Será que os astrônomos detectaram a aniquilação de Matéria Escura?

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Vivemos numa época espetacular para a astrofísica. Existem descobertas fantásticas como os exoplanetas, as ondas gravitacionais a partir da fusão de buracos negros, a aceleração cósmica, entre outras. Mas talvez nenhuma outra descoberta tem sido mais esperada, misteriosa e desafiadora do que a maior parte da matéria do universo conhecido que não pode ser observada diretamente. Essa matéria é chamada de matéria escura, e a sua natureza é desconhecida, pelo menos, por enquanto. De acordo com os últimos resultados do satélite Planck, somente 4.9% da matéria do universo é feita de matéria ordinária. O resto é matéria escura, e só é detectada por meio da sua influência gravitacional em matéria normal, como as estrelas. A energia escura é um constituinte separado.

Entender essa misteriosa substância é um dos principais objetivos da astrofísica moderna. Alguns astrônomos especulam que a matéria escura pode ter outra propriedade além da gravidade em comum com a matéria ordinária: ela pode ser de dois tipos, a matéria e a anti-matéria, que são aniquiladas e emitem radiação de alta energia quando entram em contato. A principal classe de partículas nessa categoria são chamadas de Weakly Interacting Massive Particles, as WIMPs. Se a aniquilação da matéria escura ocorre, as opções para a natureza teórica da matéria escura podem ser estreitadas.

O astrônomo Doug Finkbeiner e a sua equipa, dizem que identificaram uma assinatura da aniquilação da matéria escura. Eles estudaram a distribuição espacial da emissão de raios-gama na Via Láctea, em particular uma emissão de raios-gama vinda da região central da galáxia. Essa região é relativamente próxima de nós e tem uma alta densidade de matéria (e nominalmente uma alta densidade de matéria escura também). Se a aniquilação da matéria escura ocorrer, o local onde esse fenômeno acontece deve emitir raios gama brilhantes. De facto, uma grande assinatura de raios-gama foi vista nessa área se estendendo por centenas de anos-luz (existia também uma emissão mais fraca se estendendo por milhares de anos-luz).

Existem outras possíveis explicações, contudo, sendo a mais notável que os raios-gama resultariam de uma grande população de pulsares girando rapidamente.

Os cientistas revisitaram o conjunto de observações anteriormente publicadas de raios-gama, aplicando métodos cuidadosos de processamento de dados, para restringir mais precisamente a localização da emissão, e eles fizeram isso para cada regime de energia observado das emissões de raios-gama. Os pulsares têm uma distribuição espacial específica: eles estão localizados onde as estrelas são encontradas, predominantemente no plano da galáxia. A equipa foi capaz de mostrar com alto grau de fiabilidade que a distribuição da emissão de raios-gama se ajusta bem com as previsões da aniquilação da matéria escura, mas é menos consistente com a explicação dos pulsares. Seus resultados, se confirmados, serão realmente impressionantes, e permitirão um melhor entendimento da natureza da matéria escura, o constituinte dominante do cosmos.

Fonte: Astronomy Now

1 comentário

  1. Muito bom

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