Plutão vai voltar a ser planeta?

Plutão é o corpo astronómico mais famoso desta semana.

Inevitavelmente, surgiram algumas perguntas sobre se, em face das descobertas, Plutão poderá ser novamente reclassificado.
A resposta é simples: não!

Não interessa o que se venha a descobrir em Plutão, mesmo que sejam baleias azuis, Plutão continuará a ser planeta-anão. Não interessa quantas luas tenha. Não interessa se tem um oceano interior.
Não interessa que o lobby pró-planeta faça bastante ruído esta semana, não existe qualquer intenção de reclassificar Plutão (incluindo na União Astronómica Internacional, nada existe).

O que realmente interessa neste caso, é que isto não é uma questão de ciência, mas sim de nomenclatura, que é irrelevante. Plutão continuará a ser surpreendente e fantástico, mesmo sendo classificado como planeta-anão.
E, note-se, estas classificações são sempre geocêntricas: se os humanos vivessem em Júpiter, então a Terra seria classificada como planeta-anão ou até quiçá asteróide. Não são, assim, classificações objetivas. Por isso, não têm qualquer relevância para o Universo. É só uma forma de nós, humanos, conseguirmos organizar as coisas, na nossa mente.

Crédito: Mathias Pedersen (Blender Artists)

De qualquer modo, a classificação feita pelos humanos diz-nos que existem 3 critérios para um corpo ser considerado planeta: orbitar o Sol, ser esférico, e “limpar a vizinhança”.
Claramente Plutão não conseguiu limpar a vizinhança, e encontra-se numa Cintura de Kuiper juntamente com muitos outros objetos similares a si próprio. Daí ser considerado Planeta-Anão. Tal como Ceres, por exemplo, na Cintura de Asteróides.

Claro que “limpar a vizinhança” pode ser considerado um critério subjetivo e demasiado relativo, já que os planetas têm alguma poeira (objectos) que os seguem ou que estão à sua frente na órbita, já para não falar na quantidade de luas que existem na sua vizinhança… mas para simplificar pensa-se: não é planeta se estiver num Anel de Asteroides ou numa Cintura de Kuiper ou numa Nuvem de Oort.

A verdade é que se Plutão fosse planeta, então vários outros teriam que o ser.
Ceres, Eris, Makemake, Haumea são os outros 4 planetas-anões oficiais existentes atualmente.
Mas vários outros irão ser considerados planetas-anões proximamente: Orcus, 2002 MS4, Salacia, Quaoar, 2007 OR10, e Sedna.
Só na Cintura de Kuiper existem cerca de 70.000 objetos. Imaginando que 1% (1 em 100) deles pode ser grande o suficiente para ser considerado planeta-anão, teremos nos próximos anos mais 700 planetas-anões para considerar. Imaginem que consideram todos eles como planetas… teríamos uma enorme confusão que eliminaria as vantagens de classificação. E em termos educacionais, seria idiota termos anualmente um número cada vez maior de planetas.

Mike Brown aponta neste momento centenas de candidatos a planetas-anões, aqui.

Vejam esta montagem feita por Emily Lakdawalla, da Planetary Society: Plutão fica “perdido” entre os inúmeros satélites naturais que existem no sistema solar.

Montage by Emily Lakdawalla. The Moon: Gari Arrillaga. Other data: NASA/JPL/JHUAPL/SwRI/UCLA/MPS/IDA. Processing by Ted Stryk, Gordan Ugarkovic, Emily Lakdawalla, and Jason Perry.

Por fim, vejam estes vídeos que explicam porque Plutão não é planeta: