Quando se trabalha com astronomia, geofísica, geologia, ou muitas outras ciências, normalmente não observamos diretamente aquilo que estudamos, e é isso que muitas vezes causa uma grande confusão na cabeça de algumas pessoas.
Como você pode saber o que existe a 5, 10, 15 km de profundidade, se você não fura um poço ou não vai lá para ver?
Para isso é que existe a geofísica e outros métodos.
Conseguimos fazer medidas das propriedades físicas do objeto que estamos observando e a partir dessas medidas conseguimos estimar o que existe, com um grau de certeza muito bom.
Isso na Terra funciona bem, mas será que funciona também para outros objetos, por exemplo, no Sistema Solar?
Funciona sim e é isso que um novo estudo, feito com dados da sonda Dawn e publicado na revista Nature, mostra.
Os cientistas usaram os dados da sonda Dawn, que possui instrumentos para medir o campo de gravidade de Ceres, para inferirem como é o interior do planeta-anão.
Basicamente, as variações na gravidade estão relacionadas com as variações na densidade das rochas localizadas na subsuperfície. Assim, medindo como a gravidade varia de um ponto para outro, podemos entender como a densidade varia de um lugar para outro.
Dessa maneira, esse estudo mostrou que Ceres está em equilíbrio hidrostático, ou seja, o seu interior é fraco o suficiente para que a sua forma seja governada pela sua rotação. Na verdade, estar em equilíbrio hidrostático é muito importante e é um dos critérios usados para classificar os objetos no sistema solar. Anteriormente Ceres era classificado como asteroide, mas depois da sugestão do equilíbrio hidrostático ele foi reclassificado para planeta-anão.
Os dados da sonda Dawn indicam que Ceres é constituído por camadas distintas com diferentes profundidades e com a camada mais densa sendo o núcleo.
Ceres é menos denso que a Terra, que a Lua, que Vesta, e que outros corpos no Sistema Solar.
A diferenciação das camadas em Ceres, embora exista, não é tão marcada como na Terra ou em outros corpos do Sistema Solar. Mas essa diferenciação existe.
Os cientistas descobriram também que em Ceres, as grandes elevações deslocam massa no interior do planeta.
Na Terra, esse fenômeno se chama isostasia, e é a primeira vez que é confirmado em Ceres.
O estudo da gravidade de um objeto como Ceres, permite que os cientistas possam reconstruir a história do planeta-anão.
A conclusão que os cientistas chegaram é que Ceres deve ter tido uma história térmica complexa e isso é fundamental para definir suas características atuais.
Fonte: NASA
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