A memória da água

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O médico Luis Carvalho Rodrigues escreveu um excelente artigo sobre a história da homeopatia e explanou algumas das irracionalidades, das imbecilidades de pensamento, da homeopatia.

Leiam o artigo, aqui.

Após reconhecer o enorme contributo médico do “inventor” da homeopatia, o autor passou a analisar esta prática. Sublinho estas frases:

“As verdades da ciência são precárias por definição. Devem ser continuamente questionadas e revistas em função de novos factos e hipóteses. A homeopatia recusou integrar essa dinâmica e, ao fazê-lo, colocou-se fora da ciência.”

“Hahnemann especificou a diluição-padrão em livro publicado em 1811: 1 parte em 100, repetida 30 vezes. Ora uma gota diluída em 99 gotas de água, 30 vezes seguidas, é uma parte em 10030: corresponde a uma gota de substância diluída numa esfera de água com o diâmetro igual à distância que vai da Terra ao Sol. (…) qual foi a resposta dos homeopatas quando os progressos da química tornaram evidente este absurdo? Que a água guardava a “memória” da substância. (…) O método consiste em bater dez vezes, com o frasco onde se realiza a diluição, numa superfície “firme mas elástica”.”

“A homeopatia não é uma ciência. É uma fé.”

Nos comentários, existe o costume: os “achadores”, crentes fundamentalistas em qualquer treta que lhes vendam, assumem que sabem mais de medicina que os médicos. Mesmo existindo médicos nos comentários a mostrar-lhes que estão errados, mesmo assim os ignorantes são arrogantes ao ponto de pensar que as suas opiniões são mais importantes que o conhecimento dos especialistas.

Felizmente, também há bons comentários, e não só os de médicos.
Sublinho o texto do comentador Miguel Gentil Gomes, que reproduzo aqui em parte (edição minha):

“É sempre um prazer ler os textos do Dr. Carvalho Rodrigues, sobretudo quando aborda a cretinice da pseudo-ciência.
E também não deixa de ser educativo ler alguns dos comentários subsequentes.
De facto, não importa quão cretina e potencialmente perigosa seja determinada crença (…), sempre haverá idiotas úteis para a defender (…), por mais evidências que em contrário existam.
(…)
Quando usada em substituição de tratamentos convencionais a homeopatia deixa os domínios da crendice pateta e passa a ser nefasta, dado que impõe o custo do paciente perder a oportunidade de ser cientificamente tratado.
Se bem que, diga-se em abono da verdade, há uma condição para a qual a homeopatia produz resultados inquestionáveis.
Chama-se sede. A cura é sempre garantida, e independente da diluição.”

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