Os extremos do Sistema Solar: formações geológicas

Enquanto a maioria das histórias de ficção científica explora mundos imaginários para além do Sistema Solar, aqui em nosso quintal cósmico passam desapercebidos inúmeros lugares tão ou mais incríveis para se ver.

Aqui faremos um safári nos domínios do Sol, visitando os extremos e recordes dos mundos mais dinâmicos e exóticos, onde a realidade supera a ficção. Veremos cânions que parecem infinitos, vulcões colossais, tempestades que parecem apocalípticas, entre outros cenários inacreditáveis, para além da imaginação, numa série de artigos que listam os recordes e extremos do Sistema Solar.

cordilheira-dos-andes-turismoMaior Cordilheira: Andes, Terra

A gigantesca cadeia de montanhas que atravessa a América do Sul é a maior do mundo, superando os Himalaias.

Ela se estende por mais de 7 mil quilômetros, supera 200 quilômetros nas partes mais largas, e suas montanhas têm uma altitude média de 4 quilômetros – o ponto mais elevado é o monte Aconcágua, com quase 7 quilômetros de altitude.

A Cordilheira dos Andes é jovem em termos geológicos; se formou há alguns milhões de anos atrás, quando as placas tectônicas de Nazca e a Sul-Americana colidiram.

Observações: Se a definição de uma cadeia de montanhas incluir as formações submarinas, no entanto, a dorsal meso-oceânica é um sistema de montanhas contínuo muito mais longo que os Andes, com uma extensão de 65.000 km. Cordilheiras são um pouco mais raras em outros mundos e luas – onde montanhas isoladas ou oriundas de impactos são mais comuns. Entretanto, há exemplos na Lua, em Io (lua de Júpiter), Titã e Iapetus (luas de Saturno), e nos planetas Vênus, Marte e Plutão.

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_mountain_ranges

https://en.wikipedia.org/wiki/Andes

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/dorsal-oceanica.htm


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Maior Cânion: Valles Marineris, Marte

Para se sentir realmente perdido em Marte, essa é a região certa. Ao longo do equador marciano, o maior cânion do Sistema Solar tem vertiginosos sete mil metros de profundidade, duzentos quilômetros de largura e quatro mil quilômetros de extensão.

Sendo considerado um grande vale sísmico, Marineris tem sua formação ligada à da cordilheira gigante da região de Tharsis: um platô vulcânico que sedia também o próximo recorde do Sistema Solar.

https://en.wikipedia.org/wiki/Valles_Marineris


Maior Vulcão: Olympus Mons, MarteOlympus-mons

Uma caldeira colossal que pode ser tão antiga quanto os primeiros tempos da formação do planeta, o Monte Olimpo (Olympus Mons) é um vulcão inativo que se ergue 27 quilômetros acima do nível médio da superfície marciana – três vezes mais alto que o Monte Everest, no Nepal, montanha mais alta da Terra. Porém, devido à sua base extremamente larga – 600 km de diâmetro –  torna-se uma escalada relativamente fácil devido ao declive suave.

De acordo com informações obtidas pelas sondas em órbita, a última atividade parece ter sido há 115 milhões de anos. Por ser muito recente em termos geológicos, isso sugere que a caldeira ainda pode voltar à atividade em algum momento.

https://en.wikipedia.org/wiki/Olympus_Mons


marsborealis_basinMaior Cratera de Impacto:  North Polar Basin, Marte

A Bacia Boreal, ou Bacia Polar Norte, é uma cratera de impacto com cerca de 10 mil por 8,5 mil quilômetros, cobrindo assim cerca de 40% da superfície do Planeta. É uma cratera relativamente plana, praticamente sem crateras em seu interior, o que indica que pode ter sido formada por um único e grande impacto.

As feições do passado dramático da superfície de Marte são muito relacionadas entre si – e tal qual a formação do Vale Marineris está associada à das montanhas do platô Tharsis, onde fica o Monte Olimpo. Este platô foi formado ao longo da borda da Bacia Boreal, e seu material vulcânico a obscureceu parcialmente.

https://en.wikipedia.org/wiki/North_Polar_Basin_(Mars)


vesta_sp_colorcodedview_lMaior Montanha: Pico Central de Rheasilvia, Vesta

É justamente num pequeno mundo, a maior montanha do Sistema Solar. No planetoide-protoplaneta Vesta, o pico central da imensa cratera de impacto Rheasilvia que deforma o pequeno planeta, tem 22 quilômetros de altura, e 180 quilômetros de largura.

Estima-se que na cratera, que tem mais de 500 km de diâmetro ou 90% do diâmetro de Vesta, o seu enorme cume central teria se formado há um bilhão de anos atrás, de um grande impacto com outro objeto que fez com que o planeta perdesse 1% de seu volume no passado e dado origem a uma família colisional de asteroides. Um meteoroide que caiu na Terra é membro dessa classe de objetos – um autêntico pedaço de Vesta na Terra.

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_tallest_mountains_in_the_Solar_System


605675_A-scene-on-Jupiters-moon-Io-the-most-volcanic-body-in-the-solar-systemMaior Atividade Vulcânica: Io

Desta vez o recorde não é apenas uma feição geológica, mas um mundo inteiro. Trata-se do satélite galileano de Júpiter, Io: o objeto mais ativo do sistema solar em termos geológicos. Io tem centenas de vulcões ativos, e mais de cem podem entrar em atividade ao mesmo tempo. Formam plumas de enxofre que se elevam a 500 quilômetros de altura, e mancham a superfície com lagos de lava e planícies aluviais de rocha líquida. A temperatura ambiente é 130 graus negativos, que saltam para até 1.700 positivos durante erupções vulcânicas.

Toda essa atividade é provocada por um efeito de maré intenso da gravidade de Júpiter associada com a gravidade de luas exteriores à órbita de Io, sendo elas Europa e Ganimedes. As constantes tensões afetam a geologia planetária, formam montanhas e o material ejetado encobre feições antigas.

https://en.wikipedia.org/wiki/Io_(moon)


Miranda_scarpMaior Penhasco: Verona Rupes, Miranda

Outro pequeno mundo com grandes feições, Miranda é uma pequena lua do Planeta Urano, extremamente acidentada. Lá, a grande depressão Verona Rupes tem de 5 a 10 quilômetros de profundidade, superando de 4 a 8 vezes a queda do Monte Thor no Canadá, o maior penhasco da Terra.

A origem do Verona Rupes pode estar relacionada tanto a um impacto quanto a um rompimento da crosta do satélite.

Esse penhasco é simulado no curta “Errantes (Wanderers) – link abaixo”: Um salto nesse abismo, considerando a pequena gravidade de Miranda, seria uma queda de pelo menos 12 minutos – e no final da qual a aterrissagem seria relativamente tranquila, desde que usando um meio pra desacelerar, como um dispositivo individual de propulsão a jato.

Imagem do curta "Wanderers": astronautas na borda do penhasco Verona Rupes, em Miranda, lua de Urano

Imagem do curta “Wanderers”: astronautas na borda do penhasco Verona Rupes, em Miranda, lua de Urano

Imagem do curta "Wanderers": astronauta salta do penhasco Verona Rupes, em Miranda, lua de Urano. A queda deve levar cerca de 12 minutos, devido à baixa gravidade

Imagem do curta “Wanderers”: astronauta salta do penhasco Verona Rupes, em Miranda, lua de Urano. A queda deve levar cerca de 12 minutos, devido à baixa gravidade

https://en.wikipedia.org/wiki/Verona_Rupes

http://www.erikwernquist.com/wanderers/gallery_verona_rupes.html


Agradecimento: Núrya Ramos (revisão gramatical e apoio)

3 comentários

  1. Eu acho que ainda encontraremos um vulcão maior que o de Marte e ele ainda estará ativo.
    E se encontraria bem abaixo da grande mancha vermelha de Jupter

    1. Bom dia, Arnaldo.
      Em Júpiter acho meio difícil encontrar algo análogo a vulcão… É um planeta gasoso gigante. Abaixo da atmosfera os gases vão se tornando cada vez mais densos, até entrar em estado líquido, no manto, e líquido metálico, no manto interno. A natureza desses planetas gigantes é completamente alienígena. A Terra tem um supervulcão que faz frente ao Monte Olimpo marciano, é o Tamu Massif, submerso no pacífico. Obviamente também está inativo, e pra nossa saúde é melhor que continue assim…

      Abraço

      1. Mas acho que seja possível sim, um vulcão pode ser feito de qualquer coisa, a única coisa necessária para ele existir são diferenças de pressão e calor.
        Então diferenças de materiais que aqui são gases e lá podem ser sólidos mais ou menos viscosos podem resultar nisso.

        Mas ontem tive uma ideia que acho que pode ser uma boa para descobrirmos a estrutura interna de Jupter.

        Duas naves, uma direcionando um lazer potentíssimo na direção da outra.
        Elas orbitariam sincronizadas.
        O lazer seria direcionado para dentro da atmosfera a certa altura, passaria por dentre a atmosfera de jupter e seria detectado na outra nave.
        A quantidade de interferências no lazer, iria dar resultado a densidade do material que o lazer estaria atravessando.

        E quando estivesse mais fundo e alcançasse algo sólido o lazer deixaria de ser detectado na outra nave.
        Aí então poderíamos traçar os limites da área sólida.

        Com o tempo, poderíamos delimitar todas as diferenças de densidades e derivando disso a composição da atmosfera e depois ainda toda área que é sólida.

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