O Pensamento Crítico é muito importante.
Obviamente, é importante na ciência: é preciso compreender o que se lê, é necessário questionar corretamente, é fundamental avaliar as informações, é crucial que se apresentem evidências objetivas, e é muito importante que se tenha auto-reflexão ao ponto de mudarmos o que pensamos em face de novas evidências.
É também muito importante na nossa vida pessoal. Um dos exemplos que falamos muitas vezes no AstroPT, é que as pessoas não devem acreditar piamente nas “informações de net” ou nos “tratamentos baseados em meras crenças de alguém”. Não ter pensamento crítico pode ter consequências drásticas, não só em termos financeiros mas pode até ser uma ameaça à vida.
Em termos sociais, é mais do que uma extensão da vida pessoal. A ausência de pensamento crítico coloca em risco as democracias: se as pessoas seguem cegamente determinadas ideologias, se votam ideologicamente “comendo tudo o que ouvem” sem avaliarem corretamente as informações que lhes são transmitidas por cada opção política e social, então a base da democracia desmorona-se… já que não são as pessoas a escolher, mas sim outros a enganá-las e a escolher por elas.
Emily Calandrelli é uma comunicadora de ciência, que deu uma palestra TED sobre como uma sociedade literada em STEM (Science Technology Engineering Mathematics) tornaria o mundo muito melhor do que existe atualmente – mundo este que já é baseado em… STEM.
Uma das mensagens dela: é preciso combater a pseudociência!
2 comentários
Bom dia!
Dá muito trabalho procurar saber as coisas e é difícil coexistir no meio de uma maioria de “preguiçosos”.
Uma pessoa sente-se como uma bactéria ou um vírus, acontece uma fagocitose e marginaliza quem tem esse trabalho e se dedica a saber melhor.
Um Abraço!
Concordo plenamente, e penso mesmo que o problema é mais profundo.
Há inúmeros deficits sérios com consequências potenciais muito sombrias. Se é particularmente irónica e gritante a situação a nível dos tópicos STEM, também há muitos outros casos em que pessoas com formação “especializada” têm um nível de ignorância excessivo em áreas diferentes da sua zona de “especialização”…
Nesse sentido sugiro 3 artigos da revista Wired que tem uma linha editorial que até aborda várias questões com talvez um pouco mais de “pensamento crítico” do que várias outras publicações…
1) What If a University Was Only Designed to Produce Workers?
http://www.wired.com/2015/02/university-designed-produce-workers/?utm_content=buffer80d51&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer
Yes, humans with a college degree would be better at some jobs – but you can’t make a college degree job training.
But what if we did?
What if we optimized the whole higher education system to train and develop humans to be work-ready?
Here are some things that we should do:
What about internships?
Maybe the best way for students to be work-force ready is to just send them out to a job. Really, this would be win-win. The students would pay the university tutiion so that they could become an intern. The employers would get free workers and train them in the processes. Everyone gets something (really, this is win-win-win).
Stop having college majors.
Why major in math, physics or english? Those aren’t jobs, they are fields of study. Of course there are already some majors that have acceptable titles – accounting, nursing, and even biology-pre med. The courses in the majors would still have to change. Maybe business majors would be ok – not sure.
No more silly required courses.
Why should everyone have to take algebra and a science course? If a student wants to be a high school english teacher, why should that student study algebra? Oh, they have to average grades and stuff? No, that is not true in the modern world. A computer could do it. Why should a marketing major take science? If they need any science ideas, they can just “google it”.
2) A Student’s Thoughts on Education
http://www.wired.com/2014/01/students-thoughts-education/
Ethan claims that part of the problem with the administrative side of education (evaluation, standards, testing) is that we (the people) try to apply the same management model to education that we use for nuclear reactors.
Great quote: “Why don’t we just manufacture robots instead of students? They last longer and always do what they’re told.“
Another great quote regarding the measurement of teaching: “If everything I learned in high school was a measurable objective, I haven’t learned anything.”
What is the point of education? It is to free minds and to inspire. We do not.
That leads to another one of my favorite quotes from Robert Heinlein:
“A human being should be able to change a diaper, plan an invasion, butcher a hog, conn a ship, design a building, write a sonnet, balance accounts, build a wall, set a bone, comfort the dying, take orders, give orders, cooperate, act alone, solve equations, analyze a new problem, pitch manure, program a computer, cook a tasty meal, fight efficiently, die gallantly. Specialization is for insects.”
This is especially a problem in undergraduate degree programs. An accounting major shouldn’t just study accounting.
3) The Robotification of Society is Coming
http://www.wired.com/2015/01/robotification-society-coming/
Robotification: The process by which tasks normally performed by humans are replaced with machines of some kind. These machines could be mechanical or electronic. Past tense: robotified.
You might think robotification is something that will happen in the future. Nope. It’s already started. Scholars might debate the exact beginning of the robotification of Earth, but we should all agree that it has already started.
Just take a moment and look around you. How many things do you interact with that were once done by humans but are now performed by machines?
Penso que vale a pena ver o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=7Pq-S557XQU
Sobre o Baxter: https://www.youtube.com/watch?v=wgQLzin4I9M&list=UUpSQ-euTEYaq5VtmEWukyiQ&index=11
Mais dados: http://en.wikipedia.org/wiki/Baxter_(robot)
There is a lot of controversy about the introduction of Baxter into production lines. Many people are afraid of Baxter taking low-wage workers jobs due to costing about the same as their annual salary, except Baxter doesn’t require breaks or holidays, nor does it litigate against its employer. Others are not worried about Baxter taking jobs because humans are still needed to teach Baxter to perform their old jobs. Also, Baxter is adaptive, but not too adaptive that it can be completely independent. Baxter needs to be taught and like other robots, taken care of and maintained in order to remain completely operational.
According to Rodney Brooks, Baxter is not a threat to human jobs, because there are still tasks that people can do better, such as quality assurance or small assembly where things such as sensing tension are important; the robot is designed to do repetitive tasks, the people do the tasks they are good at, and together, the factory excels.
Um robot mais “actual” que também (como todos nós) só “aprende o que lhe ensinarem”: http://en.wikipedia.org/wiki/Chappie_(film) / http://pt.wikipedia.org/wiki/Chappie
Video trailer: https://www.youtube.com/watch?v=l6bmTNadhJE
WHAT CAN WE DO TO PREPARE FOR ROBOTIFICATION?
Here is the important part. I think we could try to prevent robotification, but it might be too late. Just imagine trying to get everyone to stop using smart phones. Yes, that would be difficult.
Instead, I think the best plan is to educate in a way that is perpendicular to the direction of robotification.
What does that even mean? Well, at first robots will take over simple things. So, we shouldn’t educate people to focus on simple things – robots will do those jobs.
However, this also means that we shouldn’t be “job training” in education – especially in higher education. Unfortunately, this is what many administrators are pushing for. “Make the students ready for the real world.”
But the real world is the future and the future is unknown.
Preparing for the real world is preparing for the past. The past will be robots.
If colleges and universities stick with the “real world ready” strategy, they will be graduating students that will have to compete with robots.
Guess what… robots will probably be cheaper and better than many college graduates.
Quanto a este aspecto:
…”Uma das mensagens dela: é preciso combater a pseudociência!”…
Para ter sucesso no “combate” é necessário compreender o que estamos a tentar combater, e neste caso, um dos antídotos mais poderosos é provavelmente o pensamento crítico.
Pela minha parte, ainda não estou bem satisfeito com o meu nível de compreensão sobre o que é, e sobretudo, o que é que “origina” a (crescente?) força da pseudo-ciência…
Por vezes sinto que é um fenómeno ligado ao declínio natural da humanidade, tal como a conhecemos…
Outras vezes, quando estou mais cansado, parece-me algo mais sinistro semelhante a um cancro no modo insidioso como prolifera… Lembro-me até do grão de poeira que contamina um cientista nesta história, que foi uma das que mais me assustou na colecção argonauta: http://coleccaoargonauta.blogspot.pt/2011/09/n-15-o-mundo-em-perigo.html
Nesse livro há uma “desintegração atómica” descontrolada que numa inexorável e estranhamente lenta “reacção em cadeia” vai abrindo uma cratera cada vez mais profunda… mas felizmente encontra-se uma solução.
Na realidade, podemos talvez estar em presença duma tendência de “desintegração cognitiva” a nível social, no que respeita ao crescimento (reacção em cadeia incontrolável?) da pseudo-ciência:
Citação de: Mídia e pânico: saturação da informação, violência e crise cultural na mídia, por Malena Segura Contrera
“Frente à perda da unidade cognitiva e da desintegração que acompanha toda crise cultural, até as formas racionais de consciência, como a sociologia ou a… ”
https://books.google.pt/books?id=GMNd1_1rJjAC&pg=PA15&lpg=PA15&dq=desintegra%C3%A7%C3%A3o+cognitiva&source=bl&ots=GBGx_MBgaz&sig=MIhCHNf7b3GcWuuHy82YVjS7E_0&hl=pt-PT&sa=X&ei=NRsmVeaqFcb9UI7NgdgD&ved=0CDcQ6AEwBA#v=onepage&q=desintegra%C3%A7%C3%A3o%20cognitiva&f=false
Para já, partilho este link:
http://en.wikipedia.org/wiki/Cargo_cult_science
Cargo cults—the religious practice that has appeared in many traditional tribal societies in the wake of interaction with technologically advanced cultures—focus on obtaining the material wealth (the “cargo”) of the advanced culture through magical means, by building mock aircraft landing strips and the like.
No final duma certa história de banda desenhada antiga, a humanidade regressa “ao passado tribal” duma época ainda antes da agricultura, e vê passar ao longe o “novo mundo das máquinas” que vivem no mesmo planeta sem dar a menor atenção aos humanos… para esses humanos do pós-futuro, nessa história, a maneira de (não?) se relacionarem mais com as máquinas, é uma situação em que a existência delas é integrada (possivelmente) ao nível dum “cargo cult” muito simples e previsível…
Link para essa história: http://www.bedetheque.com/BD-Mange-bitume-Les-Mange-Bitume-12559.html
Les Mange-Bitume est une bd peu connue. Pourtant, elle mérite franchement que l’on s’y interesse.
Le scénario de Jacques Lob ( “Le Transperceneige”) est tout à fait réussi.
Nous sommes, ici, conviés à participer une histoire futuriste où les humains ont changés complétement de mode de vie.
Oui , fini les maisons traditionnelles, dès lors, ils vivent dans leur voitures avec, bien évidement, tout le confort.
A première vue , ce scénario peut sembler complètement loufoque et peu crédible.
Pourtant, après avoir lu cet ouvrage, on remarque qu’ il s’en dégage beaucoup de vraisemblance.
Les thèmes principaux, abordés, ici, sont la dérive du pouvoir, la robotisation à outrance et les spéculations d’un régime soit-disant démocratique mais qui en fait se révèle franchement totalitaire.
Avec ses 62 pages, la lecture de ce récit est très dense et on ne s’ennuie pas une seconde.
La narration est fluide et très riche.
Il y a pas vraiment de personnage principal de ce one-shot.
A travers un prologue, un épilogue et quatres chapitres, l’auteur nous dévoile son scénario où la conclusion sera inévitable et logique.
Le dessin de José Fernandez Bielsa a pris un sacré coup de vieux. Pourtant, je trouve qu’il colle très bien avec l’histoire. Le coup de crayon du dessinateur me fait parfois penser aux comics des années 70. C’est à dire, peu de personnalité, très kitch mais non dénué de charme.
Les Mange-Bitumes est vraiment une agréable découverte pour moi et je la conseille à tous
Conclusão:
O crescimento da pseudo-ciência poderá talvez estar associado ao fenómeno da “robotification” da sociedade.