O que há de interessante para se ver na direção justamente oposta à do Sol?
Há um mês, à noite, haviam várias coisas muito interessantes que foram capturadas aqui.
Primeiramente, o orbe avermelhado brilhando perto do horizonte, à direita dessa imagem em destaque é a Lua Cheia, obscurecida e avermelhada por ter entrado na sombra da Terra, em relação ao Sol, no eclipse lunar total.
Além do cone de escuridão da sombra terrestre vemos, em segundo lugar, nessa notável imagem, partículas de poeira que orbitam o Sol refletem a luz solar e emanam um brilho difuso chamado em alemão de ‘gegenschein’ (“brilho de oposição”) [1], visível como uma tênue banda crescente a partir do horizonte central e passando atrás da Lua Cheia eclipsada.
Em terceiro lugar, uma quase horizontal faixa de luminescência atmosférica esverdeada também está discernível logo acima do horizonte, parcialmente bloqueada pelos areais alaranjados.
Em quarto lugar, visível nos céus como um ponto azul bem próximo ao topo da imagem está a estrela Sirius, enquanto que, em quinto lugar, a faixa central da nossa galáxia Via Láctea forma arcos tanto à esquerda quanto à direita da foto. Em sexto lugar temos os difusos feixes luminosos à esquerda do centro da imagem: a Grande e a Pequena Nuvens de Magalhães.
Complementando esse notável panorama celeste, numerosas nebulosas de emissão avermelhadas se espalham pelos céus, cujos nomes foram anotados na imagem abaixo por Judy Schmidt.
Fechando o quadro, no primeiro plano vemos a desolada região de Deadvlei pertencente ao Parque Nacional Namib-Naukluft Park na Namíbia, onde também aparece a silhueta do astrofotógrafo Petr Horálek pessoalmente examinando o terreno e os ceús tão impressionantes que ele próprio descreveu como uma das melhores experiências que ele já sentiu em toda a sua vida.
Nota
[1] O Gegenschein, do alemão “brilho de oposição”, é um efeito astronômico visível como uma mancha elíptica fraca de luz, diretamente oposta ao Sol no céu, e é mais sutil e difícil de enxergar do que a Luz zodiacal. O gegenschein vem da luz espalhada pelas partículas interplanetárias de poeira, que também causam a Luz zodiacal. No entanto, o fenômeno físico envolvido é um tanto distinto, conhecido como retro-espalhamento, em que os reflexos das partículas apresentam-se como “fases”, dependendo da posição terra versus Sol. Perto do ponto de maior oposição solar, as partículas apresentam-se em “fase cheia”, alcançando um brilho mais intenso. Sua observação requer céu limpo e escuro e a dificuldade de observação advém do fato de que o ponto antissolar está próximo ao ponto em que a Eclíptica cruza o equador galáctico, onde a faixa da Via-Láctea é mais luminosa, dificultando o reconhecimento do Gegenschein. O efeito chega à sua maior altura e proeminência à meia-noite e pode-se observá-lo melhor entre fevereiro e abril e também entre setembro e novembro.
Fonte
APOD: A Gegenschein Lunar Eclipse – crédito da imagem©: Petr Horálek; Anotações por: Judy Schmidt
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