Sistema de escoadas lávicas no interior da cratera Persbo, na província vulcânica de Elysium Planitia, em Marte. Imagem captada pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, a 22 de janeiro de 2010.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.
Cientistas descobriram fortes evidências de que as escoadas lávicas de Marte poderão albergar jazigos de metais base e metais preciosos. O trabalho foi publicado recentemente na revista Ore Geology Reviews e revela um inventário de recursos importantes para o futuro da exploração e colonização de Marte.
Observações da superfície de Marte e de meteoritos provenientes da crusta marciana indicam que as províncias vulcânicas do planeta vermelho apresentam semelhanças fisicoquímicas distintivas a antigas rochas vulcânicas terrestres, como os ferropicritos proterozoicos de Pechenga, na Rússia, e os komatiitos arqueanos da cintura de Agnew–Wiluna, na Austrália. Na Terra, estas rochas encontram-se associadas à formação de mineralizações ortomagmáticas de sulfuretos de níquel (Ni), cobre (Cu) e elementos do grupo da platina (EGP) – metais preciosos extremamente raros, com aplicações especializadas na agricultura, na indústria automóvel, na eletrónica, na medicina e na indústria aerospacial.
“Descobrimos fortes evidências de que os mecanismos cruciais para a formação de depósitos de minério na Terra também actuam no nosso planeta vizinho, onde as escoadas lávicas poderão ter formado mineralizações ricas em metais base e metais preciosos”, disse Raphael Baumgartner, investigador da Universidade da Austrália Ocidental, na Austrália, e primeiro autor deste trabalho. Os investigadores estimam que o manto de Marte deverá ter uma abundância de EGP semelhante à do manto terrestre, pelo que as condições de ascensão e cristalização dos magmas marcianos, e a sua interação com os vastos reservatórios de enxofre presentes na crusta do planeta, terão sido certamente favoráveis à segregação de fluídos imiscíveis de sulfuretos ricos em metais preciosos. Análises às rochas da cratera Gusev e a meteoritos marcianos revelam, no entanto, que o manto de Marte deverá possuir concentrações de Ni e Cu significativamente inferiores à do manto do nosso planeta, o que sugere que estas mineralizações poderão ter teores destes dois metais consideravelmente mais baixas.
“Compreender como e quando ocorreram potenciais processos de formação de minérios em Marte é um pré-requisito para o planeamento a longo termo de futuras missões espaciais ao planeta, e para a definição de critérios de exploração para determinados programas de obtenção de amostras”, afirmou Kerim Sener, geólogo da Matrix Exploration Pty. Ltd., a empresa patrocinadora do projeto, e um dos coautores deste trabalho. O estudo de jazigos de metais noutros planetas representa ainda uma oportunidade de examinar à escala do Sistema Solar os processos que governam a formação de concentrações excecionalmente elevadas de certos elementos químicos.
Podem encontrar todos os detalhes deste trabalho aqui.
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No fundo podemos (se quisermos) ver os planetas do “nosso” sistema solar como um conjunto de ilhas (semelhantes) num pequeno arquipélago… que se move á volta do sol.
Citando uma pequena parte do abstract:
…showing striking mineralogical, petrographical and chemical commonalities with terrestrial komatiites and ferropicrites…
Magmatic controls on the genesis of Ni–Cu±(PGE) sulphide mineralisation on Mars
R.J. Baumgartnera, , M.L. Fiorentinia, D. Baratouxb, e, S. Micklethwaitea, A.K. Senerc, J.P. Lorandd, T.C. McCuaiga
a Centre for Exploration Targeting, School of Earth and Environment, ARC Centre of Excellence for Core to Crust Fluid Systems, The University of Western Australia, 35 Stirling Highway, 6009 Crawley, Perth, Western Australia, Australia
b Observatoire Midi-Pyrénées, 14 Avenue Edouard Belin, 31400 Toulouse, France
c Matrix Exploration Pty Ltd., Shop 8 Pioneer Village, 7 Albany Highway, 6112 Armadale, Western Australia, Australia
d Laboratoire de Planétologie et Géodynamique de Nantes, Université de Nantes and Centre National de la Recherche Scientifique (UMR 6112), 2 Rue La Houssiniére, BP 92208, 44322 Nantes Cédex 3, France
e Institut de Recherche pour le Développement & Institut Fondamental d’Afrique Noire, Dakar, Senegal
Received 18 August 2014, Revised 3 October 2014, Accepted 9 October 2014, Available online 30 October 2014
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