Cientistas descobrem metano em meteoritos marcianos

meteorito_ZagamiPedaço do meteorito Zagami, um meteorito marciano que caiu na Nigéria em 1962.
Crédito: David J. Eicher.

Cientistas detetaram metano em pequenos fragmentos de meteoritos marcianos. A descoberta foi divulgada esta semana num artigo publicado na revista Nature Communications, e é uma pista fundamental na procura de vida no planeta vermelho.

A equipa de investigadores analisou os gases aprisionados no interior de amostras de 6 meteoritos com origem na superfície de Marte, recorrendo a uma técnica conhecida por Crush-Fast-Scan. Esta técnica permite a rápida extração e identificação de compostos voláteis por espetroscopia de massa em amostras submetidas a sucessivos ciclos de esmagamento no interior de uma câmara de vácuo.

A análise dos 6 meteoritos revelou a presença de compostos voláteis com a mesma proporção e composição isotópica dos gases presentes na atmosfera marciana. As misturas continham ainda concentrações de metano significativamente mais elevadas que as detetadas em meteoritos não marcianos.

metano_hidrogenio_meteoritos_marcianos_Blamey_et_al2015Deteção de metano e hidrogénio em amostras de 6 meteoritos marcianos.
Crédito: Blamey et al., 2015 (adaptado por Sérgio Paulino).

“Outros investigadores estarão dispostos a reproduzir esta descoberta, usando técnicas e ferramentas de medição alternativas”, disse Sean McMahon, investigador do Departamento de Geologia e Geofísica da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e um dos coautores deste trabalho. “A nossa descoberta irá certamente ser usada por astrobiólogos em modelos e experiências desenhadas para compreender se a vida poderá sobreviver atualmente debaixo da superfície de Marte.”

Alguns dos meteoritos analisados caíram na Terra há já algum tempo, pelo que a equipa usou o oxigénio (um gás praticamente ausente na atmosfera marciana) para descartar a possibilidade do metano detetado ser de origem terrestre. Os resultados revelaram a presença de concentrações muito baixas de oxigénio, o que sugere uma contaminação mínima com gases da atmosfera da Terra.

Esta descoberta poderá ter uma profunda influência no futuro da exploração do planeta vermelho. Na Terra, mais de 90% do metano atmosférico tem origem biológica, em particular em biotas metanogénicos residentes no permafrost – um ambiente semelhante aos que hoje existem na superfície de Marte. Alguns fenómenos geoquímicos, como as reações de serpentinização, podem também libertar quantidades apreciáveis de metano, pelo que a sua presença na atmosfera marciana poderá estar igualmente relacionada com atividade hidrotermal no interior da crusta do planeta.

“Um dos mais emocionantes desenvolvimentos na exploração de Marte tem sido a possibilidade da presença de metano na atmosfera marciana”, afirmou John Parnell, investigador da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, e um dos coautores deste trabalho. “Recentes e futuras missões da NASA e da ESA, respetivamente, estão focalizadas nisso. Contudo, não se sabe ainda donde vem o metano, ou até mesmo se está realmente presente. O nosso trabalho fornece um forte indício de que as rochas marcianas contêm um vasto reservatório de metano.”

Podem ler mais sobre este trabalho aqui.

1 comentário

  1. acho isso muito interesante quero ser informado

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