Maioria das estrelas poderão ter planetas na Zona Habitável ?

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Com os dados do telescópio Espacial Kepler, já se descobriram mais de 1000 planetas e mais de 3.000 candidatos, ao redor de outras estrelas.
Muitas estrelas têm sistemas planetários de 2 ou 6 planetas descobertos. Mas essas estrelas podem ter outros planetas ainda não descobertos, até porque o Kepler só consegue descobrir planetas que passem em frente da estrela (da nossa perspetiva) e está feito para descobrir planetas grandes com órbitas perto da estrela-mãe. Este tipo de planetas seriam demasiado quentes para a vida como a conhecemos.
O melhor seria descobrirmos planetas na Zona Habitável das estrelas…

Crédito: wikipedia

Crédito: wikipedia

Agora, uma equipa internacional de astrónomos resolveu aplicar a controversa e antiga Lei de Titius-Bode (que funciona relativamente bem no nosso sistema solar, mas com falhas) em sistemas planetários. Esta lei diz-nos que deverá existir um planeta a determinadas distâncias das estrelas. Por exemplo, no nosso sistema solar, ela prevê a existência de um planeta entre Marte e Júpiter… precisamente onde existe a Cintura de Asteroides (na verdade, onde está Ceres, que foi considerado planeta aquando da sua descoberta). Através desta lei, foi previsto existir o planeta Urano precisamente na órbita onde mais tarde foi descoberto. Já para a órbita de Neptuno, esta lei erra bastante.

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Tendo em conta o acerto no nosso sistema solar, então a equipa internacional de astrónomos decidiu utilizar a mesma matemática da Lei de Titius-Bode em 151 sistemas planetários na Galáxia, em que o Kepler descobriu 3 ou mais planetas ao redor das estrelas.
Em 124 (dos 151 sistemas planetários) esta Lei funciona para “prever” as órbitas dos planetas que já se conhecem.
Assim, utilizando a mesma lei, os astrónomos previram a existência de outros planetas mais longe da estrela, que ainda não descobrimos.
Desta forma, foram previstos existirem 228 planetas nesses 151 sistemas planetários.
E em cada sistema planetário, previram existir 1 a 3 planetas na Zona Habitável (como no nosso sistema solar).

Em 31 desses 151 sistemas planetários, o modelo parece mostrar que o(s) planeta(s) na Zona Habitável deverá ser rochoso e ter água líquida na sua superfície.

Crédito: ANU/Niels Bohr Institute

Crédito: ANU/Niels Bohr Institute

Desta forma, estas previsões estatísticas (matemáticas) apontam para a existência de bilhões (milhares de milhões, em Portugal) de estrelas com planetas na Zona Habitável, na nossa Via Láctea.

Agora é esperar que o Telescópio Espacial Kepler e outras missões de procura de exoplanetas possam confirmar (ou desmentir) estas previsões…

Por fim, deixem-me colocar um pouco de “água na fervura”: isto são previsões matemáticas baseadas num modelo controverso e que contém uma boa dose de especulação sem quaisquer evidências (como a parte da água líquida na superfície). É algo que pode entusiasmar, mas que não deve ser utilizado para sensacionalismos sem evidências científicas.

Leia o comunicado de imprensa, na Universidade de Copenhaga, aqui.

A Zona Habitável (área verde) em diferentes tipos de estrelas. Crédito: NASA

A Zona Habitável (área verde) em diferentes tipos de estrelas. Crédito: NASA

4 comentários

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  1. Outro aspecto importante a ser considerado na estatística de vida (agora falando de vida pulsante, nas suas formas mais primordiais ou primitivas) é o que faltou nas tentativas de recriação em laboratórios de uma estrutura replicante básica (que poderíamos considerar como um tijolo da construção de um organismo vivo) a partir de moléculas orgânicas.
    Sabemos que a Terra passou por um longo período em que uma sopa orgânica (oceanos primitivos) ficou submetida às variações climáticas, descargas elétricas da atmosfera, descargas de produtos químicos da dissolução de rochas e erupções vulcânicas frequentes. Nestas condições, provavelmente surgiram os primeiros extremófilos (habitantes de regiões críticas em termos de temperatura, salinidade ou PH).
    É o que se espera encontrar em uma dos satélites de Júpter.
    Este ingrediente faltante é sem dúvidas um grande desafio para a pesquisa.
    Considerando os estudos da biologia extra terrestre, que evolução tivemos na solução desta incógnita?
    Poderiam comentar?

    1. Está a falar de qual incógnita? Não entendi…

  2. Como os profissionais da astonomia encaram os tratamentos estatísticos da possibilidade de vida inteligente e tecnológica (digo tecnológica no sentido de evolução em equivalência ao homem – excluindo animais inteligentes como pássaros, mamíferos marinhos, cães, etc)?
    Nestes tratamentos estatísticos são considerados, além da zona orbital de uma estrela que poderia suportar vida, as possibilidades de seres como o homem, uma vez que na história do planeta Terra o ser humano é o único que desenvolveu ciência e tecnologia dentre milhares de espécies?
    Como são feitas estas estatísticas?
    Tem algum trabalho neste sentido que pudessem me indicar?

    1. Se está a falar em termos de Equação de Drake, existem literalmente milhares de trabalhos a falar disso 😉

      Uma pequena pesquisa no Google permite-lhe ver imensos trabalhos sobre isso 😉

  1. […] Por exemplo, sítios e jornais em todo o mundo foram inundados esta semana com a notícia de que deverão existir milhares de milhões de estrelas com planetas orbitando a chamada Zona Habitável – e isto só na nossa Via […]

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