Um impacto épico em Tétis

Poucas horas depois da sua última visita a Dione, a Cassini sobrevoou a lua Tétis, a uma altitude aproximada de 42 mil quilómetros. Este encontro foi uma oportunidade para a sonda da NASA fotografar o lado ocidental do hemisfério líder de Tétis – uma região que inclui a cratera Odysseus, uma das maiores estruturas de impacto do Sistema Solar.

cratera_Odysseus_Tetis_NAC_ISS_CassiniA cratera Odysseus, num mosaico de 5 imagens obtidas pela sonda Cassini, a 17 de agosto de 2015.
Crédito: NASA/JPL/SSI/Sérgio Paulino.

Odysseus tem cerca de 445 km de diâmetro e cobre aproximadamente 4,5 % da área superficial total de Tétis. A sua profundidade varia, no entanto, entre 6 a 9 km – valores muito inferiores ao que seria de esperar numa cratera com estas dimensões. Esta particularidade resulta da conformação do seu interior com a forma esférica de Tétis, um fenómeno provavelmente provocado pelo lento relaxamento da crusta tetiana ao longo do tempo.

Odysseus recebeu o nome do herói grego de Odisseia, um poema épico atribuído a Homero. Na imagem de cima podemos ver detalhes de algumas das estruturas geológicas mais proeminentes associadas a Odysseus.

A nordeste, junto à orla da cratera, temos Ogygia Chasma, um vale de vertentes íngremes com cerca de 120 km de comprimento. Esta estrutura é provavelmente uma fratura rasgada pelo impacto que formou Odysseus.

No interior da cratera eleva-se um complexo central de maciços montanhosos. Denominados Scheria Montes, estes maciços têm 2 a 3 km de altura e rodeiam uma depressão central com 2 a 4 km de profundidade. Estas estruturas são provavelmente tudo o que resta de um antigo sistema de picos centrais.

4 comentários

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    • Dinis Ribeiro on 22/08/2015 at 19:39
    • Responder

    Quanto a este aspecto: …” lento relaxamento da crusta tetiana ao longo do tempo”…

    Lembrei-me disto:

    Earth’s shrinking crust could leave us living on a water world
    https://www.newscientist.com/article/dn27875-earths-shrinking-crust-could-leave-us-living-on-a-water-world

    Gosto muito da fotografia com os mergulhadores… 😉

    Earth’s continental crust, which forms the land we live on, has been slimming down, according to a new estimate.

    If the slimming rate holds, the continents might disappear into the sea within a couple of billion years.

    The slow flattening of continents could end our world as we know it.

    As the continental crust erodes, land would disappear into the oceans – even without climate induced sea level rises.

    Dhuime does say that his record of continental thickness is an inference from isotope concentrations.

    “There are a lot of assumptions and models in here,” says Clark Johnson of the University of Wisconsin-Madison. For example, he says, for the continents to get thinner in the long term, erosion would have to also outpace magma that attaches to the base of the crust – not just the build-up of crust at plate convergences that Dhuime’s team considered.

    Some support comes from suggestions that continental crust may have shrunk over the last few hundred million years, an idea that is based on looking at subduction zones, where two plates come together and one slides beneath another.

    The first bloom of life on Earth happened at about the same time as the first rise of continental crust, when shallow seas could host algae, about 2.5 billion years ago.

    According to Dhuime’s model, land was just starting to peek out of the water and now it might be slowly headed back in that direction.

    1. Olá Dinis,

      Artigo interessante. No entanto, os continentes poderão nunca chegar a desaparecer por completo. Daqui a cerca de mil milhões de anos, o Sol será uma estrela diferente. Nessa altura, terá uma luminosidade 10% superior à atual, o que desencadeará uma catástrofe no nosso planeta. Aos poucos, os oceanos começarão a evaporar, saturando a atmosfera terrestre com vapor de água, um dos principais gases responsáveis pelo efeito de estufa. Este fenómeno provocará um aumento descontrolado da temperatura, o que irá ampliar ainda mais a taxa de evaporação dos oceanos. Ou seja, em pouco tempo, a Terra irá transformar-se num planeta muito semelhante a Vénus. 😉

      Quanto à imagem, foi captada muito provavelmente na fissura de Silfra, na Islândia. Silfra encontra-se exatamente na fronteira entre as placas da América do Norte e da Eurásia. Pode ver mais algumas fotografias aqui: http://www.huffingtonpost.co.uk/2015/02/19/stunning-underwater-images-show-divers-snorkeling-in-the-gap-between-the-north-american-and-eurasian-continents_n_6713892.html. 🙂

        • Dinis Ribeiro on 23/08/2015 at 23:01

        Obrigado pelo comentário. Faz sentido… A terra tornar-se-á num gigantesco deserto sem fim…

        E nesse caso… talvez a única maneira de “salvar” os oceanos seria uma acção deliberada com um “sistema” que permitisse o envio para o espaço de toda a água dos oceanos, para que os “mares terrestres” se possam agarrar a outro planeta, (ou a uma miríade de asteróides) a uma distância mais confortável em relação ao sol…

        Com essa luminosidade 10% mais forte, como será a temperatura em Marte? e na cintura interna de asteróides?

        https://pt.wikipedia.org/wiki/Cintura_de_asteroides

        Lembro-me dum filme bastante onírico em que se vê uma nave enorme, o TET e sobre o mar várias outras gigantescas máquinas que ilustram um pouco o tipo de sistema que seria necessário para retirar toda a água da terra…

        Há outros tipos de design do sistema que se podem imaginar…

        Filme: https://en.wikipedia.org/wiki/Oblivion_(2013_film)

        … begin to extract earth’s oceans using huge Water Harvesting Machines …
        http://www.screeninsults.com/oblivion.php

        Mais fotografias:
        http://www.railfanguides.us/oblivion/index.htm

        Quantas histórias foram escritas em que extraterrestres vêm “roubar” a água da terra?

        E se forem os nossos descendentes a fazer isso voluntariamente, por “razões de força maior”?

      1. Marte poderá ser, nessa altura, um planeta com características interessantes. Se a humanidade sobreviver nos próximos mil milhões de anos (se isso acontecer, nessa altura já não seremos a espécie humana que hoje conhecemos), o planeta vermelho poderá vir a tornar-se uma casa temporária para os últimos habitantes da Terra. 🙂

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