Uma equipa de investigação da Universidade de Tecnologia Chalmers conseguiu realizar uma experiência que logrou fazer com que um átomo artificial sobrevivesse dez vezes mais que o normal, posicionando esse átomo em frente de um espelho. Os resultados foram publicados recentemente na revista Nature Physics.
Se acrescentarmos energia a um átomo – diz-se que o átomo está excitado – normalmente leva algum tempo até que esse átomo registe uma perda de energia e retorne ao seu estado estacionário (ou fundamental). Este tempo é designado como tempo de vida dum átomo. Os investigadores na Universidade de Tecnologia de Chalmers posicionaram um átomo artificial a uma distância específica em frente dum curto-circuito que funciona como um espelho. Ao alterar a distância para o espelho, verificaram que podiam aumentar esse tempo de vida do átomo, até dez vezes mais do que tempo registado caso esse espelho não estivesse assim colocado.
O átomo artificial é na verdade um circuito eléctrico supercondutor que os pesquisadores fazem comportar-se como um átomo. Assim como um átomo natural, pode-se carregá-lo com energia, ou excitar o átomo; que, em seguida, a emite sob a forma de partículas de luz. Neste caso, a luz tem uma frequência muito mais baixa do que a luz normal e é, na realidade, no comprimento de onda dos microondas.
“Nós demonstramos que podemos controlar o tempo de vida de um átomo duma forma muito simples”, diz Per Delsing, Professor de Física e líder da equipa de pesquisa. “Podemos variar o tempo de vida do átomo, alterando a distância entre o átomo e o espelho. Se colocarmos o átomo a uma certa distância do espelho a vida do átomo é estendida a um comprimento tal que nem somos sequer capazes de observar o átomo. “Consequentemente, podemos esconder o átomo na frente de um espelho. ”
Esta experiência decorreu duma colaboração entre físicos experimentais e teóricos na Chalmers, e estes últimos desenvolveram a teoria da variação da vida do átomo em função da distância ao espelho.
“A razão pela qual o átomo “morre”, ou seja, retorna ao seu estado fundamental original, é que ele vê (recebe informação) as muito pequenas variações no campo electromagnético que devem existir de acordo com a teoria quântica, conhecidas como flutuações do vácuo”, diz Göran Johansson, Professor de Teoria Quântica e Física Aplicada e líder do grupo de teoria.
Quando o átomo é colocado em frente do espelho que interage a sua imagem de espelho, essa disposição no espaço altera a quantidade de flutuações de vácuo ao qual o átomo está exposto . O sistema que os pesquisadores Chalmers conseguiram edificar é particularmente adequado para medir as flutuações do vácuo, que de outra forma são um fenómeno muito difícil de medir.
Mais informações: I.-C. Hoi et ai. Sondando o vácuo quântico com um átomo artificial na frente de um espelho, Nature Physics (2015). DOI: 10.1038 / NPHYS3484
Jornal de referência: Nature Physics
Música “Walking into mirrors,” artista Johnny Warman
4 comentários
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“Se acrescentarmos energia a um átomo – diz-se que o átomo está excitado – normalmente leva algum tempo até que esse átomo registe uma perda de energia e retorne ao seu estado estacionário (ou fundamental). Este tempo é designado como tempo de vida dum átomo. (…) verificaram que podiam aumentar esse tempo de vida do átomo, até dez vezes mais do que tempo registado caso esse espelho não estivesse assim colocado.”
hmmmmmmmmmmmmmmmmm
Ou seja, um espelho consegue aumentar o tempo de excitação de um átomo…
Algo me diz que daqui a uns meses vamos ter websites a vender viagra quântico 😛
🙂 LOL, mas olha que o Viagra é produzido recorrendo a aparelhos da Física quântica (lasers, espectómetros).
Vá, também houve outra interpretação menos sexual e mais feminina: “isto é um discreto apelo não à vaidade mas à auto-estima, gostei.”
Depois ainda dizem que os homens só pensam em sexo, nós pensamos noutras coisas, não nos lembramos é muito bem do quê. 🙂
Para se compreenderem certos fenómenos que vão surgindo com o avanço da física quântica precisamos continuar a aprofundar os domínio do muitíssimo pequeno.
É esse o consenso entre os cientistas, e cada vez mais entre todas as pessoas.
A grande esperança é que os estudantes são extremamente interessados e muito aplicados nesta disciplina tão exigente/maravilhosa. 🙂
Um colega veterano de Física de Partículas indicou que há 20 anos quando lhe perguntavam o que fazia as pessoas ficavam algo atónitas com a resposta, e num caso caricato até lhe recomendaram uma instituição de saúde para ele se ir curar.
Hoje diz que as pessoas de todas as profissões lhe fazem muitas perguntas e lhe agradecem o esforço. 🙂
Obrigado pelo seu excelente incentivo. 🙂