The Imitation Game, tal como a Teoria de Tudo, é um filme biopic (filme e biografia), desta vez sobre Alan Mathison Turing.
O filme retrata a vida de Turing, enquanto ele vai desenvolvendo de forma surpreendente o mundo da tecnologia, sobretudo na área da inteligência artificial.
Alan Turing é um dos “pais” do mundo atual baseado em computadores. Aliás, os agora chamados computadores eram no início chamados de “máquinas de Turing”.
O Teste de Turing visa testar a capacidade de uma máquina imitar tão bem os comportamentos, pensamentos, raciocínios, emoções, etc, de um humano, que não é possível perceber que não estamos na presença de um humano.
O famoso filme Blade Runner é baseado nestas ideias de Turing. Na série Battlestar Galactica, existem máquinas deste tipo: indistinguíveis de humanos.
Turing era um génio, ao nível dos grandes nomes da História, com enormes conhecimentos em matemática, lógica e ciências da computação, tornando-se desde cedo um criptoanalista.
Devido a isto, foi recrutado na 2ª Guerra Mundial para quebrar o até aí indecifrável código da “Enigma”, a máquina utilizada pelos nazis na 2ª Guerra Mundial para encriptar mensagens. O sucesso da equipa de Turing fez com que a Guerra tivesse sido ganha pelos Aliados, no mínimo de forma mais rápida (talvez encurtando a guerra em mais de 2 anos), salvando mais de 14 milhões de vidas.
“Christopher” foi o nome da máquina que venceu a “Enigma”.
“Christopher” é o nome do melhor amigo de Turing, que faleceu quando ambos estavam na escola secundária (ensino médio).
Como sabem, a vida não é justa. E a vida não foi particularmente justa para Turing. Ou melhor, a sociedade não foi justa para com ele.
Alan Turing era um génio que vivia sob extrema pressão, porque tinha um enorme segredo: era homossexual.
Ele próprio tinha alguns conflitos internos por causa disso, tendo tentado várias possíveis “curas”. Mas o pior eram os problemas da sociedade da altura: Turing foi condenado por atentado ao pudor, foi condenado por ser homossexual (era ilegal na UK), em vez de ser preso escolheu um “tratamento” que provocava a castração química, e finalmente, a 7 de Junho de 1954, cometeu suicídio por ingestão de veneno ao comer uma maçã envenenada (tal como a Bela Adormecida, que era a sua história favorita em criança).
Alan Turing, um dos pais da sociedade tecnológica moderna, que deverá ter salvo milhões de vidas, foi vilipendiado pela sociedade…
Também é curioso que somente em Setembro de 2009 (55 anos após a sua morte!) é que existiu um pedido de desculpas público do governo britânico.
E foi preciso esperar mais 4 anos para a Raínha Isabel II “perdoar” Turing do “crime” cometido (entre aspas, por ser ridículo).
O filme retrata um Turing super-lógico, com falta de empatia, socialmente inapto, e com uma moralidade de “big picture” (a olhar sempre para as consequências globais).
Turing queria ser normal, mas foi o ser diferente que permitiu que salvasse milhões de pessoas.
Uma das frases emblemáticas do filme, que é repetida por 3 vezes é:
“Sometimes it is the people no one imagines anything of, who do the things that no one can imagine.”
“Às vezes são as pessoas que menos imaginamos que conseguem fazer algo, que fazem coisas que ninguém imaginaria.”
Ao ver o filme percebe-se que Turing era diferente, pensava de forma diferente e comportava-se de forma diferente do esperado.
Turing foi um génio incompreendido, como muitos outros.
Mesmo sem serem homossexuais ou génios, muitas pessoas podem-se identificar com a “estranheza” de Turing, com o facto de pensar de forma diferente – tal como tantos se identificam com personagens da série The Big Bang Theory.
Adorei o filme.
É um filme excelente com uma história fabulosa.
Gostei da conspiração governamental.
É uma evidência que alguns segredos fazem sentido e devem ser mantidos, no interesse da Humanidade.
Estou indeciso quanto aos flashbacks.
Normalmente não gosto deles (prefiro a linearidade), mas neste filme penso que até foram bem colocados.
Poderiam ter existido mais discussões sobre alguns aspectos do filme, como a questão de salvar vidas no presente vs. mais vidas no futuro, sobre a questão da homossexualidade ser um crime naquela época, sobre o suicídio, sobre os detalhes técnicos da máquina ou do trabalho que deu, sobre o facto de alguém que salva milhões de pessoas não poder ser reconhecido publicamente, etc.
No entanto, reconheço que se tivesse tudo isto, o filme ficaria com 5 horas e tornar-se-ia muito chato…
Tal como no filme A Teoria de Tudo, pareceu-me que o filme ficou demasiado “limpo”.
As situações (quer as batalhas interiores de Turing, quer a sua vida privada, quer a relação com os colegas) foram certamente muito mais dramáticas do que o filme dá a entender.
A própria guerra foi tratada como um evento àparte – foi-lhe retirada qualquer emoção.
De qualquer modo, é um filme que recomendo vivamente, já que é excelente e retrata uma altura de suprema importância no século XX.
1 comentário
Vi o filme ontem e o interstellar antes de ontem é simplesmente adorei este. Devia ser um filme obrigatório não é nada chato e põe todas essas questões muito bem. Os actor é fabuloso na interpretação.