Descoberto primeiro par de estrelas em fusão cujo destino as levará a explodir em supernova
Com o auxílio dos telescópios do ESO combinados com telescópios nas Ilhas Canárias, os astrónomos identificaram duas estrelas surpreendentemente massivas no coração da nebulosa planetária Henize 2-428.
À medida que orbitam em torno uma da outra, espera-se que as duas estrelas se aproximem cada vez mais e quando se fundirem, daqui a cerca de 700 milhões de anos, conterão matéria suficiente para dar origem a uma explosão de supernova.
Os resultados deste trabalho sairão na versão online da revista Nature a 9 de fevereiro de 2015.
Uma equipa de astrónomos liderada por M. Santander-García (Observatorio Astronómico Nacional, Alcalá de Henares, Espanha; Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid (CSIC), Madrid, Espanha) descobriu um par de estrelas anãs brancas – minúsculos restos estelares extremamente densos – bastante próximas uma da outra, com uma massa total de cerca de 1,8 vezes a massa solar (o limite de Chandrasekhar é a maior massa que uma estrela anã branca pode ter para resistir ao colapso gravitacional; este valor é cerca de 1,4 vezes a massa do Sol). Trata-se do par de estrelas deste tipo mais massivo descoberto até agora e quando estas duas estrelas se fundirem no futuro, darão origem a uma explosão termonuclear descontrolada que resultará numa supernova do Tipo Ia.
(As supernovas do Tipo Ia ocorrem quando a anã branca adquire massa extra – quer por acreção de massa de uma companheira quer por fusão com outra anã branca. Quando a massa excede o limite de Chandrasekhar a estrela perde a capacidade de se suportar gravitacionalmente e começa a contrair-se, o que faz com que a temperatura aumente, dando origem a uma reação nuclear descontrolada que faz com que a estrela expluda.)
A equipa que descobriu este par massivo estava, na realidade, a tentar resolver um outro problema, que consistia em saber como é que algumas estrelas produzem nebulosas de formas tão estranhas e assimétricas nas fases finais das suas vidas. Um dos objetos que estes astrónomos estudaram foi a nebulosa planetária conhecida pelo nome de Henize 2-428. (que se encontra a cerca de 4.600 anos-luz de distância da Terra)
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A equipa descobriu que cada uma das estrelas tem uma massa ligeiramente inferior à do nosso Sol e que orbitam uma em torno da outra a cada quatro horas. Encontram-se suficientemente perto uma da outra para que, segundo a teoria da relatividade geral de Einstein, se aproximem cada vez mais em movimento espiral, devido à emissão de ondas gravitacionais, antes de eventualmente se fundirem numa única estrela, nos próximos 700 milhões de anos.
A estrela resultante terá tanta massa que nada a impedirá de colapsar sobre si própria e subsequentemente explodir sob a forma de supernova. “Até agora, a formação de supernovas do Tipo Ia pela fusão de duas anãs brancas era puramente teórica”, explica David Jones, co-autor do artigo que descreve os resultados e bolsista do ESO na época em que os dados foram obtidos. “O par de estrelas no coração da Henize 2-428 é finalmente a observação que confirma a teoria”.
“Trata-se de um sistema bastante enigmático”, conclui Santander. “Este estudo terá repercussões importantes no estudo de supernovas do Tipo Ia, as quais são muito utilizadas para medir distâncias astronômicas e foram fundamentais na descoberta de que a expansão do Universo está a acelerar devido à energia escura”.
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Leia o artigo completo na página do ESO, aqui.
1 comentário
Tanta transformação no Universo!!! E pensar eu, que há já muito tempo, um meu amigo utilizou o equilíbrio “estático” do Universo como uma prova da existência de Deus por contrariar a 2ª Lei da Termodinâmica. Eu lá fui respondendo conforme podia, sistemas fechados, sistemas abertos, forças em presença, mas expliquei mal pois ele não se convenceu. Se eu na altura(era muito nova) tivesse acesso ao Astro.Pt !!!!
Os meus cumprimentos.