Vênus é um planeta parecido com a Terra, por exemplo em tamanho e gravidade, além de existirem evidências de que Vênus teve oceanos num passado distante.
Contudo, algumas diferenças marcantes existem entre os dois planetas, como por exemplo: a temperatura na superfície de Vênus é de cerca 460 graus Celsius, ou seja, qualquer oceano que existisse lá atualmente seria totalmente evaporado. Além disso, a atmosfera de Vênus é cerca de 100 vezes mais densa que a da Terra, e tem entre 10000 e 100000 vezes menos água na atmosfera (vapor de água) que a Terra.
O que aconteceu em Vênus para que ele perdesse toda essa água? Será que foi o vento solar como em Marte, já que Vênus está mais perto do Sol e poderia sofrer mais com isso?
Como todo o planeta tem um campo gravitacional, pensa-se que todo o planeta, ou outro objeto que tenha uma atmosfera, seja também circundado por um campo elétrico. Enquanto a força da gravidade tenta manter a atmosfera no planeta, a força elétrica tenta empurrar a atmosfera para o espaço.
Normalmente nos planetas essa força elétrica não é muito forte, mas no planeta Vênus é diferente.
Os cientistas usaram medidas feitas com a sonda Venus Express da ESA para medir e monitorar o fluxo de elétrons da atmosfera superior, e notaram que eles escapavam com velocidades muito mais altas do que eram esperadas. Os cientistas perceberam que esses elétrons estavam sendo influenciados pelo potente campo elétrico de Vênus. Medindo essa mudança na velocidade foi possível medir a intensidade do campo elétrico que é, no mínimo, 5 vezes mais potente que o da Terra.
Por que o campo elétrico de Vênus é tão mais forte que o da Terra ainda é um mistério para os cientistas, mas eles pensam que seja por Vênus estar bem mais perto do Sol, do que a Terra e por isso recebe duas vezes mais luz solar ultravioleta.
Esse estudo é muito importante, pois com ele os astrônomos poderão entender melhor alguns mundos do Sistema Solar.
Um deles é Titã, que também tem uma atmosfera espessa e também apresenta um escape de elétrons; claro que é bem menor do que em Vênus, pois está bem mais longe.
Outro mundo é Marte. A ideia é entender qual o papel do campo elétrico na perda da água e da atmosfera espessa de Marte. A sonda MAVEN está em Marte tentando resolver também essa questão.
Além disso, considerar o campo elétrico também ajudará os astrônomos a estimarem da melhor forma possível o tamanho e a localização da zona habitável das estrelas. Isso irá depender da quantidade de energia ultravioleta que as estrelas emitem, criando ventos elétricos mais e menos intensos, podendo estreitar ou alargar a zona habitável ao seu redor.
Fonte: NASA
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