X-Files voltou!

A série The X-Files (Ficheiros Secretos; Arquivo X) teve um sucesso tremendo na televisão entre os anos 1993 e 2002.

O sucesso deveu-se em grande parte às suas principais personagens, agentes do FBI: o conspirador e crente Fox Mulder, e a cética e médica Dana Scully.

O sucesso também se deveu à história principal, a mitologia predominante na série: o segredo governamental de preparação para uma invasão e colonização por alienígenas.

Agora, a série está de volta. Ou melhor, para já, será uma mini-série de 6 episódios.

Mulder e Scully estão de volta… apesar de estarem 13 anos mais velhos 🙂

Eu adorei esta série. Por isso, naturalmente, adorei estes novos episódios, quanto mais não seja pela nostalgia e o entusiasmo de ver novamente Mulder e Scully a trabalharem juntos para resolverem complicados enigmas.

Adorei rever a química que Gillian Anderson e David Duchovny têm entre si.

Gostei de ver que Mulder e Scully têm agora um filho, que é teenager.

Existe uma nova personagem principal: o actor cómico Joel McHale faz o papel da personagem Tad O’Malley, que é basicamente um completo lunático de internet, que acredita piamente que o ataque às torres gémeas a 11 de Setembro de 2001 foi uma operação secreta do governo norte-americano, entre outras conspirações.

Aliás, existem várias outras conspirações “modernas” na série, como o aquecimento global ser uma conspiração governamental, a guerra no Médio Oriente, a vigilância às nossas comunicações por parte da Agência de Segurança Norte-Americana (NSA), os chemtrails, os supostos campos de concentração construídos pela Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), etc.

A mitologia predominante na nova mini-série é de que não existe uma invasão alienígena, mas sim uma conspiração governamental para a população crer que os culpados são extraterrestres.
A manipulação das massas é feita por homens poderosos (e grandes empresas), não por extraterrestres.

O primeiro episódio foi excelente e dentro do que é a mitologia predominante desta nova série.

O segundo episódio ainda está dentro da mitologia predominante. O assunto deste episódio é a manipulação genética (mutação) de bebés humanos, tornando-os híbridos com ADN extraterrestre, permitindo-lhes ganhar poderes paranormais/sobrenaturais.

O terceiro episódio é um clássico. Com supostos monstros. O episódio começa de forma excelente, com Mulder a dizer que todos os mistérios com monstros que ele tinha em ficheiros secretos já tinham sido devidamente explicados, e todos eles tinham explicações mundanas. Depois, eles (Mulder e Scully) investigam uma série de assassinatos, que os testemunhos dizem que foram feitos por um monstro: uma criatura que se parece com um homem-lagarto. Surpreendentemente, ou não, Mulder está extremamente cético quanto a este novo mistério. O episódio tem comédia leve e, em partes, é bastante disparatado (como o dizem Mulder e a criatura), o que faz dele um episódio excelente! Além disso, este episódio tem um twist (uma reviravolta) surpreendente: originalmente, a criatura era um lagarto humanoide, mas foi mordida por um humano, e depois disso anda a transformar-se temporariamente em humano. Fabuloso! De forma cómica, pela criatura-lagarto, existem uma série de críticas sociais às normais culturais dos humanos. Aliás, apontando para Mulder, a própria criatura diz que os verdadeiros monstros são os humanos! Fantástico! Entretanto, percebe-se que o assassino não é este shapeshifter, mas sim o profissional de controlo animal. Quanto à criatura, volta a ser o alegre lagarto humanoide e vai entrar em hibernação durante 10.000 anos.

O quarto episódio lidou com assassinatos cometidos por alguém não humano: com uma força descomunal, que não deixa pegadas e que “dorme” no camião do lixo. É uma entidade criada pela força do pensamento, de modo a proteger os sem-abrigo, que são tratados pelas outras pessoas como lixo. No mesmo episódio, Mulder e Scully decidem ir atrás do seu filho, William, que deram para adoção – este vai ser certamente um dos temas da próxima temporada.

O quinto episódio lida com bombistas suicidas. O melhor deste episódio é que aparece outro duo de agentes, mais novos, chamados Miller e Einstein, em que Miller é o crente e Einstein é a cética. E os pares de agentes ficam assim: Mulder com a Einstein, e Scully com o Miller. Ou seja, a mesma dinâmica de pares de FBI, mas versões mais novas de Mulder e Scully.

O sexto episódio volta à mitologia predominante da série que ficou em stand-by com o primeiro episódio. Continuou com as conspirações governamentais, por exemplo, a de que as vacinas são uma forma do governo nos controlar e nos incutir mutações genéticas (?). No final, é o ADN extraterrestre que salva a Humanidade – o que é irónico e faz pensar que a próxima temporada será com este tema (a Humanidade contaminada, híbrida, com ADN extraterrestre). Este é mais um excelente episódio. O problema é que muita gente não consegue separar a realidade da ficção e por isso o episódio vai certamente promover mais crentes conspiradores. Por outro lado, o Homem Fumador/Canceroso continua a sobreviver, o que não faz qualquer sentido; já devia ter morrido. Por fim, espero que no último episódio da última temporada, Fox Mulder morra; para ao menos no final a série parecer mais realista nesse aspeto (ele está sempre perto de morrer e nunca morre). No sentido inverso a todas estas críticas: é Scully, com a sua forma científica de ver as coisas, que salva a Humanidade. Mais uma vez, a ciência salva vidas!

O primeiro e o terceiro episódios foram, na minha opinião, os melhores.

A série, obviamente, perdeu um pouco a novidade; já sabemos do que se trata. Não é inovadora, como foi da primeira vez.

No entanto, com a mudança de agulha de extraterrestres para o governo (uma ideia muito mais moderna, do século XXI), poderá ter novamente um enorme impacto na audiência.