Uma flor na Lua

Chappy_orla_cratera_Chaplygin_NAC_LROCVista oblíqua sobre a cratera Chappy. Imagem obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

A belíssima estrutura visível na imagem de cima foi criada pelo impacto de um objeto na orla oriental da cratera Chaplygin, no hemisfério da Lua mais distante da Terra. Tipicamente, os asteroides e cometas atingem a superfície lunar a velocidades superiores a 15 km/s – o equivalente a 10 vezes a velocidade de uma bala disparada por uma pistola! Estas colisões são tão violentas que libertam quantidades de energia suficientes para fundir volumes imensos de rocha e arremessá-los a distâncias relativamente grandes do centro da cratera.

Conhecida informalmente por Chappy, esta magnífica cratera tem preservados na sua estrutura detalhes morfológicos fundamentais para a compreensão da física destes poderosos eventos. Por exemplo, os padrões delicados que rodeiam esta cratera mostram com clareza que os materiais escavados pelo impacto não foram meramente ejetados numa trajetória balística simples. Em vez disso, parecem ter sido projetados junto à superfície sob a forma de uma massa liquefeita.

centro_Chappy_NAC_LROCDetalhes do interior da cratera Chappy e de parte do seu manto de ejecta. Imagem obtida pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Perto da orla da cratera, o manto de ejeta assume a forma de depósitos descontínuos de materiais mais escuros. Fundidos à medida que a tremenda energia do impacto se convertia em calor, estes materiais foram arremessados a grande altitude durante a fase de escavação da cratera, precipitando-se depois directamente sobre a orla. A baixa reflectância destes depósitos deve-se provavelmente à presença de elevadas quantidades de vidros vulcânicos, formados pela rápida solidificação da rocha fundida.

O facto destes padrões se encontrarem tão bem preservados sugere que este impacto deverá ter ocorrido num passado muito recente. Com cerca de 1400 metros de diâmetro, Chappy tem um tamanho ligeiramente superior ao da cratera Barringer, nos Estados Unidos – uma estrutura formada há aproximadamente 50 mil anos. Crateras com estas dimensões formam-se geralmente na Terra e na Lua a cada 100 mil anos, pelo que é possível que Chappy seja ainda mais recente que a cratera Barringer.

2 comentários

    • Dinis Ribeiro on 01/05/2016 at 04:28
    • Responder

    A imagem lembra um pouco (a nível visual – os redemoinhos parecem pétalas) este outro fenómeno:

    https://en.wikipedia.org/wiki/Lunar_swirls

    Every swirl has an associated magnetic anomaly, but not every magnetic anomaly has an identifiable swirl.

    http://pt.bab.la/dicionario/ingles-portugues/swirl

    Gostava de saber mais sobre as anomalias magnéticas lunares… algumas sugestões?

    Para já, encontrei isto: http://www.ipo.titech.ac.jp/tirop/docs/17%20Arianna%20Sorba.pdf

    1. Olá Dinis,

      Sugiro-lhe dois artigos do astroPT, um sobre os lunar swirls e outro com uma possível explicação para a atual distribuição das anomalias magnéticas da Lua:
      http://www.astropt.org/2011/10/29/o-estranho-caso-dos-redemoinhos-lunares/
      http://www.astropt.org/2012/03/18/estara-o-impacto-de-um-asteroide-na-origem-das-anomalias-magneticas-da-lua/
      🙂

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