O nascimento de monstros

O VISTA identifica as primeiras galáxias gigantes

Descobertas galáxias massivas no Universo primordial. Crédito: ESO/UltraVISTA team. TERAPIX/CNRS/INSU/CASU

Descobertas galáxias massivas no Universo primordial.
Crédito: ESO/UltraVISTA team. TERAPIX/CNRS/INSU/CASU

O telescópio de rastreio VISTA do ESO encontrou uma horda de galáxias massivas anteriormente ocultas, que existiram quando o Universo era ainda bebé.

Ao descobrir e estudar uma grande quantidade deste tipo de galáxias, os astrónomos descobriram, exatamente e pela primeira vez, quando é que tais monstros apareceram pela primeira vez no Universo.

Descobertas galáxias massivas no Universo primordial. Crédito: ESO/UltraVISTA team. TERAPIX/CNRS/INSU/CASU

Descobertas galáxias massivas no Universo primordial.
Crédito: ESO/UltraVISTA team. TERAPIX/CNRS/INSU/CASU

O simples facto de contar o número de galáxias que existem em determinada área do céu permite aos astrónomos testar teorias de formação e evolução galáctica. No entanto, uma tarefa aparentemente tão fácil torna-se mais difícil quando tentamos contar galáxias cada vez mais distantes e ténues e é mais complicada ainda devido ao facto das galáxias mais brilhantes e fáceis de observar — as mais massivas no Universo — se tornarem mais raras à medida que os astrónomos observam o passado do Universo, enquanto que as galáxias menos brilhantes, mas muito mais numerosas, são ainda mais difíceis de detectar.

Uma equipa de astrónomos liderada por Karina Caputi do Instituto Astronómico Kapteyn da Universidade de Groningen, descobriu muitas galáxias distantes que não tinham sido detectadas anteriormente. A equipa utilizou imagens do rastreio UltraVISTA, um dos seis projetos que usam o VISTA para mapear o céu no infravermelho próximo, e fez um censo das galáxias ténues quando a idade do Universo estava compreendida entre 0,75 e 2,1 mil milhões de anos.

Desde dezembro de 2009 que o rastreio UltraVISTA tem vindo a fazer imagens da mesma região do céu, com um tamanho de quase quatro vezes a Lua Cheia. Esta é a maior área no céu da qual se fez imagens no infravermelho com esta profundidade, até à data. A equipa combinou as observações UltraVISTA com observações do Telescópio Espacial Spitzer da NASA, o qual investiga o cosmos a comprimentos de onda ainda maiores, na zona do infravermelho médio.

“Descobrimos 574 novas galáxias massivas — a maior amostra jamais reunida deste tipo de galáxias, anteriormente ocultas, no Universo primordial,” explica Karina Caputi. “Estudá-las permitir-nos-á responder a uma questão simples mas importante: quando é que apareceram as primeiras galáxias massivas?”

A obtenção de imagens do cosmos no infravermelho próximo deu aos astrónomos a possibilidade de observar objetos que estão simultaneamente obscurecidos por poeira e se encontram extremamente distantes, criados quando o Universo era muito jovem.

A equipa descobriu um enorme aumento nos números destas galáxias num espaço de tempo muito curto. Uma grande fração das galáxias massivas que vemos atualmente no Universo próximo já tinham sido formadas apenas 3 mil milhões de anos após o Big Bang.

(Neste contexto, “massivo” significa mais de 50 mil milhões de vezes a massa do Sol. A massa total das estrelas na Via Láctea encontra-se também próxima deste número.)

“Não encontrámos evidências destas galáxias massivas mais cedo do que cerca de um milhar de milhões de anos após o Big Bang, por isso estamos confiantes que esta é a altura em que as primeiras galáxias massivas se formaram,” conclui Henry Joy McCracken, co-autor do artigo científico que descreve estes resultados.

Adicionalmente, os astrónomos descobriram que existem mais galáxias massivas do que o que se pensava anteriormente. As galáxias que estavam anteriormente escondidas pela poeira são cerca de metade do número total das galáxias massivas presentes no Universo quando este tinha entre 1,1 e 1,5 mil milhões de anos [5]. Estes novos resultados contradizem, no entanto, os atuais modelos que explicam como é que as galáxias evoluíram no Universo primordial, os quais não prevêem a existência de galáxias grandes tão cedo no Universo.

Para complicar ainda mais as coisas, se as galáxias massivas forem mais poeirentas no Universo primordial do que o esperado, então nem o UltraVISTA as conseguirá detectar. Neste caso, a teoria atual que explica como é que as galáxias se formaram no Universo primordial teria que ser completamente revista.

O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) irá também procurar estas galáxias poeirentas, que podem fazer alterar as regras do “jogo”. Se forem encontradas, serão também objetos a observar pelo telescópio de 39 metros do ESO, o European Extremely Large Telescope (E-ELT), que possibilitará a obtenção de observações detalhadas de algumas das primeiras galáxias do Universo.

Este é um artigo do ESO, que pode ser lido aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.