A Conferência de Imprensa da NASA acabou há minutos atrás, e estas são as conclusões que se podem tirar:
1 – Não se podem tirar quaisquer conclusões! Ainda só temos 1% dos dados. Semanalmente, a NASA vai fazer uma conferência de imprensa para divulgar o que se vai sabendo.
Para a semana, já iremos ter cerca de 5% dos dados, com mais imagens, melhores imagens, com melhor resolução, e com dados de espetroscopia que nos permitam poder, pelo menos, especular.
Para já, a NASA não quer entrar em especulações. Os cientistas forem bastante cautelosos nisso.
2 – O que se sabe para já é que o interior de Plutão é bastante dinâmico. Plutão é ainda hoje bastante ativo geologicamente. Como isso é possível numa rocha gelada tão longe e isolada? Não se sabe. Talvez seja devida à excêntrica órbita, que faz com que o oceano interior congele e liquidifique periodicamente.
3 – A superfície de Plutão é bastante diversificada, com terrenos com altas montanhas e enormes planícies. Vejam este fly-over em duas regiões distintas:
4 – Provavelmente a imagem mais interessante de hoje é a Planície Sputnik.
Bem no meio do “coração” na superfície de Plutão (nomeada Região Tombaugh), foi feita esta imagem:
Este terreno sem crateras não tem mais de 100 milhões de anos. É bastante recente.
Vemos uma superfície carregada de polígonos irregulares. Não se sabe como foram feitos. Talvez por motivos geológicos internos de convecção. Talvez devido a um processo similar à lama quando seca. Talvez devido a placas tectónicas. Não se sabe.
O certo é que além dos polígonos, vêem-se fraturas entre eles, material escuro em algumas dessas fracturas, e até pequenas colinas feitas desse material escuro na divisão desses polígonos. Talvez sejam depositados pelos ventos que sopram na superfície gelada.
A superfície mais para baixo também é bastante interessante, com uma enorme quantidade de pequenos buracos nos polígonos, talvez devido à sublimação.
A que se deve tudo isto? Temos que esperar por mais dados…
5 – A atmosfera de Plutão é mais extensa do que se pensava (chega a 1.600 km acima da superfície). Mas é rarefeita.
É maioritariamente composta por nitrogénio/azoto. Sendo que a atmosfera na zona média de Plutão deverá ter mais metano.
Ainda não se sabe como é a atmosfera perto da superfície. Nomeadamente, como consegue produzir ventos.
6 – O vento solar (partículas carregadas) faz com que a atmosfera de Plutão vá-se perdendo no espaço. Na verdade, este vento solar ioniza a atmosfera de Plutão e faz com que Plutão tenha uma enorme cauda de iões (como se fosse um cometa). A cauda é enorme, devido à fraca gravidade de Plutão.
O nitrogénio/azoto vai-se perdendo para o espaço (e também algum metano). Ainda não se determinou o rácio de perda.
Como é que ao fim de tanto tempo após a formação de Plutão este processo ainda continua? Não se sabe.
7 – Também foi encontrada uma camada de alguns centímetros na superfície composta por monóxido de carbono na “região do coração”. Não se sabe a causa.
8 – Por fim, foram descobertos o que aparentam ser efeitos do vento na atmosfera inferior de Plutão. Parece que o vento leva alguns materiais e também os vai depositando na superfície, mesmo na atmosfera rarefeita de Plutão.
E pronto: na próxima semana há mais.
Talvez nessa altura já existam mapas topográficos da superfície e quiçá dados importantes de espetroscopia que nos permitam dizer o que se passa na superfície deste planeta-anão.
Com os meus comentários:
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Sugestão:
Artist’s Decades-Old Painting of Pluto Is Eerily Accurate
https://www.yahoo.com/makers/newly-captured-images-of-pluto-are-shockingly-124189039895.html
Every so often, an astronomical artist gets lucky. As the New Horizons spaceprobe closes on minor planet Pluto after its nine-year voyage, I’m astounded by how close I came to accurately depicting Pluto in 1979.
http://www.cosmographica.com/spaceart/pluto-predicted.html
A história foi feita pela NASA ao conquistar Plutão,mesmo que seja num sobrevôo pelo planeta,é impressionante e muito importante para ciência mais essa conquista e para todos nós também que aprendemos mais sobre o universo.Na minha opinião vendo a superfície do planeta com aquela aparência de ‘bolhas’ pude concluir se trata de algum tipo de precipitação ou seja chuva que cai e congela formando aquele padrão de bolhas.Agora faltaria descobrir que material seria esse que se precipita sobre ele.
Vamos aguardar os novos dados que a sonda nos enviar que e bastante empolgante,parabéns NASA.
Incrível. É interessante, espetacular e impressionante começarmos a aprender tanto sobre um lugar tão distante do qual sabia-se tão pouco.
Observando o post tive uma sensação: que lugar frio, distante, desolado e inóspito! Pra mim é um pouco aterrador um lugar sem nenhum atrativo para a vida humana. Imagine um astronauta ali neste lugar tão longe da terra. Seria meio desesperador.
O universo é lindo, fascinante, misterioso e ao mesmo tempo hostil, gelado e nada hospitaleiro.
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