Há ano e meio, saiu uma notícia sobre a estrela HL Tauri, em que o ALMA tinha feito uma imagem espetacular do disco de poeira ao redor da estrela, mostrando gaps, ou vazios, que poderiam estar relacionados com a presença de planetas recém-formados. Leia aqui e aqui.
Porém, os astrônomos não tinham chegado a uma resposta definitiva sobre o que eram os gaps no disco de poeira. Muitos pensavam que poderiam ser marcas da formação de planetas; porém outros contestavam essa hipótese, principalmente pelo facto da HL Tauri ser uma estrela muito jovem, com cerca de um milhão de anos, e por isso alguns astrônomos pensavam que seria necessário pelo menos 10 milhões de anos para a formação de planetas.
Esses astrônomos sugeriram outros processos para a formação dos gaps, como a mudança no tamanho da poeira, por meio da aglutinação ou da destruição, ou até mesmo pela formação da poeira, pelo congelamento das moléculas de gás.
Qual hipótese está correta? A formação de planetas, ou a mudança na poeira?
Os astrônomos então foram adquirir novos dados; dessa vez, os astrônomos focaram-se na análise do gás ao redor da estrela para entenderem a natureza do disco.
A ideia deles era a seguinte: se os gaps no disco de poeira fossem provocados pela variação na propriedade da poeira, isso não afetaria o gás diretamente; já se os gaps fossem formados pela gravidade de planetas em formação, isso afetaria o gás, criando gaps no gás também.
Utilizando os dados públicos do ALMA de 2014 a equipa de astrônomos extraiu as emissões de moléculas de gás e utilizou uma nova técnica de processamento dos dados.
Aliando o processamento dos dados com as novas informações extraídas, eles chegaram à conclusão de que existem também gaps no disco de gás, e esses gaps coincidem com os do disco de poeira.
Isso suporta a ideia de que esses espaços vazios no disco são as marcas deixadas pela formação de planetas. E já que os vazios tanto no disco de poeira como no disco de gás se ajustam tão bem, isso desfavorece muito a ideia de uma variação somente na poeira.
A HL Tauri possui dois gaps no seu disco: um mais interno e outro mais externo.
O mais interno provavelmente se deve à formação de um planeta com uma massa equivalente a 0.8 vezes a massa de Júpiter.
Enquanto que o gap externo pode ser que exista devido à formação de um planeta com uma massa equivalente a 2.1 vezes a massa de Júpiter. Porém os resultados para esse disco mais externo são muito incertos, e novas informações serão necessárias para que se possa ter certeza do que está acontecendo ali.
Por enquanto, uma conclusão importante dessa pesquisa é que de acordo com os dados, a formação de planetas parece acontecer bem antes do que eram previstos nos modelos anteriores. Com mais dados sobre esse tipo de disco e sobre esses gaps, talvez os modelos precisem ser reescritos, para melhor representarem a formação de planetas.
Fonte: ALMA Observatory
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