Missão Rosetta prolongada até setembro de 2016

rep_art_Rosetta_67PRepresentação artística da sonda Rosetta junto ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Crédito: ESA/ATG medialab/Rosetta/NavCam.

A ESA confirmou anteontem que a missão Rosetta irá ser prolongada por mais 9 meses. Inicialmente com o fim agendado para o próximo mês de dezembro, a missão europeia tem agora luz verde para continuar o estudo detalhado do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko até ao final de setembro de 2016.

“Estas são notícias fantásticas para a ciência”, disse o investigador principal da missão Matt Taylor. “Iremos poder monitorizar o declínio da atividade do cometa, à medida que nos movemos, mais uma vez, para longe do Sol. Teremos [ainda] a oportunidade de voar mais perto do cometa e assim continuar a recolher novos dados. A comparação detalhada de observações ‘antes e depois’ irá dar-nos uma muito melhor compreensão de como os cometas evoluem ao longo da sua vida.”

O cometa irá alcançar o periélio da sua órbita no dia 13 de agosto, pelo que a Rosetta tem assistido nos últimos 12 meses a um aumento significativo da atividade na sua superfície. A continuação da missão por mais um ano dará aos cientistas um quadro mais completo da atividade do cometa durante a fase em que se encontra mais próximo do Sol.

Os dados suplementares recolhidos pela Rosetta irão também fornecer um contexto adicional às observações realizadas a partir da Terra. Neste momento, o cometa encontra-se na mesma direção do Sol, o que torna a sua observação a partir da superfície terrestre extremamente difícil.

A diminuição da atividade após a passagem periélica deverá tornar possível o regresso da sonda a uma trajetória mais próxima do núcleo do cometa. Esta manobra irá permitir o estudo detalhado das alterações nas propriedades de 67P, durante a sua incursão pelo periélio, e abrirá uma janela de oportunidade para concretizar de forma definitiva a identificação visual do robot Philae na superfície do cometa.

67P_NavCam_Rosetta_070615O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko visto pela Rosetta a 07 de junho de 2015.
Crédito: ESA/Rosetta/NavCam.

Durante os últimos 9 meses da missão serão efetuadas algumas manobras potencialmente arriscadas em redor do núcleo do cometa. Estas manobras incluirão passagens pelo lado noturno do cometa, para observar as interações dos gases e poeiras cometários com as partículas do vento solar nesta região, e permitir a recolha de partículas de poeira em locais mais próximos do núcleo.

À medida que o cometa se afasta do Sol, a Rosetta deixará de receber luz solar suficiente para poder funcionar de forma eficiente e em segurança. Além disso, em outubro de 2016, o cometa estará mais uma vez na mesma direção do Sol, quando visto a partir da Terra, o que tornará as comunicações com a sonda extremamente complicadas. Nessa altura, a Rosetta deverá ter os seus tanques de propelente praticamente vazios, pelo que fará pouco sentido colocar a sonda de novo em hibernação.

“(…) A forma mais lógica de terminar a missão será depositar a Rosetta na superfície”, disse o coordenador da missão Patrick Martin. “Mas há ainda muito a fazer para confirmar se este desfecho é possível. Temos de avaliar primeiro em que condições se encontra a sonda depois do periélio, e como se comporta nas proximidades do cometa. Mais tarde, teremos de tentar determinar em que local da superfície poderá poisar.”

Se esta proposta for aceite, a Rosetta será colocada numa trajetória em espiral em direção ao cometa, durante um período aproximado de 3 meses. Os cientistas esperam dar continuidade às observações científicas ao longo deste período, o que permitirá a recolha de dados a distâncias cada vez menores do núcleo de 67P. Quando a Rosetta alcançar a superfície do cometa, será improvável que volte a comunicar com a Terra, pelo que este momento marcará o fim de uma das mais bem sucedidas missões de toda a história da exploração do Sistema Solar.

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