Crenças e conhecimento científico antagonizam-se. Não é necessário que isso aconteça, mas acontece.
O conhecimento científico baseia-se no estudo da natureza. A natureza é autoritária. Para a realidade que nos é imposta pela natureza, é irrelevante as crenças, achismos e opiniões das pessoas. A verdade, que nos é dada pela natureza, não é democrática, não depende de pessoas.
Infelizmente, há muitas pessoas que colocam as suas crenças pessoais acima do que a natureza nos mostra (com estudos objetivos, duplamente cegos, em amostra significativas, feitas pela ciência).
Em pleno século XXI, ainda há muita gente que por teimosia, fundamentalismo, ignorância e hipocrisia utiliza as ferramentas dadas pela ciência para negarem a existência do conhecimento científico. Essas pessoas continuam cegamente a seguir crenças em imbecilidades pseudo-religiosas como o reiki, astrologia, feng-shui, homeopatia, etc.
O período áureo destas crenças imbecis deu-se na chamada Idade das Trevas, chamada assim devido precisamente às crenças se sobreporem ao estudo sistemático e objetivo da natureza, o que levou a um declínio civilizacional na Europa.
Mas estas crenças sempre existiram, promovidas pelos chamados vendedores de banha-de-cobra.
Mas pessoas hipócritas que negam a realidade que utilizam diariamente, é um nível de fundamentalismo.
Um nível muito mais alto é quando ativamente essas mesmas pessoas crentes em imbecilidades, querem tanto impôr a sua crença nos outros que existem massacres de conhecimento e de pessoas.
Um desses massacres culturais existiu quando a Biblioteca de Alexandria foi destruída por esses crentes fundamentalistas.
E, neste momento na leitura, podemos estar a pensar que essas coisas só aconteciam quando a civilização era “medieval”. Hoje esses massacres culturais não aconteceriam, precisamente porque as pessoas reconhecem o papel que o conhecimento científico tem no seu dia-a-dia (estamos na internet, devido a esse conhecimento, por exemplo).
Infelizmente, em pleno século XXI não existem só crentes fundamentalistas em pseudo-religiosidades imbecis (pseudociência), mas existem também aqueles que destroem o conhecimento. O objetivo é simples: uma população com menos conhecimento é mais facilmente controlável.
O Estado Islâmico (ISIS) tem promovido vários massacres de pessoas. Quem vê telejornais, sabe isso.
Ontem, o ISIS destruiu a Biblioteca Pública de Mossul, queimando 100 mil livros, sendo que 8 mil manuscritos eram antigos e bastante raros. Acabou-se… sobreviveram milhares de anos, para serem agora queimados pelo extremismo.
Segundo a Associated Press, a Universidade local também sofreu uma devastação, ficando também sem livros.
Outro alvo têm sido os museus. Os museus têm sido dizimados… incluindo estátuas com 3.000 anos!
Existe uma guerra contra a cultura, contra o conhecimento…
P.S.: toda a gente que nos lê, assumo que está obviamente de acordo que esta destruição de conhecimento, de cultura, é um crime lesa-humanidade.
No entanto, deixo uma pergunta para a qual não tenho resposta: será que a ciência pode combater isto? Será que a ciência é capaz de, por exemplo, limitar o acesso destas pessoas à ciência e à tecnologia? É que é irónico eles atacarem a ciência, o conhecimento, a cultura, enquanto utilizam computadores, telemóveis/celulares, twitter, facebook, internet, etc. Sem essa ciência, ficariam muito mais limitados naquilo que poderiam fazer…
2 comentários
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Quanto a esta ideia:
“Será no entanto, encorajador presumir e assumir que o mais importante da cultura e do conhecimento já estará a salvo em arquivos digitais bem protegidos e de acesso muito restrito.”
Se por um lado existem diversos esforços nesse sentido, e algumas tecnologias específicas para esse fim…
Um exemplo: http://www.engadget.com/2004/10/29/delkin-releases-efilm-archival-gold-300-year-cd-rs/
Mais info:
Total recall
http://www.newscientist.com/article/mg16121700.900-total-recall.html
Wonder stuff: Glass that will store your info for ever
http://www.newscientist.com/article/mg22429900.600-wonder-stuff-glass-that-will-store-your-info-for-ever.html
Future-proofing pics
http://www.newscientist.com/article/mg20527450.300-futureproofing-pics.html
Losing scientific data is nothing new. “Many space projects from the 1970s, both at NASA and the European Space Agency, are either lost or cannot be read with current computers and software,” says .
http://www.newscientist.com/article/mg19626335.700-how-do-we-preserve-scientific-data-for-the-future.html
Glassed-in DNA makes the ultimate time capsule
http://www.newscientist.com/article/mg22530084.300-glassedin-dna-makes-the-ultimate-time-capsule.html#.VPP9SGd_vXo
Por outro lado…
…o tipo de sociedade que existirá no futuro vai ter uma grande influência na preservação do conhecimento, e (por exemplo) neste filme de 1975 ( http://www.imdb.com/title/tt0073631/?ref_=ttqt_qt_tt ) e que as “multinacionais” controlam totalmente o mundo, há uma pequena cena em que se fica a saber que devido a um pequeno “erro humano” se perdeu para sempre “todo o séc XIII”…
Librarian: We are confused again here today. This is embarrassing. It’s embarrassing to misplace things.
Jonathan E.: Misplaced some data?
Librarian: Hmmm.
[Looks at a computer punch card]
Librarian: The whole of the 13th century. Misplaced the computers, several conventional computers. We can’t find them. We’re always moving things around, getting organized, my assistants and I. This – this is Zero’s fault – Zero, he’s the world’s file cabinet. Pity, poor old 13th century.
[pause]
Librarian: Well, come along now, you want to get started, don’t you?
Jonathan E.: Yes, sir.
Librarian: [Takes Jonathan’s coat and hat and puts them aside before they go to the room with Zero in it] This way! Now, we’ve lost those computers with all of the 13th century in them. Not much in the century, just Dante and a few corrupt Popes, but it’s so distracting and annoying!
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt0073631/trivia?tab=qt&ref_=tt_trv_qu
Em Inglês: http://en.wikipedia.org/wiki/Rollerball_(1975_film)
Sobre o autor: http://en.wikipedia.org/wiki/William_Harrison_(author)
Au début des années 1970, William Harrison (en), professeur à l’université de l’Arkansas, assiste à un match de basket-ball qui finit en bagarre générale. Observant que le public apprécie davantage les coups de poings que le jeu lui-même, Harrison imagine alors une histoire dans laquelle la violence ne se bornerait pas à faire partie intégrante du sport mais en serait l’unique raison d’être. Il imagine un sport fictif appelé Rollerball et qui est un mélange de football américain, de motocross et de hockey.
Citação de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rollerball:
Ele (Jonathan E) procura pesquisar em livros e descobre que todos foram “reescritos” e “resumidos” pelas corporações.
Tenta ir a um centro de computação em Genebra, onde se encontra o maior banco de dados computorizado do planeta, apenas para descobrir que os arquivos são deficientes e falhos (o idoso responsável pelo centro lhe comunica que acabaram de perder toda a história do século XIII).
Boa noite Carlos Oliveira,
Á pergunta, será que a ciência é capaz de, por exemplo, limitar o acesso destas pessoas à ciência e à tecnologia? Avaliando o problema infelizmente pouco a meu ver. Ainda assim a ciência e todas as pessoas de bem têm de fazer algo. A guerra contra o conhecimento e contra a cultura chegará ao seu termo num futuro quiçá ainda longe. A ciência e pessoas de bem terão de ser mais interventivas no âmbito das instituições legislativas e executivas, garantindo uma administração laica dos estados e das sociedades. A própria tecnologia poderá restringir o acesso a pessoas não habilitadas” psico-culturalmente saudáveis” o que ter-se-á de estruturar essa mesma tecnologia num enquadramento legal objetivado.
A dificuldade para os mais esclarecidos pode medir-se nas mais recentes notícias de terror entre as quais no recente assassinato em Bangladesch do americano Avijit Roy que vivia em Atlanta (EUA).
Será no entanto, encorajador presumir e assumir que o mais importante da cultura e do conhecimento já estará a salvo em arquivos digitais bem protegidos e de acesso muito restrito.
Abraço,
[…] Curiosamente, não foi assim que eu interpretei. Quando vi o episódio em que eles entram na Universidade, liguei à “árvore do bem e do mal” ou “árvore do conhecimento”, que foi uma fábula com um propósito bem definido: dizer às pessoas para terem medo do conhecimento, para não o adquirirem. É uma ligação religiosa. É uma ligação Cristã. Mas vai muito mais além do que isso. Ao longo da história humana sempre existiu uma guerra das “elites” contra a população ter conhecimento: sem conhecimento, o povo é mais facilmente controlável e manipulável. Ainda hoje, essa “guerra” existe. No mundo ocidental é atualmente muito mais “escondida”, sobressaindo na política, comunicação social (com profusão de programas pseudo e mau jornalismo), no marketing, individualmente (quando a crença pessoal da pessoa se sobrepõe ao conhecimento do assunto), etc. Essa “guerra” é muito mais aberta nos países cilindrados pelo terrorismo, onde a destruição do conhecimento e da cultura se faz livremente. […]