo sistema com 5 planetas do tipo terrestre

Imagem artística do sistema Kepler-444, com os seus cinco planetas do tipo terrestre, dois dos quais em trânsito. (Crédito: Tiago Campante/Peter Devine)

Imagem artística do sistema Kepler-444, com os seus cinco planetas do tipo terrestre, dois dos quais em trânsito. (Crédito: Tiago Campante/Peter Devine)

Graças a dados que a missão espacial Kepler (NASA) recolheu, quase continuamente, ao longo de 4 anos, uma equipa internacional, da qual fazem parte os investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) Vardan Adibekyan, Nuno Santos e Sérgio Sousa, publicou hoje a descoberta do sistema Kepler-444, na revista The Astrophysical Journal.

Este sistema com cinco planetas ter-se-á formado há 11,2 mil milhões de anos, isto é, quando o Universo tinha cerca de um quinto dos atuais 13,8 mil milhões de anos. Ou seja, quando a Terra se formou, os exoplanetas deste sistema, cerca de 2,5 vezes mais velho que o nosso Sistema Solar, já eram mais velhos do que a idade atual da Terra. Este é por isso o mais antigo sistema estelar conhecido a albergar exoplanetas do tipo terrestre.

Para Vardan Adibekyan (IA e Universidade do Porto): “A descoberta de um sistema com planetas do tipo terrestre, tão antigo como o Kepler-444, confirma que os primeiros planetas se formaram muito cedo na vida da nossa Galáxia, o que nos dá uma indicação de quando terá começado a era da formação planetária.”

Este sistema, situado a pouco mais de 116 anos-luz, é dos mais próximos observados pelo Kepler, que detetou o quinteto através do método dos trânsitos. É um sistema extremamente compacto, sendo as órbitas destes exoplanetas menos de 5 vezes inferiores à órbita de Mercúrio (menores que 0,08 unidades astronómicas), o que significa que completam uma translação à volta da estrela em 10 dias ou menos.

Como o método dos trânsitos é indireto, só permite determinar o tamanho dos planetas em relação ao tamanho da estrela-mãe, sendo necessário conhecer com precisão as características físicas da estrela, para conseguir determinar o tamanho dos planetas. Para isso, a equipa teve de recorrer a técnicas de asterossismologia, que lhes permitiu inferir que a estrela Kepler-444 é uma anã laranja, ligeiramente menor que o Sol e com cerca de 5000 °C à superfície.

Para o primeiro autor do artigo, Tiago Campante (U.Birmingham), esta descoberta tem implicações profundas nas teorias de formação planetária: “Agora sabemos que planetas do tamanho da Terra se formaram ao longo dos 13,8 mil milhões de anos do Universo, por isso potencialmente, poderão ter sido criadas as condições para o aparecimento de vida desde muito cedo na história do Universo”.

1 comentário

  1. Concordo que deva ter havido condições de vida em algum momento em algum destes planetas.
    Mas temos que nos lembrar também que os planetas mais antigos tem uma diferença com os mais recentes que são uma menor diversificação de elementos químicos, ainda assim haveria condições, mas a vida seria diferente da nossa..

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