Continuamos a explorar os grupos que veem o mundo de uma forma deturpada.
Hoje vamos ver o 2º grupo: os pseudocientistas, que são apenas vendedores de charlatanice, que misturam ideias e conceitos científicos, juntam alucinogénicos, uma pitada de delírio e colocam na bimby. Quando sai, levam ao forno. Após 2 minutos no forno tiram a massa e mostram às pessoas. Nota muito importante: nunca tiram a massa da forma porque ela desfaz-se, uma vez que não foi construída de acordo com as regras científicas.
São pessoas que dizem que o natural é que é bom, mas desconhecem que os elementos da tabela periódica são naturais, falam de quântica e de energia mas nunca estudaram física. Baseiam-se em artigos que, quando vamos ver, afinal são posts em blogs new age. Afirmam que um medicamento homeopático é bom, mas desconhecem como é fabricado. Quando confrontados com um copo de leite com um pingo de café reclamam que não tem café, mas afirmam que 0 moléculas de um composto activo em 1 litro de água tem um efeito avassalador sobre o organismo.
Lutar contra as afirmações deste grupo torna-se frustrante uma vez que utilizam diversos argumentos falaciosos.
Um deles é o de que nós – os que criticam as terapias naturais – temos algum contrato com as farmacêuticas. Esta é, obviamente uma afirmação sem validade uma vez que não existe qualquer evidência que a valide; apenas é uma afirmação de escape, ou fuga em frente. Não precisamos de provar que não temos qualquer contrato com a indústria farmacêutica, pois isso seria uma inversão do ónus da prova. Além disso, os produtos naturais vendidos em farmácias são vendidos por farmacêuticas.
Melhor do que criticar com conhecimento científico é aprender a terapia, saber os conceitos e comparar com a ciência. Ou simplesmente testar esses mesmos conceitos.
Recentemente inscrevi-me num grupo de Homeopatia, para questionar e aprender.
Duvido que as pessoas responsáveis por clínicas homeopáticas e outras aldrabices saibam como são fabricados os produtos que vendem. Para testar, criei uma teoria com uma suposta explicação científica para justificar os alegados resultados dos medicamentos homeopáticos:
“Já li que a homeopatia baseia-se na memória da água, ainda que hajam cientistas que defendam que isso é mentira. Nunca ouvi nenhuma explicação dos especialistas em homeopatia acerca desta memória. Após ler e ouvir especialistas juntei a informação adquirida e exponho aqui uma explicação que gostaria que me dessem a vossa opinião.
Na diluição inicial colocamos 1 gota de medicamento e 99 gotas de água. Aqui a informação do medicamento está presente. Toda a gente já sabe que a informação também é radiação e, como tal, a informação da molécula do medicamento dilui-se sob a forma de radiação de informação. Também sabemos que os átomos têm orbitais, onde circulam os electrões. Como esses electrões ocupam o espaço, a informação do medicamento não consegue incorporar na molécula de água. Para que se incorpore é necessário que os átomos da água libertem espaço para a informação do medicamento se infiltrar nesse espaço. Para isso, bate-se com o frasco num pedaço de madeira para que os elementos das orbitais saltem e deixem vago o lugar para a informação do medicamento. E porquê madeira? Porque é absorvente de radiação. O metal emite radiação, por isso as antenas são de metal. Ao bater numa base de madeira não há risco de contaminação nem há risco de que a radiação proveniente do metal tire a informação do medicamento da água.
Gostaria que me dessem um feedback sobre esta visão da homeopatia, se estou certo e se há estudos que digam se é assim que funciona.”.
Uma das respostas foi a seguinte: “Essa sua informação bate com as aulas memórias quântica que comprova existência. Se a forma é essa não sei. Somente todos paciente que trata com homeopatia tem um equilíbrio energético com certeza”. Isto quer dizer que uma alarvidade inventada por mim prova uma mentira usada para vender. Mas isto já se esperava.
Não satisfeito com a resposta continuei: “Mas eu pretendo uma resposta definitiva. Alguém há de saber como funciona. Alguém deve ter estudado os mecanismos para poder validar os resultados. Certo?”
A resposta veio de outra pessoa que disse que é preferível acreditar em algo sem evidências: “ha muitas duvidas na homeopatia. Ha muitos pesquisadores experientes buscando respostas. Nao tem que bater em madeira. Eu nao faço isto. Prefiro “homeopatia, não acredite. Experimente”. Assim talvez voce possa aceitar tantas perguntas ainda sem respostas”
Obviamente continuo a buscar as respostas: “como posso eu dizer que a homeopatia funciona se o seu principal efeito não está validado? Como explico a memoria da água aos clientes exigentes se não tenho uma resposta explicativa sobre essa memória”
Atenção aos mais sensíveis: segue-se uma resposta vaga: “Observe, observe, estude, estude. E aguarde. Muitos estudam e pesquisam. Deixe a agua para la. Sim, o efeito se propaga pela agua mas ainda nao se sabe exatamente como. A agua é uma substancia fascinante.”
As outras poucas respostas que obtive foram alguns “likes” e respostas sob a forma de links para cursos, o que revela que as pessoas ligadas ao estudo da Homeopatia gostaram da minha teoria, apesar de a ter inventado e de saber que não faz sentido à luz da ciência, o que prova que a homeopatia não é uma ciência.
Já que me mantenho nesse grupo, aproveito para fazer o meu trabalho de questionar o que lá é postado. Já vi curas de cancros com produtos sem nome, terapias quânticas, etc. Ao questionar, ninguém me consegue explicar como funcionam nem os conceitos. Felizmente acabam por apagar esses posts. Sinto-me uma espécie de anti-vírus.
1 ping
[…] Num dos posts anteriores relatei a abordagem que fiz a diversos homeopatas no sentido de saber o porquê das diluições e de bater 3 vezes numa madeira. Nenhum de soube explicar, alguns disseram que podia fazer desde que acreditasse, outros disseram que estava a questionar e isso era insultar. Enfim, penso que falta uma peça a muitas pessoas que praticam a homeopatia: saber o que é, de facto a homeopatia, de onde vem, quais os pressupostos e quais as evidências. […]